Enquanto muitas das cidades magníficas da Europa permanecem eclipsadas por suas contrapartes mais conhecidas, é um tesouro de cidades encantadas. Do apelo artístico…
Reims, uma cidade com 178.478 habitantes em 2022, ocupa uma área de 46,9 quilômetros quadrados às margens do rio Vesle, 129 quilômetros a nordeste de Paris. Situada no extremo norte da região de Champagne, serve como subprefeitura administrativa de Marne, na região de Grand Est. Amplamente reconhecida como o local tradicional de coroação dos monarcas franceses, Reims combina profundo significado histórico com a vibrante vida contemporânea. Seu tecido urbano é composto por fundações romanas, catedrais góticas, fachadas art déco e passagens subterrâneas de giz onde o champanhe amadurece, tudo convergindo para moldar uma cidade que é ao mesmo tempo um repositório da memória nacional e um centro vivo de inovação em viticultura e bioeconomia.
Desde seus primórdios sob o domínio gaulês, Reims tornou-se um importante assentamento romano, graças à sua localização estratégica no Vesle, um afluente do Aisne. À medida que o Império Romano se expandia para o norte, o anfiteatro, as termas e a rede viária da cidade consolidaram seu papel no comércio e na administração. Séculos depois, assumiu destaque singular no reino franco quando Clóvis I foi batizado nas proximidades em 496, um evento supostamente marcado por uma pomba entregando o santo crisma. Esse batismo estabeleceu o padrão para mais de um milênio de unções reais realizadas em sua catedral, conferindo à cidade o epíteto de la cité des sacres, "a Cidade da Coroação".
A Catedral de Notre-Dame de Reims representa o ápice da arquitetura gótica francesa. Suas abóbadas imponentes, rosáceas intrincadas e quase duas mil estátuas esculpidas atestam um artesanato incomparável na Idade Média. Em sua nave e coro, ecos das cerimônias carolíngias e capetianas perduram nos capitéis esculpidos e nos vitrais luminosos — alguns deles projetados por Chagall — que filtram a luz do norte em tons que lembram joias. Adjacentes a esta catedral, encontram-se o Palácio de Tau e a Abadia de Saint-Remi, formando um conjunto tombado como Patrimônio Mundial pela UNESCO, reconhecido em 1991 por sua excepcional herança românica e gótica.
Saint-Remi em si merece destaque por ser a maior igreja românica do norte da França. Fundada no século XI sobre a capela funerária de Saint-Remi, sua nave imponente e abside semicircular ressoam com solenidade. Próximo, o Museu Saint-Remi preserva um acervo notável que abrange o Paleolítico e a Idade Média: instrumentos galo-romanos, capitéis de mármore do século IV, tapeçarias doadas por Robert de Lenoncourt e uma exposição militar permanente que narra os desafios da cidade durante a guerra e sua recuperação triunfante.
A paleta arquitetônica de Reims estende-se pelos séculos XIX e XX, sob a orientação de Narcisse Brunette, arquiteto oficial da cidade por quase cinquenta anos. Sua composição clássica sóbria para o Manège e Circo de Reims contrasta moderadamente com a extravagante Igreja Protestante neogótica de Charles Letrosne e com as refinadas linhas art déco da Biblioteca Carnegie e de inúmeras fachadas privadas. A Capela Foujita, concluída em meados da década de 1960 com afrescos de Tsuguharu Foujita, introduz um toque moderno, mas mantém uma reverência solene que complementa as pedras antigas ao seu redor.
Um passeio pela Rue de Vesle, a principal artéria comercial da cidade, leva o visitante pela Place Royale até a Place Drouet d'Erlon, onde cafés, restaurantes e bares convergem em um ambiente descontraído. Aqui, especialidades regionais se misturam a opções internacionais: o delicado biscoito rosé de Reims, antigamente servido com champanhe, e o pão de mel local conhecido como nonnette. Vinhos e destilados fluem livremente das grandes marcas — casas de champanhe como Veuve Clicquot, Taittinger e Pommery — cujas sedes ficam abaixo da cidade. Suas adegas, formadas a partir de escavações de giz da era romana, oferecem degustações guiadas em galerias abobadadas, onde cada garrafa envelhece em um frescor quase constante.
Na superfície, Reims funciona como um dos principais polos de Champagne da Europa, compartilhando essa distinção com Épernay e Ay. A inovação em pesquisa bioeconômica agora se une ao cultivo da videira como um pilar fundamental da economia local. Inúmeras cavernas e túneis, alguns escavados na antiguidade, foram reaproveitados para estudos científicos da fermentação e da resiliência das culturas, reafirmando o compromisso da região com a produção sustentável e a exportação global.
Museus além de Saint-Remi celebram ainda mais a amplitude cultural de Reims. O Museu de Belas Artes, instalado na antiga Abadia de Saint-Denis, expõe obras do século XVI até os tempos modernos, enquanto o FRAC Champagne-Ardenne ocupa uma parte do antigo colégio jesuíta, exibindo arte contemporânea em diálogo com muros de pedra centenários. Entusiastas do automobilismo encontram fascínio no Museu Reims-Champagne, fundado por Philippe Charbonneaux em 1985, onde carros, motocicletas, brinquedos a pedal e placas de esmalte do início do século XX evocam a evolução da mobilidade e do design.
Os momentos mais pungentes da história vêm à tona no Museu da Rendição, o edifício onde o General Eisenhower recebeu a capitulação incondicional da Wehrmacht alemã em 7 de maio de 1945. Nesta modesta vila, mapas, documentos e relatos pessoais revivem o capítulo final da Segunda Guerra Mundial. Ao longo do calendário, a vida cultural se desenrola por meio de festivais e comemorações: o FARaway – Festival des Arts à Reims, em janeiro, traz apresentações de música, dança e teatro; em junho, as Fêtes Johanniques homenageiam a chegada de Joana d'Arc em 1429 e a entronização de Carlos VII; e, de agosto a setembro, projeções noturnas conhecidas como Regalia lançam interpretações vívidas das cerimônias de coroação na fachada oeste da catedral.
Com a aproximação do inverno, o mercado de Natal da cidade — antes realizado no adro da catedral e agora adjacente à estação de trem — transforma Reims em uma vila sazonal. Do final de novembro até a véspera de Natal, quase 150 barracas oferecem artesanato, especialidades gastronômicas e produtos regionais. Com entrada gratuita e acessível a pessoas com mobilidade reduzida, o mercado acolhe cães com coleira e famílias atraídas pelo tradicional abeto em seu centro e pelo aroma de guloseimas temperadas e castanhas assadas no ar frio.
O transporte de e para Reims oferece itinerários variados. Os serviços de TGV de alta velocidade conectam a estação Gare de Champagne-Ardenne TGV em Bezannes a Paris (uma viagem de trinta minutos), Estrasburgo e outras grandes cidades. A Gare de Reims, no centro da cidade, opera linhas regionais de TER, complementadas por estações locais nos subúrbios de Franchet d'Esperey e Reims-Maison-Blanche. As conexões de autoestradas via A4, A26 e A34 facilitam o transporte rodoviário em direção a Paris, Calais e Estrasburgo, enquanto o Canal de l'Aisne à la Marne traça uma rota fluvial mais tranquila. No núcleo urbano, zonas protegidas para pedestres e um bonde — introduzido em 2011 — transportam passageiros, juntamente com uma extensa rede de ônibus e o programa de bicicletas compartilhadas Zébullo.
Espaços verdes se entrelaçam na tapeçaria urbana de Reims. O Parc de Champagne, onde se encontra o Monumento aos Heróis do Exército Negro, convida à reflexão sob as copas das árvores, enquanto os Hautes Promenades, adjacentes à estação principal, oferecem playgrounds, redes e um pequeno parque aquático para as famílias. Pequenos jardins dispersos — como o Jardin Le Vergeur, o Parc Léo-Lagrange e o Parc Saint-Remi — oferecem retiros tranquilos em meio ao ritmo da vida cívica.
Para quem busca conveniências do dia a dia, Reims oferece marcas internacionais e autenticidade local. O shopping Espace d'Erlon abriga a Monoprix e a FNAC, enquanto diversas lojas de vinhos independentes perto da catedral vendem garrafas a preços mais baratos. Uma animada feira de sábado na Place de la République oferece produtos frescos, carnes, queijos e antiguidades, com seus vendedores recebendo os visitantes matutinos com conversas animadas.
A vida noturna e a gastronomia abrangem um espectro que vai de tavernas tradicionais a mesas inovadoras. A Place Drouet d'Erlon pulsa com energia: um pub irlandês, uma microcervejaria, um bar de coquetéis e uma casa de shows coexistem a poucos passos de distância. Nas proximidades, restaurantes étnicos se alinham na avenida ao lado do cinema Opera, oferecendo pratos chineses, mexicanos e franceses. Mais tarde, casas de shows como La Bodega e LBee ficam abertas até altas horas da madrugada, atendendo a dançarinos e clientes com inclinação para conversas noturnas.
Reims também ostenta uma cultura esportiva dedicada. O Stade de Reims, que compete na principal divisão do futebol francês, atrai torcedores locais ao Stade Auguste-Delaune, cujas arquibancadas acomodam 21.000 espectadores. Em dias de jogos, a cidade vibra com cachecóis vermelhos e brancos e cânticos de antecipação, ressaltando um espírito comunitário enraizado tanto na história quanto na identidade moderna.
Em suas ruas e sítios, Reims personifica uma confluência de legados: fundação romana, cerimônias reais, adversidades da guerra e renovação industrial. A pedra e o vidro da cidade narram sua passagem pelo tempo, enquanto suas tradições vivas na produção de champanhe, celebrações públicas e inovação cultural afirmam sua vitalidade contínua. Reims se revela ao viajante atento não por meio de hipérboles, mas pela força silenciosa de seus monumentos, pela vitalidade comedida de seus mercados e pelos ecos ressonantes de séculos dentro de suas muralhas. Dessa forma, a Cidade da Coroação se posiciona tanto como guardiã do patrimônio nacional quanto como uma comunidade voltada para o futuro, onde cada visita se torna parte de sua história duradoura.
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