Em um mundo repleto de destinos turísticos famosos, alguns lugares incríveis permanecem secretos e inacessíveis para a maioria das pessoas. Para aqueles aventureiros o suficiente para...
Nagasaki ocupa uma enseada estreita na costa oeste de Kyushu, e seu nome — "cabo longo" — ecoa a curva do porto que moldou sua história e identidade. Desde o momento em que comerciantes portugueses ancoraram aqui, em meados do século XVI, a cidade tomou forma na intersecção entre comércio, fé e intercâmbio cultural. Ao longo dos séculos que se seguiram, Nagasaki permaneceu isolada sob a política de isolamento do Japão como o único ponto de contato permitido com a Europa. Hoje, continua sendo um lugar onde os contornos do passado e do presente se fundem: ruas estreitas ladeadas por templos confucionistas e igrejas católicas, bondes modernos circulando entre monumentos de perda e recuperação.
Quando os navios portugueses chegaram pela primeira vez, por volta de 1571, encontraram uma modesta vila de pescadores. Em poucas décadas, esse assentamento se transformou no porto estrangeiro mais movimentado do Japão. Juntamente com o comércio de seda, prata e produtos chineses, missionários cristãos chegaram, e Nagasaki tornou-se um dos primeiros bastiões da nova religião. Comerciantes holandeses os seguiram, confinados à ilha artificial de Dejima, onde mantiveram o único elo do Japão com os desenvolvimentos científicos e culturais da Europa. Sob a reclusão nacional do xogunato Tokugawa, nenhum outro porto recebia navios estrangeiros. Em meados do século XIX, os armazéns de Dejima e o bairro conhecido como Shinchi Chinatown personificavam uma frágil abertura. Comerciantes e enviados viviam lado a lado, trocando não apenas mercadorias, mas também ideias — astronomia, cartografia e medicina — muito antes de o Japão abraçar plenamente o resto do mundo.
A cidade propriamente dita se estende por planícies estreitas na cabeceira de uma baía sinuosa, pressionada de ambos os lados por colinas íngremes. Dois rios, separados por um contraforte rochoso, esculpem vales profundos que conduzem moradores e visitantes em direção à orla. O desenvolvimento urbano, cercado pelas colinas, ocupa menos de dez quilômetros quadrados, conferindo a Nagasaki um caráter denso e vertical. Casas residenciais e torres comerciais erguem-se em terraços, enquanto vielas sinuosas e escadarias conectam os bairros. O panorama do topo das montanhas — Inasayama, em particular — revela uma colcha de retalhos de telhados inclinados em direção ao porto, uma cena que os moradores apelidaram de "vista dos dez milhões de dólares".
O clima de Nagasaki segue o padrão subtropical úmido comum no sul do Japão, com invernos que raramente caem abaixo de zero e verões caracterizados por calor e umidade intensos. A chuva cai durante todo o ano, mas é mais intensa em junho e julho; registros de 1982 mostram que julho registrou mais de um metro de precipitação. Os invernos são relativamente secos e ensolarados, um fato que encanta os visitantes que fogem das cidades mais frias do interior. Em uma rara manhã de janeiro, a neve pode cobrir as ruas, como aconteceu no início de 2016, quando caíram dezessete centímetros, transformando momentaneamente a cidade portuária em uma paisagem pálida.
A longa história de abertura da cidade teve um desfecho sombrio em agosto de 1945. Três dias após Hiroshima, uma bomba atômica devastou o distrito de Urakami, em Nagasaki, ceifando cerca de 100.000 vidas. Fábricas, igrejas e casas viraram escombros sob a explosão. No entanto, a cidade não desapareceu. Nas décadas seguintes, sobreviventes e descendentes reconstruíram igrejas, escolas e bairros. Hoje, o Parque da Paz de Nagasaki e o Museu da Bomba Atômica testemunham essa calamidade, enquanto os esforços de reconciliação e os programas educacionais reforçam o compromisso de que tal violência jamais se repita.
O porto de Nagasaki permanece ativo, mas a maioria das chegadas é controlada por modernas conexões aéreas e ferroviárias. O Aeroporto de Omura, logo após os limites da cidade, atende tanto companhias aéreas de serviço completo — Japan Airlines e ANA — quanto companhias aéreas de baixo custo, como Peach e Jetstar. Voos internacionais conectam Xangai, Hong Kong e Seul. Uma rede de ônibus-limusine leva os viajantes à cidade em menos de uma hora.
Em terra, o trecho recém-concluído do Nishi-Kyūshū Shinkansen circula entre Nagasaki e Takeo-Onsen, convidando os passageiros a fazer baldeação dos serviços expressos limitados da rede de Kyushu. A viagem da Estação Hakata, em Fukuoka, pode levar apenas noventa minutos; tarifas com desconto e os Japan Rail Passes tornam a viagem prática para muitos. Para aqueles com orçamentos mais limitados ou que preferem viagens mais lentas, os ônibus rodoviários partem regularmente de Fukuoka e Kagoshima.
Dentro da cidade, o sistema de bondes elétricos — seus bondes carinhosamente chamados de chin-chin densha — continua sendo o meio de transporte mais emblemático. Cinco linhas partem do centro de Nagasaki, cada uma pintada de uma cor distinta. Uma viagem única custa ¥ 140; um passe diário está disponível por ¥ 500. Ônibus ampliam o serviço para cantos além dos trilhos do bonde, enquanto um teleférico e uma estrada sinuosa ligam Inasayama.
A marca das religiões estrangeiras permanece vívida. A Igreja Católica de Oura, construída em 1864, é a igreja mais antiga do Japão ainda existente. Perto dali, o Museu dos Vinte e Seis Mártires marca o local onde cristãos japoneses e missionários europeus foram crucificados em 1597. A reconstruída Catedral de Urakami, que já foi a maior igreja da Ásia antes do bombardeio, agora se ergue ao lado das ruínas de sua antecessora. Em contraste, Koshibyō — o Santuário de Confúcio — reflete a herança da comunidade chinesa; suas vigas ornamentadas em vermelho e verde são o único santuário de Confúcio já construído fora da China continental.
Os templos budistas também falam da história multicultural de Nagasaki. O Sofuku-ji, com seus elementos arquitetônicos da dinastia Ming trazidos por imigrantes chineses do século XVII, continua sendo um dos melhores exemplos desse estilo no mundo. O Fukusai-ji, reconstruído após 1945, tem o formato incomum de uma tartaruga; em seu interior, um pêndulo de Foucault oscila sobre um memorial às vítimas locais da guerra. O Kōfuku-ji, conhecido como o "templo vermelho", mantém sua tradição Obaku Zen em meio à agitação da cidade.
Instituições culturais modernas oferecem ainda mais profundidade. O Museu de Arte da Prefeitura de Nagasaki, cujo design contemporâneo conquistou atenção internacional, abriga exposições nacionais e itinerantes. O Museu de História e Cultura da cidade examina seus séculos de comércio marítimo e confronto religioso. No Santuário Suwa, na colina Tamazono, os visitantes se reúnem todo mês de outubro para o festival O-Kunchi, quando carros alegóricos carregados com participantes percorrem as ruas em homenagem às divindades ancestrais.
Além dos limites da cidade, encontram-se ilhas que guardam facetas do passado de Nagasaki. Gunkanjima, ou Ilha do Encouraçado, surge como uma silhueta decadente a quinze quilômetros da costa. Outrora o local mais densamente povoado do mundo, abrigou mineiros de carvão e suas famílias até 1974. Hoje, visitas guiadas circundam as torres de concreto em ruínas, e um pequeno museu homenageia os trabalhadores — muitos recrutados da Coreia — que suportaram as duras condições ali.
Menos sombrio é um passeio até Iōjima, onde uma curta viagem de balsa leva os visitantes a praias arenosas e fontes termais naturais. O resort da ilha convida a pernoites e oferece banhos comunitários com vista para o mar, um lembrete de como as forças vulcânicas moldam a paisagem de Kyūshū.
Ao longo do ano, o calendário de Nagasaki é pontuado por eventos vibrantes. O Festival das Lanternas, no final do inverno, homenageia os ancestrais chineses da cidade: mais de vinte mil lanternas adornam ruas e canais, formando um corredor iluminado de formas míticas. Em agosto, as celebrações do Obon assumem um tom exuberante, combinando a veneração aos ancestrais com fogos de artifício que iluminam o porto. E no início de outubro, o festival O-Kunchi transforma os terrenos do Santuário de Suwa em palco para danças do leão, desfiles e vendedores ambulantes de takoyaki e milho grelhado.
Ao entrelaçar experiências comuns e extraordinárias — bondes barulhentos ao longo dos trilhos do bonde, o silêncio silencioso dentro de uma igreja reconstruída, o rugido das multidões em festivais — Nagasaki convida à reflexão sobre as correntes que fluem pelas sociedades humanas. Seus vales estreitos e colinas arqueadas guardam histórias de curiosidade, conflito e compaixão. Em cada bonde moderno, em cada templo restaurado, em cada oração sussurrada em um memorial, a cidade reconhece tanto o peso do que passou quanto uma crença inabalável na possibilidade de conexão através das barreiras. É essa tensão — entre cicatrizes duradouras e a resiliência para reconstruir — que confere a Nagasaki sua profundidade singular.
Moeda
Fundada
Código de chamada
População
Área
Língua oficial
Elevação
Fuso horário
Em um mundo repleto de destinos turísticos famosos, alguns lugares incríveis permanecem secretos e inacessíveis para a maioria das pessoas. Para aqueles aventureiros o suficiente para...
Lisboa é uma cidade no litoral português que combina com maestria ideias modernas com o charme do velho mundo. Lisboa é um centro mundial da arte de rua, embora…
Da criação de Alexandre, o Grande, até sua forma moderna, a cidade tem permanecido um farol de conhecimento, variedade e beleza. Seu apelo atemporal vem de…
A Grécia é um destino popular para aqueles que buscam férias de praia mais liberadas, graças à sua abundância de tesouros costeiros e locais históricos mundialmente famosos, fascinantes…
Viagens de barco — especialmente em um cruzeiro — oferecem férias distintas e com tudo incluso. Ainda assim, há benefícios e desvantagens a serem considerados, assim como em qualquer tipo…