Construídos precisamente para serem a última linha de proteção para cidades históricas e seus povos, enormes muros de pedra são sentinelas silenciosas de uma era passada.
Salvador se estende ao longo de um promontório costeiro, onde os contornos ondulados de suas colinas descem abruptamente para a Baía de Todos os Santos. Fundada em 1549 por Tomé de Sousa como sede do Governo Geral Português do Brasil, foi a primeira capital do Brasil Colônia. Ao longo de quase cinco séculos, manteve uma identidade multifacetada — centro administrativo colonial, polo de comércio atlântico, centro da cultura afro-brasileira e, nas últimas décadas, uma metrópole dinâmica com mais de 2,4 milhões de habitantes.
O local escolhido por Tomé de Sousa combinava acesso marítimo estratégico com capacidade de defesa. Os planejadores portugueses impuseram um traçado de dois níveis na íngreme escarpa: a Cidade Alta abrigava o palácio do governador, as principais igrejas e os escritórios administrativos; a Cidade Baixa agrupava-se em torno do porto e dos mercados. Com o tempo, avenidas esculpidas nos vales adjacentes suavizaram essa divisão acentuada, mas vestígios do plano original perduram na topografia dramática da cidade. Ao longo do período colonial, Salvador manteve laços comerciais estreitos com Portugal e suas colônias africanas e asiáticas, circulando açúcar, escravos e produtos manufaturados através do mundo atlântico. Em 1763, a sede da autoridade imperial mudou-se para o sul, para o Rio de Janeiro, mas a posição de Salvador como capital regional permaneceu intacta.
Salvador ocupa uma península delimitada pela Baía de Todos os Santos a oeste e pelo Oceano Atlântico a leste, abrangendo cerca de 692 quilômetros quadrados. O núcleo urbano se eleva do nível do mar até quase cem metros no planalto da Cidade Alta. Ao longo da costa, oitenta quilômetros de litoral alternam-se entre enseadas abrigadas e praias castigadas pelo surfe. Na Cidade Baixa, águas calmas banham as areias da baía; acima, uma série de enseadas voltadas para o Atlântico — Farol da Barra, Porto da Barra, Flamengo — oferecem ondas mais profundas e, em alguns lugares, piscinas naturais de recifes. Além da cidade propriamente dita, a extensão metropolitana da "Grande Salvador" se estendia a quase quatro milhões de habitantes em 2020, envolvendo municípios suburbanos como Lauro de Freitas e Camaçari em um tecido urbano contínuo.
O Pelourinho, o centro histórico inserido no Patrimônio Mundial da UNESCO, designado em 1985, preserva uma sequência de fachadas coloniais, igrejas barrocas e praças públicas que datam do século XVII em diante. Suas vielas estreitas — ladeadas por residências pintadas em tons pastéis, portas de madeira entalhada e varandas de ferro forjado — preservam o padrão traçado pela primeira vez sob o domínio português. Mesmo com a ascensão de prédios comerciais contemporâneos nas proximidades, os paralelepípedos e telhados de telha do Pelourinho relembram épocas sucessivas de construção, abandono e reforma. Igrejas como a de São Francisco, com seu interior dourado, e a Catedral de Salvador testemunham as ordens religiosas que outrora moldaram tanto a vida sagrada quanto a social.
Salvador é o berço das tradições afro-brasileiras. Os africanos escravizados trazidos para a cidade no início do período colonial deixaram uma marca indelével na culinária, nas práticas religiosas e nos ritmos. Os terreiros de candomblé pontilham a paisagem urbana, homenageando divindades cujas cerimônias incluem cantos, tambores e danças de inconfundível vitalidade. O Carnaval de Salvador supera até mesmo o do Rio em termos de procissão de rua: durante semanas a cada ano, milhões de pessoas participam de trios elétricos e blocos, acompanhando bandas de metais que percorrem as principais avenidas. Em 2017, a UNESCO incluiu Salvador em sua Rede de Cidades Criativas como a única "Cidade da Música" do Brasil, reconhecendo a influência global da cidade no samba-reggae, no axé e em outros gêneros nascidos aqui.
Em 2020, Salvador foi classificada como a cidade mais populosa do Nordeste brasileiro e a quinta maior do país, com pouco mais de 2,4 milhões de habitantes. As mulheres representavam 53,3% da população; os homens, 46,7%. Dados do censo registraram quase meio milhão de casais heterossexuais, além de mais de 1.500 domicílios do mesmo sexo, ressaltando a evolução dos costumes sociais. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade forma o núcleo da sétima maior região metropolitana do Brasil e a segunda do Nordeste. Internacionalmente, a Rede de Pesquisa sobre Globalização e Cidades do Mundo classificou Salvador como uma cidade global com nível de "suficiência" em 2014 e 2020, enquanto a consultoria Kearney a incluiu nas pesquisas anuais sobre cidades globais de 2018 e 2020.
Salvador funciona como o motor econômico da Bahia, com seu porto movimentando petroquímicos, exportações agrícolas e tráfego de contêineres. As sedes regionais da Novonor, Braskem, Neoenergy Coelba e Suzano Papel e Celulose atestam sua base industrial. Na década de 2000, sediou o 12º Congresso das Nações Unidas sobre Prevenção ao Crime e Justiça Criminal, o Campeonato Pan-Americano de Judô, jogos da Copa das Confederações de 2013 e da Copa do Mundo de 2014 e, em 2016, jogos do futebol feminino durante as Olimpíadas de Verão. A expansão planejada inclui uma fábrica de montagem da JAC Motors na vizinha Camaçari — projetada para empregar 3.500 trabalhadores diretamente — bem como maiores investimentos em produção petroquímica e logística.
O clima de Salvador segue o padrão Köppen Af — floresta tropical úmida de ventos alísios —, marcado por temperaturas estáveis e umidade pronunciada. As médias anuais oscilam em uma faixa estreita em torno de 26 °C. A precipitação se concentra de abril a junho, com chuvas frequentemente excedendo 200 milímetros por mês, enquanto dezembro e janeiro apresentam uma relativa calmaria, com menos de 100 milímetros por mês. Essa consistência equatorial molda a vida cotidiana: o calor e a precipitação guiam os ritmos das feiras livres, das visitas às praias e das festas religiosas.
O turismo ocupa o segundo lugar nacionalmente, atrás apenas do Rio, e se baseia em patrimônio histórico, praias e espetáculos culturais. As vielas estreitas do Pelourinho oferecem caminhadas guiadas, demonstrações de capoeira e passeios arquitetônicos, enquanto a orla oferece uma variedade de restaurantes de frutos do mar e barracas de artesanato. Além da cidade, opções de passeios de um dia incluem a Ilha de Itaparica, do outro lado da baía, acessível por balsa, e o Morro de São Paulo, na Ilha de Tinharé, acessível por lancha rápida ou voo regional. O trecho arborizado da rodovia BA-099, apelidado de "Linha do Coco", conecta uma série de praias do Atlântico em direção ao norte, em direção a Sergipe.
Salvador também preserva quatro parques principais. O Jardim dos Namorados e o adjacente Parque Costa Azul ocupam quinze hectares na Pituba, com um anfiteatro, playgrounds e quadras esportivas. O Parque da Cidade, reformado em 2001, destaca a Praça das Flores, com mais de cinco mil exemplares ornamentais. O Parque Ecológico de Pituaçu abrange 450 hectares de Mata Atlântica, circundando um lago artificial criado em 1906; sua ciclovia de 38 quilômetros e o Museu Cravo ao ar livre — uma exposição de totens e esculturas de Mário Cravo — oferecem um refúgio urbano.
A gastronomia local, rica em frutos do mar e ingredientes da África Ocidental, continua entre as mais distintas do Brasil. Azeite de dendê e leite de coco compõem pratos como moqueca baiana e bobó-de-camarão; acarajé e abará, bolinhos friáveis de massa de feijão-fradinho, também são oferendas rituais em cerimônias de candomblé. Mercados como São Joaquim e Sete Portas preservam costumes culinários de longa data — mocotós às sextas-feiras à noite, caldeiradas de siri, tacinhas de ostra servidas em barracas à beira-mar. Calçadões e restaurantes do Pelourinho servem doces de vatapá, caruru e cocada, feitos com melaço de cana-de-açúcar e coco ralado. A culinária brasileira, tanto internacional quanto regional, também prospera, com especialidades mineiras encontradas perto do centro histórico.
O Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães fica a 28 quilômetros ao norte do centro, com seu terminal de passageiros entrelaçado entre dunas de areia e vegetação baixa — uma rota amplamente celebrada por seus panoramas costeiros. A expansão urbana ultrapassou as fortificações originais; as muralhas do século XVIII agora dão lugar a aglomerados de bairros dos séculos XX e XXI. Hoje, Salvador é dividida administrativamente em dezessete zonas, cada uma abrangendo vários bairros cujos nomes vernaculares persistem em endereços postais. Empreendimentos modernos de arranha-céus — residenciais e comerciais — erguem-se ao lado de casas coloniais restauradas, refletindo uma cidade em constante negociação entre passado e presente.
A complexa estratificação de Salvador — fundamentos coloniais, vitalidade da diáspora africana, aspirações modernas — confere-lhe uma ressonância singular. Encontra-se aqui um diálogo duradouro entre ondas e pedras, tradição e transformação, cujo ritmo ecoa não apenas em suas ruas e praias, mas também no coração de seu povo.
Moeda
Fundada
Código de chamada
População
Área
Língua oficial
Elevação
Fuso horário
Construídos precisamente para serem a última linha de proteção para cidades históricas e seus povos, enormes muros de pedra são sentinelas silenciosas de uma era passada.
A Grécia é um destino popular para aqueles que buscam férias de praia mais liberadas, graças à sua abundância de tesouros costeiros e locais históricos mundialmente famosos, fascinantes…
Examinando sua importância histórica, impacto cultural e apelo irresistível, o artigo explora os locais espirituais mais reverenciados ao redor do mundo. De edifícios antigos a incríveis…
Do espetáculo de samba do Rio à elegância mascarada de Veneza, explore 10 festivais únicos que mostram a criatividade humana, a diversidade cultural e o espírito universal de celebração. Descubra…
A França é reconhecida por seu significativo patrimônio cultural, culinária excepcional e paisagens deslumbrantes, tornando-se o país mais visitado do mundo. De ver o passado…