Cabul

Guia de Viagem de Cabul - Guia de Viagem - Guia de Viagem
Cabul é uma cidade de história rica e resiliência cotidiana. Este guia detalhado — desde informações sobre bairros até roteiros diários — vai além de listas de verificação para mostrar como a capital afegã realmente funciona, oferecendo conselhos honestos sobre permissões, segurança e práticas culturais. Descubra os bazares vibrantes de Cabul, os jardins mogóis e os rituais gastronômicos intimistas, além de dicas práticas sobre transporte, hospedagem e viagens sazonais. Acima de tudo, aprenda a apreciar o ritmo próprio de Cabul, equilibrando cautela com abertura ao charme complexo da cidade.

Cabul situa-se no extremo leste do Afeganistão, com seu vale baixo aninhado no Hindu Kush. A 1.790 metros acima do nível do mar, a cidade estende-se ao longo do rio Cabul, cujo curso sinuoso define bairros antigos e modernos. Os bairros antigos aglomeram-se perto das margens do rio — Ponte Khashti, Shorbazar, Deh-Afghanan — onde ruas estreitas ainda lembram uma época anterior ao asfalto. Além disso, a expansão urbana sobe colinas e planaltos, agora subdividida em 22 distritos municipais que, juntos, formam o município mais populoso do Afeganistão.

Evidências arqueológicas sugerem a presença humana perto do local atual de Cabul há mais de 3.500 anos. Por volta do século VI a.C., registros aquemênidas mencionavam um assentamento situado em rotas comerciais vitais entre a Pérsia, o subcontinente indiano e as estepes da Ásia Central. Ao longo dos séculos, o valor estratégico de Cabul atraiu impérios sucessivos: governantes helenísticos selêucidas e bactrianos, emissários máurias, patronos kushan da arte budista e, posteriormente, dinastias muçulmanas — dos turcos xás aos timúridas. Cada dinastia deixou vestígios arquitetônicos e remodelou a identidade da cidade.

No século XVI, os imperadores Mughal designaram Cabul como sua sede de verão. Sob Humayun e Akbar, jardins e palácios ganharam forma, aumentando o peso econômico e cultural da cidade. A breve conquista de Nader Shah em 1738 inaugurou um período de turbulência, mas em 1747 Ahmad Shah Durrani, um chefe afegão, consolidou o poder e estabeleceu o reino de Durrani. Seu sucessor, Timur Shah Durrani, transferiu a capital de Kandahar para Cabul em 1776, uma escolha posteriormente ratificada por sucessivos governantes afegãos.

Durante a Segunda Guerra Anglo-Afegã (1878-1880), as forças britânicas ocuparam Cabul. Tratados garantiram laços diplomáticos, mas cederam o controle das relações exteriores afegãs à Grã-Bretanha. Após uma década, os britânicos se retiraram, deixando um emirado enfraquecido, mas soberano. As ruas estreitas de Cabul e seus cemitérios nas encostas — Shuhadayi Salihin — testemunharam tanto escaramuças quanto a cautelosa retomada da governança local.

O início do século XX viu avenidas planejadas, novos prédios governamentais e propostas ferroviárias que nunca se concretizaram. Na década de 1960, Cabul ganhou a distinção informal de "Paris da Ásia Central", com seus cafés e cinemas atraindo viajantes europeus que seguiam a rota terrestre para a Índia. Bagh-e Babur (os Jardins de Babur) e o Palácio Darul Aman tornaram-se símbolos de um cosmopolitismo florescente.

Essa era terminou com o golpe de Estado de 1978, conhecido como Revolução Saur. Em um ano, as tropas soviéticas intervieram, e a década de guerra que se seguiu fragmentou as ruas de Cabul. Em 1992, facções mujahideen disputavam o controle, reduzindo grande parte do centro da cidade a escombros. A ascensão do Talibã em 1996 impôs códigos sociais rígidos, fechando cinemas e reformando prédios. Depois de 2001, as forças lideradas pela OTAN expulsaram o Talibã, estimulando a reconstrução e uma onda de refugiados retornando do exílio. Em agosto de 2021, Cabul voltou a cair sob o domínio do Talibã com a retirada das forças estrangeiras.

O vale de Cabul é delimitado por cumes íngremes conhecidos localmente como kohn — Khair Khana-e Shamali ao norte, Sher Darwaza ao sul — enquanto colinas, ou tapa, pontuam o tecido urbano. Koh-e Asamai, "Colina da Televisão", ergue-se perto dos subúrbios ocidentais; Ali Abad ancora outro aglomerado de expansão residencial. Ao sul, o rio Logar se funde com o rio Cabul. Nos meses mais chuvosos, os rios fluem de forma constante; no verão, as mudanças climáticas frequentemente os reduzem a gotas.

Até décadas recentes, o pântano de Kol-e Hashmat Khan ficava logo além da cidade velha. Seus pântanos sustentavam aves aquáticas migratórias entre a Sibéria e o sul da Ásia. Designado área protegida em 2017, o lago raso ainda atrai espécies raras, como águias-imperiais-orientais. Mais a montante, a barragem artificial de Qargha criou um reservatório recreativo nove quilômetros a noroeste do centro da cidade.

A altitude de Cabul proporciona um clima semiárido frio. Os invernos trazem neve; as médias de janeiro giram em torno de -2,3 °C. A primavera traz a maior precipitação, frequentemente na forma de neve tardia. Os verões, embora secos, são temperados para os padrões regionais, com baixa umidade amenizando o calor diurno. Os outonos mudam rapidamente de tardes quentes para noites frescas. A temperatura média anual permanece próxima a 12 °C, mais baixa do que na maioria das outras cidades afegãs.

Ao longo do século XXI, a população de Cabul cresceu rapidamente — de menos de meio milhão em 2001 para mais de sete milhões em 2025. A migração rural-urbana, os retornados do Paquistão e do Irã e os deslocamentos devido a conflitos alimentaram assentamentos informais nas encostas. As autoridades toleraram moradias de tijolos de barro sem serviços públicos. A partir de 2017, equipes municipais pintaram essas casas com cores vibrantes para melhorar o moral.

Administrativamente, o Distrito de Cabul abrange a cidade propriamente dita dentro da Província de Cabul. Dezoito distritos municipais, numerados de um a dezoito, aumentaram para vinte e dois em 2010, quando quatro áreas rurais foram absorvidas. O Distrito 1 abriga a maior parte da cidade antiga; os distritos 2, 4 e 10 formam o centro moderno. Disputas sobre governança às vezes deixam os distritos periféricos sob a autoridade provincial, e não municipal.

Cabul funciona como o centro financeiro e comercial do Afeganistão. Artesanato tradicional – secagem de frutas, processamento de nozes, tecelagem de tapetes e artigos de couro – persiste, juntamente com novos empreendimentos: shoppings fechados como o Kabul City Center (inaugurado em 2005), o Gulbahar Center e o Majid Mall. Bazares atacadistas concentram-se ao longo da Mandawi Road e do mercado de câmbio Sarai Shahzada. A Chicken Street atrai visitantes estrangeiros em busca de antiguidades e tecidos.

Zonas industriais concentram-se ao norte do rio, no Distrito 9, e em Bagrami-Kariz, nove hectares de terrenos urbanizados que abrigam uma fábrica da Coca-Cola e fábricas de sucos. No entanto, a corrupção persistente — classificada entre as mais altas do mundo em 2010 — continua a desencorajar investimentos estrangeiros em larga escala. A ajuda internacional, incluindo um projeto de reconstrução de US$ 25 milhões do Banco Mundial (2002-2011) e US$ 9,1 bilhões em financiamento subsequente de infraestrutura, sustenta melhorias nas estradas e serviços públicos.

A cidade preserva vestígios de múltiplas eras. A Fortaleza de Arg e a cidadela de Bala Hissar lembram as fortalezas Durrani e Mughal; a Mesquita Id Gah (1893) e a Mesquita Abdul Rahman servem congregações hoje. O Palácio Bagh-e Bala oferece uma vista privilegiada do topo da colina. Museus abrigam artefatos dos tempos budista e greco-bactriano: moedas, estátuas e a escultura Surya no Museu Nacional. Os Jardins Paghman e seu arco Taq-e Zafar ficam a oeste da cidade, enquanto o desfiladeiro Tang-e Gharu, na Rua Jalalabad, oferecia abrigo aos viajantes.

Os espaços de entretenimento pré-industriais praticamente desapareceram: antes, havia vinte e três cinemas em funcionamento, mas agora restam apenas quatro. O Teatro Nacional Nandari, que já foi um dos maiores da Ásia, foi destruído pela guerra civil e permanece sem restauração. Demolições recentes fecharam o Park Cinema em 2020. O Mausoléu da Família Real Afegã, o Zoológico de Cabul e o Museu da Mina OMAR sobrevivem como atrações mais tranquilas.

Nenhuma linha ferroviária chega a Cabul. Rodovias se espalham em todas as direções: AH76 ao norte, em direção a Charikar e Mazar-i-Sharif; AH77 a oeste, em direção a Bamiyan; a rota Ghazni-Kandahar, a sudoeste; o corredor Jalalabad, a leste, em direção ao Paquistão. Dentro da cidade, as rotatórias na Praça Pashtunistan e no Círculo Massoud formam cruzamentos importantes; Sar-e Chawk antigamente marcava o centro da Rua Maiwand.

O congestionamento rodoviário impulsionou o planejamento de um anel viário de 95 km, aprovado em 2017, embora a construção permaneça incompleta. Um projeto de ônibus rápido previsto para 2018 sofreu atrasos; em março de 2021, veículos da IC Bus inauguraram um novo serviço urbano. A rede Milli Bus de Cabul, estabelecida na década de 1960, ainda opera cerca de 800 ônibus a diesel, além de táxis informais — a maioria Toyota Corollas antigos, pintados de branco e amarelo. Tentativas de transporte eletrificado, como o sistema de trólebus Škoda (1979-1992), foram interrompidas durante a guerra; postes de aço ocasionais permanecem como lembranças.

Desde 2019, as autoridades municipais utilizam a D-Agree, uma plataforma de deliberação online, para solicitar feedback dos cidadãos sobre projetos urbanos. Até agosto de 2021, mais de 15.000 moradores contribuíram para as discussões de planejamento, gerando mais de 71.000 comentários. Apesar da mudança de controle político, a plataforma continua sob os auspícios das Nações Unidas como um modelo de participação digital.

Cabul guarda camadas de história — de referências aquemênidas ao modernismo do século XX —, mas enfrenta desafios persistentes: a poluição do ar piora a cada inverno, com a queima de combustíveis de baixa qualidade em fogões improvisados; a escassez de água e a dessecação do leito dos rios sinalizam mudanças ambientais mais amplas. Assentamentos informais sobrecarregam os serviços municipais, enquanto a corrupção restringe os investimentos. Mesmo assim, Cabul continua sendo o centro do Afeganistão, suas ruas testemunham séculos de esforço humano e sua arquitetura, um arquivo de convergência cultural.

Afegão (AFN)

Moeda

2º milênio a.C. (data exata desconhecida)

Fundada

+93 20 (País: +93, Local: 20)

Código de chamada

4,954,000

População

1.028,24 km² (397 milhas quadradas)

Área

Dari e Pashto

Língua oficial

1.791 m (5.876 pés)

Elevação

UTC+4:30 (Horário Padrão do Afeganistão)

Fuso horário

Cabul ergue-se de um vale íngreme no coração do Hindu Kush, uma cidade de histórias complexas e vitalidade inesperada. A aproximadamente 1.800 metros acima do nível do mar, seu clima seco e a luz cristalina da montanha criam o cenário perfeito para uma cidade que é, ao mesmo tempo, antiga e moderna. As amplas avenidas e os imponentes edifícios governamentais de Cabul coexistem com ruelas estreitas de paredes de barro e santuários centenários. Este guia foi escrito para viajantes independentes curiosos sobre a verdadeira natureza de Cabul — não se trata de uma propaganda nem de um alerta, mas sim de um relato cuidadoso sobre o que significa visitar, vivenciar e explorar esta capital complexa no final de 2025.

Índice

Introdução: Cabul em Contexto

A história de Cabul remonta a milênios: ao longo das rotas comerciais da Rota da Seda, passando pelos jardins mogóis, conflitos soviéticos e décadas de guerras civis afegãs. Hoje, serve como capital sob o governo do Emirado Islâmico, com vestígios de seu passado ainda visíveis na arquitetura e na vida urbana. A cidade está situada em meio às planícies de Shomali e ladeada pelos picos reluzentes do Hindu Kush. O rio Cabul serpenteia pelo vale, dividindo a Cidade Velha, a sudeste, dos distritos mais modernos ao norte e oeste.

A atmosfera é multifacetada. Num instante, você pode passear por um jardim em terraços ao estilo Mughal, com pavilhões de mármore esculpido, e no instante seguinte, percorrer o caminho entre prédios governamentais de estilo brutalista francês, em tons de amarelo mostarda, e telhados remendados. O ritmo varia conforme o bairro. O diplomático Wazir Akbar Khan transmite uma sensação de calma e tranquilidade, com plátanos e vistas panorâmicas do alto das colinas, enquanto a Cidade Velha pulsa com motos, cantos de pássaros e vendedores ambulantes. Ao entardecer, a luz do sol tinge de dourado as ruínas de fortalezas ou os cafés de narguilé iluminados por luzes de néon, dependendo de onde você estiver.

O encanto de Cabul é sutil: não se resume à lista turística habitual de selfies com bandeiras e leões, mas sim à sensação da cidade sob os pés. A pedra desgastada da Mesquita Shah-Do Shamshira, o aroma inconfundível do pão sírio assando, o ruído de um táxi Gazal cor de mel — essas são as texturas de Cabul. Para muitos visitantes, essas camadas sensoriais e a resiliência da vida cotidiana em uma cidade há muito estudada e frequentemente obscurecida por estrangeiros podem ser profundamente comoventes.

No entanto, Cabul também é um lugar de tensão e cautela. Os alertas oficiais de viagem permanecem extremamente restritivos, desaconselhando todas as viagens devido a preocupações com a segurança (os EUA e outros governos mantêm seus enviados afastados e aconselham os viajantes a ficarem em casa). No entanto, nas ruas, Cabul no final de 2025 funciona como uma cidade normal: bazares movimentados, trânsito fluindo e pessoas seguindo suas rotinas diárias. A verdade está em algum lugar entre esses dois extremos: um visitante honesto deve reconhecer tanto os alertas oficiais quanto a realidade vivida de como Cabul funciona hoje.

Este guia foi criado para leitores que desejam viajar com cautela, mas também compreender plenamente o seu destino. Ele combina orientações práticas com descrições vívidas da cultura local. Você encontrará roteiros detalhados, perfis de bairros, guias gastronômicos e dicas de segurança baseadas em informações atualizadas. Ao longo de todo o guia, o tom é ponderado e descritivo: o olhar de um jornalista sobre as estruturas da cidade e a sensibilidade de um viajante para com a vida local.

  • Dica rápida: Os visitantes costumam achar que Cabul é diferente de qualquer outra cidade que conhecem. Mantenha a mente aberta, seja flexível com os planos (estradas ou voos podem mudar sem aviso prévio) e reserve um tempo para observar o ritmo do dia a dia — uma sessão de chá pela manhã, crianças jogando críquete em um beco ou o chamado para a oração da noite ecoando pelos telhados.

Antes de partir: Planejamento e detalhes práticos

Passaportes, vistos e autorizações

Entrar no Afeganistão exige planejamento antecipado. Vistos: Todos os estrangeiros precisam de visto. Não existe visto na chegada; as solicitações são processadas pelas embaixadas afegãs reconhecidas pelo governo vigente. Na prática, a maioria dos viajantes independentes solicita o visto pelo consulado em Islamabad (Paquistão) ou Peshawar, ou por meio de um despachante/agente que lida com as missões diplomáticas afegãs. As taxas típicas de visto de turista em Islamabad/Peshawar giram em torno de US$ 80 (padrão) ou US$ 130 (expresso) para um visto de entrada única com validade de 30 dias. Dubai costuma ser uma escala, mas o serviço de visto direto lá é limitado. Esteja preparado para fornecer documentos básicos (fotos 3x4, cópias do passaporte, talvez uma carta-convite ou plano de viagem) e faça isso com antecedência — o processamento pode ser imprevisível.

Além do visto de entrada, o Afeganistão exige autorizações de viagem para a maioria das províncias. Cada província que você planeja visitar deve ser listada em uma autorização oficial (اجازه‌نامه سفر) obtida no Ministério da Informação e Cultura em Cabul. O procedimento é um pouco burocrático: ao chegar em Cabul, os viajantes estrangeiros podem ir à seção “Diretório de Turismo” do Ministério, preencher um formulário nomeando as províncias que pretendem visitar e pagar aproximadamente 1.000 AFN (cerca de US$ 12) por província. Espere receber a autorização no mesmo dia ou no dia seguinte. Ao chegar nos postos de controle provinciais ou escritórios locais, geralmente é necessário apresentar essa autorização (para que as autoridades afegãs registrem seu itinerário). Reserve meio dia em Cabul para providenciar essas autorizações antes de sair da cidade.

  • Nota para mulheres: Sob o regime atual, mulheres desacompanhadas frequentemente enfrentam escrutínio adicional. Uma mulher viajando sozinha pode esperar que as autoridades perguntem quem é seu responsável legal. Muitas viajantes optam por viajar com um acompanhante (guia ou guia) para facilitar a entrada no país. Se você é uma mulher viajando sozinha, considere contratar um acompanhante ou guia local para acompanhá-la durante o processo de obtenção da permissão e, pelo menos, nas primeiras visitas.

Melhor época para visitar Cabul (Visão geral sazonal)

As quatro estações do ano em Cabul são nitidamente distintas.

  • Inverno (dezembro a fevereiro): Cabul pode ficar fria, com neve ocasional cobrindo as montanhas e até mesmo os telhados da cidade. As temperaturas máximas durante o dia podem chegar a apenas 5–10 °C (40–50 °F), caindo bem abaixo de zero à noite. Muitas estradas para os altos passos de montanha (incluindo o Salang, que sai de Cabul em direção ao norte) podem ficar fechadas pela neve por dias. O inverno também marca o Temporada Buzkashi No norte, onde o jogo de polo com cabras e ovelhas montadas a cavalo é praticado com entusiasmo. Esta é uma época de baixa temporada turística em Cabul (poucos estrangeiros) e a cidade tem um ar tranquilo. Se levar roupas de lã, poderá desfrutar de bazares vazios e do ar fresco da montanha; apenas tenha cuidado com ruas escorregadias e locais fechados.
  • Primavera (março–maio): Geralmente, a estação mais agradável em Cabul é durante o inverno. As temperaturas são amenas (10–20 °C) e o vale fica verdejante. As árvores frutíferas florescem — as flores de romã e pêssego podem cobrir as encostas — e o Jardim de Babur, em especial, fica exuberante com as flores da primavera. No final de março acontece o festival de Nowruz (Ano Novo Persa), quando os parques costumam ficar cheios de pessoas fazendo piquenique. As chuvas da meia-estação são leves. Este é geralmente o clima ideal para viajar: os dias são agradáveis ​​e a luz do Khushdil Khan (final da tarde) realça os jardins e monumentos da cidade. Leve roupas em camadas (manhãs quentes, tardes quentes, noites frescas).
  • Verão (junho a agosto): Cabul pode ficar muito quente em julho e agosto. As temperaturas máximas durante o dia frequentemente chegam a 30-35°C. O sol bate forte no concreto claro de Cabul. Muitos moradores locais vão para as montanhas para escapar do calor da cidade. No entanto, o verão também é a temporada de trekking nas regiões montanhosas (Corredor de Wakhan, passos do Hindu Kush). Se você tolera o calor, viaje de manhã cedo e descanse ao meio-dia. Tempestades à noite são possíveis, mas breves. A hidratação é crucial — leve água (veja a seção Comida e Bebida). Como ponto positivo, o verão significa estradas abertas para lugares como Bamiyan e Herat, e vistas deslumbrantes das montanhas.
  • Outono (setembro–novembro): Uma segunda onda de clima agradável. As temperaturas caem do pico do verão para uma faixa confortável de 15 a 25 °C. As frutas amadurecem — os mercados de uva e romã de Cabul ficam movimentados no início do outono. Chuvas ocasionais retornam em novembro. Esta estação oferece ar fresco e paisagens douradas, semelhantes à primavera em qualidade. As noites de outono podem trazer as primeiras geadas no final de novembro. É uma época popular para visitar antes da chegada do frio do inverno.

Lista rápida de itens para levar na mala: Leve roupas em camadas (camisas de algodão com um fleece quentinho), um calçado resistente para caminhada, uma jaqueta quente (mesmo na primavera/outono) e capa de chuva ou guarda-chuva confiáveis ​​(para tempestades de inverno e verão). Para mulheres, saias/calças compridas discretas e um lenço leve para a cabeça (para visitas à mesquita ou áreas conservadoras). Um adaptador de energia universal e uma bateria externa são indispensáveis, já que os cortes de energia e os pontos de recarga podem ser imprevisíveis.

Como chegar e entrar em Cabul

Por via aérea: A partir do final de 2025, o Aeroporto Internacional de Cabul (Hamid Karzai) passou a operar alguns voos comerciais. Há voos diretos para alguns centros regionais: a Ariana e a Kam Air operam voos partindo de Dubai, Istambul, Islamabad, Peshawar e Abu Dhabi (as rotas podem variar conforme a demanda). Consulte as companhias aéreas antes de reservar, pois os horários podem sofrer alterações rapidamente. A segurança no aeroporto é rigorosa; reserve tempo extra.

Por terra: Muitos viajantes chegam por terra vindos do Paquistão. A travessia de Torkham (perto de Peshawar) é movimentada; táxis e ônibus compartilhados fazem o trajeto regularmente entre Peshawar e Cabul via Jalalabad (uma viagem de aproximadamente 5 a 6 horas de Peshawar a Cabul por estradas de montanha). Se vier do Paquistão, provavelmente você obterá seu visto afegão em Islamabad ou Peshawar antes de entrar no país e, em seguida, passará pela imigração. Da Ásia Central, a estrada de Mazar-i-Sharif ou Kunduz também leva ao norte. O Passo de Salang para Mazar-i-Sharif reabre na primavera após as neves do inverno; de lá, estradas levam ao Uzbequistão e ao Tadjiquistão.

Uma vez no Afeganistão, viajar por terra é acessível, mas pode ser lento. Táxis compartilhados (vans locais) são comuns para viagens entre cidades: por exemplo, Cabul–Bamiyan (aproximadamente 5 horas, cerca de 400 AFN), Cabul–Mazar (aproximadamente 6–7 horas via Salang, cerca de US$ 5), Cabul–Herat (aproximadamente 14–16 horas, cerca de US$ 10). Eles partem de pontos específicos (geralmente nos arredores da cidade) somente quando estão lotados. Aluguel de carros particulares está disponível, mas é mais caro. Voos domésticos (Ariana, Kam Air) conectam Cabul a Bamiyan, Mazar e Herat em cerca de uma hora cada; as passagens podem variar de US$ 50 a US$ 150 por trecho, se reservadas com antecedência.

  • Dica: Se for viajar por terra em táxi compartilhado, leve pouca bagagem e considere dividir viagens longas em etapas (por exemplo, pernoite perto de Ghazni, na rota Cabul-Herat). As estradas podem ser precárias e as partidas são frequentes (os ônibus costumam sair antes do amanhecer para evitar o trânsito intenso nas montanhas à tarde).

Transporte local em Cabul

Uma vez em Cabul, táxis e carros particulares são a norma; há Sem metrô ou trem subterrâneo.

  • Táxis amarelos: Esses táxis circulam por toda a cidade. A maioria tem taxímetro, mas as tarifas são variáveis ​​e os preços iniciais são altos (o taxímetro geralmente marca entre 100 e 150 AFN, mais 30 a 50 AFN por quilômetro). Sempre negocie ou pergunte com antecedência: por exemplo, uma corrida de 5 km pode custar entre 300 e 400 AFN (US$ 3 a US$ 4). Se você não fala dari ou pashto fluentemente, mostre seu destino escrito ou em um mapa. Os motoristas podem não falar muito inglês.
  • Nanas compartilhadas (Vans): De forma econômica, os moradores locais costumam se amontoar em micro-ônibus brancos conhecidos como "Nanas". Eles seguem rotas fixas e são muito baratos (geralmente entre 20 e 30 AFN). Para estrangeiros, isso pode ser uma aventura e uma maneira de observar o cotidiano da população — mas exige sinalizar para a van certa e esperar até que ela esteja cheia.
  • Andando: O trânsito em Cabul é congestionado e as calçadas são irregulares ou frequentemente ocupadas por vendedores ambulantes. No entanto, bairros como Wazir Akbar Khan ou a Cidade Velha podem ser agradáveis ​​para explorar a pé. Apenas tome cuidado com buracos nas ruas, animais e galos cantando agressivamente no meio da rua ao amanhecer.
  • Aplicativos de transporte por aplicativo: Nos últimos anos, surgiram serviços como versões afegãs de aplicativos de transporte por aplicativo, mas a cobertura é esporádica. Não dependa exclusivamente deles.

Como chamar táxis com segurança: Durante o dia ou no início da noite, geralmente é seguro acenar para um táxi. À noite, considere reservar com antecedência através de um hotel ou serviço de táxi por aplicativo, se possível; a violência contra estrangeiros pode ocorrer após o anoitecer, portanto, homens e, principalmente, mulheres devem ser cautelosos.

Dinheiro, caixas eletrônicos e conectividade

Moeda: A moeda local é o afegani (₳). Algumas lojas e hotéis aceitam dólares americanos, mas não conte com a possibilidade de pagar todas as despesas em dólares. Leve uma variedade de dinheiro em espécie. Existem caixas eletrônicos em grandes hotéis e no aeroporto, mas podem ser instáveis ​​ou estar fora de serviço. Se o seu cartão for Visa ou MasterCard, você poderá sacar afeganes em alguns caixas eletrônicos; leve dinheiro extra como reserva, por precaução.

  • Intercâmbio: Você pode trocar moeda estrangeira em bancos ou casas de câmbio em Cabul por uma taxa justa; leve notas de pequeno valor (US$ 50 ou US$ 100) que estejam limpas e novas.
  • Orçamento: Um orçamento diário razoavelmente confortável em Cabul pode ser US$ 50 a US$ 70 por dia (cerca de 4.000 a 5.000 AFN), incluindo um hotel decente, refeições, transporte local e gorjetas. Existem pensões mais baratas e a comida de rua pode reduzir os custos.
  • Gorjeta: A hospitalidade é valorizada, mas não obrigatória. Em restaurantes ou para carregadores, deixar uma gorjeta de 10% além da conta é apreciado.

Cartões SIM e Internet: Todas as principais operadoras de telefonia móvel afegãs (Roshan, Afghan Wireless, Etisalat, etc.) oferecem chips 4G. Você pode comprar um chip no aeroporto ou em lojas da cidade apresentando seu passaporte. Os planos de dados são acessíveis, mas espere uma velocidade relativamente lenta e interrupções ocasionais (a infraestrutura de internet é precária). O WhatsApp e outros aplicativos de mensagens geralmente funcionam por meio de uma VPN (muitos sites, como Facebook ou YouTube, podem estar bloqueados). O Wi-Fi em hotéis pode ser instável. Se você depende de dados, compre GB suficiente para mapas e uso emergencial.

Costumes e Etiqueta Locais

Código de vestimenta: A modéstia é fundamental. Os homens devem usar calças compridas e evitar camisas sem mangas. As mulheres, especialmente em locais públicos ou áreas rurais, devem cobrir os braços, as pernas e o cabelo com um lenço ou xale solto. Muitas mulheres afegãs também cobrem a cabeça, mesmo nas ruas. Calças ou saias compridas com blusas soltas e um lenço na cabeça são suficientes. Roupas justas ou reveladoras não são recomendadas. Em locais religiosos (mesquitas e santuários), tanto homens quanto mulheres devem tirar os sapatos e (no caso das mulheres) cobrir o cabelo.

Saudações: Um aceno de cabeça ou um aperto de mãos são comuns entre homens e mulheres. Apertos de mão entre gêneros são delicados: não estenda a mão para cumprimentar uma mulher afegã a menos que ela ofereça primeiro. Em vez disso, uma leve reverência ou um gesto com a mão sobre o coração é respeitoso. Use a mão direita para apertos de mão e ao entregar ou receber objetos (a mão esquerda é considerada indelicada para essas situações).

Fotos e autorizações: Fotografar pode ser complicado. Monumentos públicos, paisagens urbanas e rurais geralmente não apresentam problemas. Sempre peça permissão antes de fotografar pessoas, especialmente mulheres; um sorriso educado e um aceno de cabeça costumam ser suficientes. Alguns vendedores de pássaros ou artesãos locais podem permitir fotos se você sorrir primeiro. Nunca fotografe militares, prédios governamentais ou cartazes da época do Talibã, a menos que tenha permissão; fazer isso pode causar sérios problemas. Câmeras de drones são terminantemente proibidas.

Comportamento: Demonstrações públicas de afeto em voz alta são malvistas. Mantenha o tom de voz moderado. Sentar-se de pernas cruzadas ou qualquer gesto que mostre a sola do pé é considerado rude; em vez disso, sente-se com os pés apoiados no chão ou ao lado do corpo. O consumo de álcool em público não é permitido (nem mesmo para estrangeiros); evite portar bebidas alcoólicas. Durante o Ramadã (se viajar nesse mês), seja respeitoso: não coma, beba ou fume em público à luz do dia se não for muçulmano.

Etiqueta da Mesquita: Ao visitar mesquitas (como o belíssimo Santuário de Sakhi ou Shah-Do Shamshira), caminhe em silêncio, não interrompa as orações e vista-se de forma ainda mais conservadora. Retire os sapatos na entrada; as mulheres devem estar com a cabeça totalmente coberta. Admire a arquitetura e os azulejos pela parte de trás, caso estejam ocorrendo cultos.

Interações: Os afegãos são conhecidos por sua hospitalidade. Se for convidado para um chá ou uma refeição, aceite com gratidão — a conversa geralmente gira em torno de perguntas sobre a vida no exterior, família e elogios educados sobre o país. Sempre use a mão direita para comer pão ou passar comida. É comum servir o convidado primeiro em uma reunião.

Nota cultural: As décadas de turbulência em Cabul geraram certa cautela entre os moradores. É normal ser recebido calorosamente por uma pessoa e, em seguida, gentilmente corrigido por outra sobre algum ponto de etiqueta (por exemplo, como se sentar ou sobre o que perguntar). Não leve as correções para o lado pessoal; elas costumam ser feitas de boa fé.

Instruções sobre Segurança e Proteção

O ambiente de segurança em Cabul é instável. O governo talibã declara o país seguro e está ansioso para receber visitantes, mas o risco real persiste. Na própria Cabul, conflitos armados são raros, mas não desconhecidos: houve relatos esporádicos de atentados a bomba ou tiroteios, mesmo nos últimos dois anos.

  • Precauções de bom senso: Mantenha-se vigilante em locais com muita gente e em mercados — furtos e roubos são raros, mas pequenos roubos podem acontecer. Mantenha sempre a mochila fechada e seja discreto com objetos de valor. À noite, evite andar por áreas desconhecidas e mal iluminadas.
  • Pontos de verificação: Existem inúmeros postos de controle do Talibã espalhados por Cabul. Eles pedirão para ver sua autorização (para viagens fora de Cabul), passaporte e visto. Sempre tenha cópias de documentos importantes à mão, em um bolso ou bolsa separada.
  • Avisos oficiais: Os governos ocidentais geralmente aconselham seus cidadãos a evitar o Afeganistão. Este artigo não é uma recomendação de viagem, mas sim um guia objetivo para aqueles que, por qualquer motivo, decidiram ir. Se você for viajar, registre-se na sua embaixada (se possível) ou, pelo menos, deixe um itinerário com alguém de sua confiança. Leve consigo informações de contato de emergência do consulado ou dos escritórios de ajuda humanitária do seu país (observe, porém, que a maioria das embaixadas fechou em 2021, e os contatos agora são regionais ou por meio de terceiros países).
  • Em caso de detenção: Saiba que os serviços consulares são muito limitados. Se for questionado pelas autoridades, mantenha a calma e seja educado. Pedir contatos ou aconselhamento jurídico provavelmente não dará resultado, mas ter amigos locais que falem inglês ou um guia que possa interceder por você pode fazer a diferença. Sempre carregue uma cópia de emergência do seu passaporte, visto e um cartão simples com as informações da sua embaixada.

Importante: Este guia fornece contexto e dicas, mas as condições podem mudar rapidamente. Mantenha-se sempre atualizado com as notícias locais, respeite todas as leis e confie em seus instintos de segurança.

Dia 1: Orientação – Pontos fortes, história e primeiras impressões

Manhã – Colina Wazir Akbar Khan e vista panorâmica.

Comece em Wazir Akbar Khan (frequentemente chamado apenas de "WAK"), um bairro com ruas largas ladeadas por árvores e embaixadas. Uma curta caminhada até o topo da colina atrás do antigo Palácio Presidencial (identificado como Colina Wazir Akbar Khan em muitos mapas) oferece uma vista panorâmica. De lá, você pode ver Cabul se estendendo: a extensa área verde do Parque do Rio Cabul abaixo, o Jardim de Babur ao sul (seu plano para o Dia 2) e o Arghandab e o Hindu Kush além.

No topo, uma bandeira do Talibã tremula ao vento. Para os visitantes, é um símbolo marcante: a nova bandeira e o novo governo de Cabul em plena exibição. Aproxime-se com respeito, mas é seguro fotografar a bandeira à distância — aliás, em muitos postos de controle, os combatentes locais posam alegremente para fotos com sua bandeira.

No topo da colina, ergue-se um modesto santuário dedicado a Shah-e Mullah Muhammad Omar, o fundador do Talibã (Mullah Omar). Observe em silêncio este discreto edifício quadrado com cúpula e o túmulo mais simples do Sheikh Sayed Hamid, que fica atrás dele e agora também funciona como santuário. Ambos estavam outrora ocultos por escombros e foram restaurados pelo regime atual. Se tiver curiosidade, pode entrar na cúpula principal (tire os sapatos) para ver fileiras de homens rezando — geralmente, câmeras não são bem vistas lá dentro, então a vista é da entrada. Este local mostra como a história recente se entrelaça aqui: o túmulo simples de Mullah Omar fica ao lado da nova bandeira que ele ajudou a hastear em 1996.

  • Desça até a colina Bibi Mahro: A cerca de 15 minutos a pé do mastro da bandeira, o bairro na base da colina (às vezes chamado de Bibi Mahro) tem ruas estreitas e alguns restaurantes frequentados pelos moradores locais. De um café ali, olhe para trás e observe a colina, com sua mistura de casas e jardins — um recanto mais tranquilo da vida urbana.

Tarde – Museu Nacional e Vestígios do Conflito

Após o almoço (experimente um kebab local ou um ensopado farto em um restaurante simples em WAK), siga para o outro lado da cidade e visite o Museu Nacional do Afeganistão (reaberto após anos de restauração). A corrida de táxi de WAK até Shah-Do Shamshira ou a área de Ranibagh deve levar cerca de 15 a 20 minutos (25 a 40 AFN, negocie ou insista para que o taxímetro ligue).

Dentro do museu (o horário de funcionamento é geralmente do final da manhã até o meio da tarde), você encontrará um tesouro surpreendente: mais de 35.000 itens de arqueologia, arte e artefatos que datam da pré-história aos tempos modernos. Os destaques incluem joias de ouro bactrianas, esculturas em pedra dos períodos greco-bactriano e cushano, figuras budistas (outrora visíveis em Bamiyan) e coleções impressionantes de caligrafia e manuscritos. Grande parte do acervo foi saqueada ou destruída na década de 1990, mas a curadoria recente recuperou e restaurou muitos tesouros. Reserve um tempo para ver as páginas do Alcorão da era gaznávida, moedas raras dos primeiros reinos afegãos e insígnias reais. Se o regime atual permitir, uma visita ao antigo Palácio Darul Aman, o "Museu da Guerra", ao lado, pode complementar a experiência: ele exibe armamentos, fotos da época do Talibã e exposições sobre a desminagem realizada pelo PMAC (Ministério Popular para Programas Aviários e Cívicos), que removeu munições não detonadas (o trabalho do PMAC é inspirador para os afegãos).

O ambiente aqui é sóbrio, mas orgulhoso: uma nação reconstruindo sua história. Observe como as exposições frequentemente apresentam legendas em persa e pashto, além do inglês. Após absorver a história, dê um passeio e talvez sente-se na fonte do jardim para refletir.

Noite – Imersão na Cidade Velha: Pássaros, Bazar e Jantar

Ao cair da noite, siga para o bairro da Cidade Velha (na região de Shah-Do Shamshira e Ka Faroshi/Bazar). Em particular, o Mercado de Pássaros de Ka Faroshi é imperdível. Seguindo o Rio Kabul até a Praça Maiwand (uma rotunda local), você encontrará uma viela estreita repleta de pequenas lojas e gaiolas de pássaros.

Mercado de pássaros Ka Faroshi: Aqui, o tempo parece parar. Chegue por volta do final da tarde, quando os comerciantes de pássaros locais colocam milhares de aves em gaiolas: perdizes-chukar, tentilhões, pombas, papagaios e, especialmente, a famosa perdiz-chukar afegã. Observe os homens curvados sobre as gaiolas, ouvindo o canto dos pássaros. Os vendedores conversam e pechincham, vendendo ração, gaiolas e filhotes de codorna. Canários cantam e galos de briga cacarejam. A cena é barulhenta, com cantos e criaturas correndo — um vislumbre de um antigo passatempo afegão. Fotografar os pássaros é permitido (as pessoas geralmente não se importam se você pedir permissão primeiro).

O mercado estreito parece cercado pela margem do rio Cabul de um lado. Se a fome bater, algumas barracas de comida simples oferecem wraps de naan e kebabs — bem básicos, mas tentadores depois de um dia inteiro explorando a região.

Depois, caminhe um pouco para oeste até a área da Rua das Galinhas (Koch-e Murgha), no distrito de Shahr-e Naw. Apesar do nome, esta rua não tem galinhas. Em vez disso, é um pequeno quarteirão com lojas de souvenirs e cafés (a maioria agora fechados) que antes atendiam hippies e diplomatas. Hoje, é um local tranquilo, mas várias lojas boutique estão passando por reformas para a reabertura. Você pode encontrar casacos afegãos, joias e tapeçarias desbotadas se procurar bem. Para o jantar, vá a um dos restaurantes mais sofisticados de Cabul, nos bairros vizinhos de Wazir Akbar Khan ou Shahr-e Naw: o Sufi Mahal é um pavilhão de madeira arejado que serve kebabs e mantu fartos; o Khanagi é uma padaria que oferece naan caseiro com ensopados afegãos cremosos; ou os restaurantes Maiwand ou Shaam para uma experiência mais requintada com sabores tradicionais (kebabs de cordeiro, sabzi, pratos de arroz) em pátios.

Antes de dormir, saboreie um chá preto doce em uma casa de chá próxima. Observe como a vida noturna de Cabul é tranquila: famílias reunidas para comer samosas, homens em lounges de narguilé. Deite-se com a sensação da atmosfera da cidade — mercados antigos movimentados e avenidas diplomáticas arborizadas compartilhando um mesmo horizonte.

Dia 2: Jardins, Santuários e Recantos Tranquilos

Manhã – Jardim de Babur (Bagh-e Babur)

Comece cedo para visitar o Bagh-e Babur, o jardim imperial em terraços construído pelo imperador mogol Babur em 1504 (suas memórias, o Baburnama, detalham seu projeto original). O parque de 36 hectares fica a sudoeste do centro da cidade, nas suaves encostas da montanha Sher Darwaza. Uma corrida de táxi até o portão principal (perto do Parque Shahr-e Naw) custará cerca de 150 a 200 AFN do centro de Cabul.

Na entrada, atravesse o caravançará restaurado do século XIX (agora uma área de museu com artefatos) e entre no charbagh, um jardim com canais entrecruzados e caminhos pavimentados. O jardim possui quinze amplos degraus que sobem a encosta. Passeie entre ciprestes, tulipas (na primavera) e fontes ressuscitadas das ruínas. Ao longo do caminho, faça uma pausa no Túmulo de Babur, uma plataforma octogonal com uma lápide central sem cobertura: o último desejo de Babur era ser enterrado de forma que flores silvestres crescessem sobre seu túmulo. Hoje, seu túmulo é marcado por inscrições esculpidas, mas, de resto, está aberto para o céu.

Numa das plataformas encontra-se o Palácio da Rainha (Palácio Tajbeg), um pavilhão com torres construído para a esposa de Babur e restaurado pela Fundação Aga Khan. Subindo até ao topo, tem-se uma vista panorâmica da cidade e dos bairros modernos de Cabul para além do Parque Shahr-e Naw. Em dias de céu limpo, a luz incide sobre os telhados vermelhos e os picos brancos ao longe.

  • Vida local: O Jardim de Babur não é apenas um monumento, mas também um parque comunitário. Famílias afegãs fazem piqueniques nos gramados, crianças brincam sob árvores centenárias e os idosos se exercitam junto às fontes. Casas de chá e barracas de refrescos circundam o jardim — experimente um doce halwa e chá preto no quiosque do jardim (alguns AFN). Um pavilhão de caligrafia, recentemente restaurado, exibe inscrições em pedra.

Ao sair do Babur's, siga pelo portão oeste em direção ao distrito de Shahr-e Naw. Lá, você encontrará padarias sombreadas vendendo naan quente e doces (doces afegãos recheados com nozes ou shorak, uma pasta à base de abóbora). Esta é uma boa hora para experimentar os pratos típicos do café da manhã afegão: pão lavash ou tabakh com ovo cozido e queijo amarelo fresco, ou a criança (pão achatado frito na frigideira recheado com alho-poró ou batatas). Tome outro gole de chá verde antes de ir ao santuário da tarde.

Tarde – Karte Sakhi e o Santuário de Ali

Uma curta caminhada ou viagem de táxi a oeste do Jardim de Babur leva você a Karte-Ye-Sakhi, um bairro dominado por um impressionante complexo de santuários com cúpula turquesa. Este é o Santuário Sakhi Shah-e-Mardan (também conhecido como Ziarat-e Sakhi), um dos locais de peregrinação mais importantes de Cabul. Ele homenageia Hazrat Ali, primo e genro do Profeta Maomé, que se acredita ter visitado o local ou deixado uma relíquia ali. A lenda do santuário envolve um manto sagrado (do Profeta) e sonhos místicos de Ali neste local.

A arquitetura do santuário é deslumbrante: seis cúpulas azul-celeste e múltiplos minaretes cobertos por azulejos esmaltados brilhantes, construídos originalmente no início do século XX e ampliados pela mãe do Rei Amanullah em 1919. Suba a escada estreita até o pátio de mármore. Dentro da mesquita masculina (a entrada é gratuita ou tem um custo simbólico), padrões e caligrafia persas neo-safávidas ornamentados cobrem as paredes. Não-muçulmanos podem ficar perto do hall de entrada para admirar os intrincados azulejos — na sala de oração, as mulheres depositam pedidos em uma alcova esculpida, enquanto uma caverna escura na rocha, abaixo do solo, guarda arte votiva e uma relíquia em forma de dedo (a suposta impressão da mão de Ali).

Certifique-se de seguir a etiqueta da mesquita: as mulheres devem cobrir totalmente o cabelo e falar baixo (traga ou alugue um lenço, se necessário, na entrada). Os sapatos devem ser retirados no portão. Dedique alguns minutos à contemplação — mesmo que você não compartilhe da fé, a disciplina e as cores deste espaço são impressionantes.

Ali perto, saboreie um chai em uma das pequenas varandas ou cafés de frente para o santuário. Esses locais oferecem refeições simples ou doces para os visitantes do sexo masculino (mulheres são raras por aqui). Observar os devotos rezando e os peregrinos chegando de carro ou burro é uma lição de espiritualidade afegã.

À noite – Palácio Darul Aman e luzes da cidade

Ao pôr do sol, siga para o Palácio Darul Aman, um magnífico edifício com cúpula localizado nos arredores da cidade (a cerca de 7 km do centro). Este palácio neoclássico foi construído na década de 1920 pelo Rei Amanullah Khan como um símbolo do Afeganistão moderno. Sofreu grandes danos durante a guerra civil, mas foi cuidadosamente restaurado e reaberto ao público nos últimos anos.

Chegue uma hora antes do pôr do sol, se possível. Os pisos de mármore, os grandes salões e os jardins do palácio ficam majestosos sob a luz suave. Se houver visitas guiadas disponíveis, você poderá entrar para ver retratos centenários e objetos políticos antigos; caso contrário, admire as colunas imponentes e a grande cúpula do lado de fora. Os jardins do palácio têm gramados e canteiros de flores impecavelmente cuidados, um contraste marcante com os escombros de décadas passadas.

Quando o céu fica alaranjado atrás da cúpula, a vista para oeste é fascinante. Da fachada do Darul Aman, observe a cordilheira de Panjshir no horizonte — as montanhas costumam adquirir uma tonalidade rosa pastel ao entardecer. No interior do palácio, ou no gramado, desfrute do ar fresco da noite.

  • Alternativa: Se a viagem até Darul Aman parecer longa ou o trânsito estiver ruim, considere passar a noite na Colina Asamayi (Colina da Televisão), a noroeste do centro da cidade. Um passeio de teleférico simples ou uma caminhada até o topo da Asamayi oferece vistas panorâmicas das luzes da cidade, e na base fica um templo sikh (Templo Asa'Mai, restaurado em 2006) e um pequeno parque. O santuário no topo da colina (Mesquita Asamai) tem origens hindus do século X e foi convertido em santuário islâmico (a lenda diz que Ali também é homenageado aqui). A vista do pôr do sol da Asamayi é igualmente impressionante: você vê toda Cabul em um amplo panorama, desde Loya Powandah até as luzes da Cidade Velha.

Para o jantar, de volta ao centro da cidade, experimente uma rua de mercado noturno ou uma casa de chá que fique aberta até tarde. Existem poucos "mercados noturnos" formais em Cabul, mas perto de Shahr-e Naw ou mesmo na área da Rua do Frango, alguns vendedores ambulantes grelham kebabs ou preparam mantu (dumplings) frescos até tarde da noite. Muitos restaurantes agora têm horário estendido — Khanagi e Maiwand, inclusive, depois das 21h — então você pode desfrutar de outra refeição afegã completa (talvez com legumes assados, frango karahi grelhado e arroz branco) antes de ir dormir.

Dia 3: Fazendo Escolhas – Cantos da Cidade ou Escapada Rápida

O terceiro dia é flexível, dependendo dos seus interesses e planos de viagem subsequentes. Aqui estão dois caminhos:

Opção A para a manhã – Vila Istalif (Refúgio nas Colinas Verdes)

A cerca de 40 km ao norte de Cabul fica Istalif, uma vila pitoresca conhecida por sua cerâmica e pelo ar fresco da montanha. Se a agitação urbana de Cabul parecer pesada, considere uma viagem de meio dia até lá. Há vans compartilhadas saindo de Charahi Ansari, no centro de Cabul (peça a um táxi para parar no ponto "Istalif taxi"). O trajeto, que dura aproximadamente de 1 a 1,5 hora, serpenteia por uma serra com vistas para pomares de macieiras em terraços.

Em Istalif, a vila se estende por uma série de encostas verdejantes. As oficinas de oleiros são famosas: mulheres carregam argila, homens moldam jarras e tigelas em fornos ao ar livre. Muitas vezes, é possível observar um artesão prensando a argila úmida em uma roda de oleiro para fazer uma grande olla ou um vaso de flores, que depois é queimado em um forno subterrâneo. O ar tem cheiro de terra e pinheiros. Um pequeno rio atravessa a vila; crianças brincam em suas margens.

Suba até o santuário na colina (Ziarat-e Pir Hajji Yousuf, a cerca de 20 minutos de caminhada). De lá, você terá uma vista panorâmica das casas caiadas de branco de Istalif e da bacia de Cabul. Retorne à cidade a tempo para o almoço (experimente). ASAK ou propriedade em um café caseiro de Cabul à beira da estrada).

Opção B da manhã – Cidade Velha mais profunda

Se preferir ficar em Cabul, continue explorando a Cidade Velha. Caminhe até a Mesquita Amarela (Shah-Do Shamshira), uma curiosa mesquita amarela de dois andares construída no estilo barroco-istambulense. Seus minaretes gêmeos e a ornamentada decoração em estuque branco a destacam às margens do rio. Vale a pena entrar para apreciar seu alegre salão de orações com azulejos. Nas proximidades, encontra-se o túmulo de Chin Timur Khan, primo do primeiro imperador Mughal, onde os moradores locais depositam coroas de flores em lápides de mármore.

De lá, percorra as ruelas estreitas a leste do rio, onde o cotidiano se desenrola: homens jogando gamão nas varandas, mulheres negociando frutas na feira sob as espigas de papoula penduradas, crianças em uniformes escolares. Guarde sua câmera; esta área é para um passeio contemplativo.

Visite o Parque Memorial das Vítimas da Guerra – um recanto tranquilo com bandeiras afegãs e nomes de soldados caídos, refletindo a história mais recente.

Meio-dia – Preparativos para a partida

Após o seu último passeio matinal, é hora de se preparar para a viagem ou partida. Se for continuar a viagem, verifique os horários de ônibus ou voos (muitos voos partem por volta do meio-dia ou à noite para cidades do norte). Se tiver tempo extra em Cabul, um roteiro sensato para meio dia pode ser:

  • Ponto de vista do Hindu Kush: Se quiser dar uma última olhada nas montanhas, pegue um táxi até o topo da Colina da Televisão (Asamayi), mesmo que seja apenas para aproveitar alguns minutos de sol da manhã.
  • Compras finais: O Souk-e Herat (Bazar Herati), perto da Rua do Frango, ainda vende joias de lápis-lazúli, casacos afegãos e antiguidades. Como alternativa, Wazir Akbar Khan possui algumas lojas de artesanato que vendem tapetes de alta qualidade e dak halwa (madeleines) para presentes.
  • Câmbio de moeda: Se precisar trocar AFN restante de volta para USD, faça isso antes de sair da cidade — em grandes hotéis ou casas de câmbio oficiais.
  • Chá de camomila na padaria: Muitos viajantes juram que um assado lento é a melhor opção. menino recheado com alho-poró em uma padaria WAK ou uma última rodada de chá verde em uma casa de chá local perto de Spinzar.

Se você tiver que encaixar Cabul em 1 ou 2 dias: sendo realista, concentre-se no primeiro dia (vista + museu + Mercado de Pássaros) e, no segundo dia, visite o Jardim de Babur e o Santuário de Sakhi (pule Istalif e Darul Aman). Isso cobre os pontos turísticos imperdíveis.

Bairros de Cabul: Onde cada humor se encaixa

Escolher onde passear ou se hospedar em Cabul pode influenciar muito a sua experiência. Aqui estão cinco áreas distintas:

  • Cidade Velha (Shahr-e-Now / Cidade de Aibak): O coração histórico. Outrora cercado por muralhas medievais, agora abriga o mercado de pássaros "Ka Faroshi", as lojas da Rua do Frango e as ruínas da fortaleza de Bala Hissar (atualmente inacessíveis). As ruas são estreitas e movimentadas, com vendedores ambulantes oferecendo especiarias, tapetes, utensílios de cobre e comida de rua. É aqui que reside o autêntico caos de Cabul: barulhento, lotado, cheio de cores e aromas (de incenso, frango temperado com tamarindo e poeira). Hospedar-se aqui coloca você perto de mercados e mesquitas centenárias. No entanto, pode ser barulhento e não é o melhor lugar para noites tranquilas – especialmente perto do Jardim de Babur ou do rio. Muitas pousadas antigas estão localizadas aqui. Ideal para: Aficionados por história e amantes de mercados que querem estar no centro da ação.
  • Wazir Akbar Khan (Distrito 3): Bairro das embaixadas e diplomatas de Cabul. Ruas largas e limpas, ladeadas por plátanos, vilas e hotéis mais novos. As embaixadas dos EUA e da Alemanha costumavam ficar aqui (agora fechadas), mas o ambiente ainda é internacional. O suntuoso Hotel Serena está localizado aqui, assim como a maioria dos restaurantes sofisticados e serviços para expatriados. Geralmente é mais seguro à noite, com uma atmosfera mais tranquila. A noite é silenciosa, exceto em alguns poucos grupos de restaurantes considerados seguros. Segurança: Ainda assim, é preciso ter cautela, mas o WAK costuma ser a opção preferida por famílias e estrangeiros devido à sua organização. Para quem é indicado: Viajantes que preferem conforto, proximidade a clínicas e bons restaurantes, ou um bairro com um ar "suburbano".
  • Karteh-Parwan (Sakhi/Ziayarat): Imediatamente a oeste de WAK e estendendo-se para o norte até Asamayi, Karteh-Parwan é predominantemente residencial. Tem um ambiente local e acolhedor: mercados de grãos e vegetais, pequenas clínicas, pousadas modestas (geralmente mais simples e baratas). A grande atração é o Santuário Sakhi (na seção Karteh-e Sakhi) e um número crescente de cafés e lojas que atendem aos moradores locais. As ruas podem ficar congestionadas com micro-ônibus e o antigo cemitério na colina tem um charme especial ao entardecer. Para quem é indicado: Visitantes com orçamento limitado ou aqueles que desejam se hospedar em meio a famílias afegãs comuns. Não é inerentemente perigoso, mas a infraestrutura aqui é mais modesta.
  • Karteh-Seh (Distrito 6/Shahr-e-Naw): Central e movimentada, esta é a área onde se concentra o centro administrativo de Cabul. Inclui partes da Shahr-e Naw, bazares com uma grande variedade de culturas e ruas comerciais como a Rua do Frango e a Rua Zarnegar. Há muitos bancos, agências de viagens e hotéis maiores (Intercontinental e Serena, na periferia). É onde se concentram os pontos de táxi. O ambiente é um pouco rústico, mas diversificado: algumas vilas da era colonial, escritórios modernos, prédios de apartamentos em tons pastel e antigos bazares. À noite, as ruas principais continuam movimentadas, com lojas abertas até tarde. Para quem é indicado: Viajantes que desejam estar em uma localização central, perto de transporte público, mercados e opções gastronômicas.
  • Vizinhança da Colina Asamayi (Colina da Televisão / Área da Mesquita Shah-Do-máscara): Ao sul de Shahr-e-Naw e estendendo-se até Koh-e Asamai, esta área é uma mistura de bairros nas encostas e o santuário de Ali na base. É construída em declives com vistas deslumbrantes. As casas são densamente povoadas, mas algumas ruas têm áreas verdes. O local tem um ar espiritual, dado o complexo Sakhi em uma das esquinas. Muitas ONGs e veículos de comunicação tinham escritórios aqui antes de 2021 (o status de reabertura é incerto). À noite, a mesquita amarela é iluminada e a colina em si fica escura, exceto por algumas casas. Para quem é indicado: Turistas que valorizam a vista e um ambiente residencial mais tranquilo; jardineiros (Bagh-e-Babur fica em uma das extremidades); caminhada de volta de Darul Aman (para quem passa o dia todo na zona leste da cidade).

Nenhum bairro é completamente seguro após o anoitecer, e áreas consideradas "boas" podem ter postos de segurança. É prudente perguntar aos funcionários do hotel ou a conhecidos locais sobre a segurança na rua onde você está hospedado. Em geral, evite a região mais a oeste (perto do Estádio Ghazi) à noite e tenha cautela perto de áreas de conflito.

Comida e bebida – Afeganistão no seu prato

A cultura gastronômica de Cabul é fundamental para o cotidiano. As refeições afegãs são substanciosas, fartas e compartilhadas — a carne costuma ser cozida lentamente por horas e o arroz é o prato principal. Eis o ritmo local das refeições:

  • Café da manhã: Os afegãos costumam começar o dia tarde, mas ainda há opções para um café da manhã delicioso. Procure por padarias que vendem pão naan por volta das 8h às 10h da manhã. Você pode encontrar pães frescos. naan (pão achatado fino de trigo) retirado do forno tandoor, servido com queijos brancos (migalhas de pão), mel, ou halwa (um pudim doce de sêmola, geralmente vendido em fatias). Um prato pode conter ovos cozidos, talvez. metade da terra (salada de mini omelete). O chai quente (chá preto, às vezes verde) é o mais comum — forte e geralmente doce. Não tenha receio de experimentar. creme (queijo cremoso coalhado) e mulukhia (ensopado de ervas) que são itens básicos do café da manhã para alguns.
  • Almoço: Hoje é a principal refeição em Cabul. No horário afegão, o almoço geralmente acontece entre 13h e 15h. Um prato típico é Qabli (Qabuli) PulaoArroz basmati com cenouras e passas, coberto com pedaços de carne de cordeiro ou bovina. É temperado com especiarias doces (cardamomo, cominho, um toque de açafrão). Os amantes de kebab podem optar por... frango tikka, Seekh Kebab (carne de cordeiro picada no espeto), ou xícara (Cordeiro em cubos) servido com arroz ou naan. Ensopados (conhecidos como ensaio) acompanham arroz ou pão: por exemplo, sopa de legumes (ensopado de espinafre, geralmente com cordeiro) ou necrotério (ensopado de frango com tomate e cebola). Muitos lugares servem wraps de naan (pequenos pães achatados enrolados) recheados com costeletas ou fígado, que os afegãos comem casualmente entre as refeições formais.

Comida de rua: Em áreas seguras, procure vendedores de charsoo (charah charsoo) perto dos principais corredores do bazar, que servem carnes grelhadas de animais criados ao ar livre ou apenas (um tipo de pão frito). Mas tenha cuidado: só coma comida de rua se a barraca estiver movimentada com moradores locais e a comida estiver bem quente. A água de Cabul pode não ser potável: água engarrafada é facilmente encontrada, ou tome chá fervido em vez de água da torneira.

  • Chá da tarde: No final da tarde, muitos farão uma pausa para tomar um chai (frequentemente com doces). pirulito pão). Os vendedores de chá em pequenas lojas de esquina servem café (chá verde com cardamomo). Aceitar uma xícara é um gesto de hospitalidade. Os moradores costumam se reunir para a meranda, uma pausa social semelhante à pausa para o café, às vezes com biscoitos, frutas secas e doces. Nesse momento, os bancos do parque ou as lanternas das casas de chá brilham suavemente e as atividades comerciais são retomadas.
  • Jantar: Os afegãos costumam jantar um pouco tarde, geralmente entre 20h e 22h. A refeição costuma ser mais leve que o almoço (menos molhos, mais pão e saladas). Sopas como aushak (bolinhos de alho-poró com iogurte e molho de hortelã) ou mantu (bolinhos de carne com molho) são comuns. As famílias podem compartilhar pratos de salada de legumes (kachumar: tomate, pepino, cebola e limão). O jantar pode reaproveitar as sobras do ensopado do almoço. Se você jantar em um restaurante, considere pedir... shol (mingau de arroz com carne e lentilhas) ou sopa de legumes.
  • Opções vegetarianas: O Afeganistão não é um país culturalmente amigável para vegetarianos (carne de cordeiro e frango são os alimentos básicos). No entanto, você pode encontrar ensopado de lentilha (masoor) e ensopados de espinafre ou batata, especialmente durante o Ramadã ou em alguns restaurantes. Pergunte por cenoura (espinafre), bom (berinjela), e obrigado Pratos com abóbora (abóbora) — geralmente preparados com carne, mas às vezes oferecidos sem carne, se solicitado. Cenouras e batatas assadas (keray/kerau) também são acompanhamentos comuns. O pão (naan, sheer cholpa) é bastante substancioso e acompanha a maioria das refeições.
  • Chá e bebida: O chá (chaï) é a bebida essencial. Não espere encontrar café — se quiser, o Hotel Serena e alguns cafés oferecem, mas não é o comum. O doogh (uma bebida de iogurte salgado) pode ser servido em casamentos ou se você busca um toque fermentado. Sucos frescos (romã, cenoura, melão) são vendidos em mercados e cafés; o suco de romã é especialmente popular. O álcool é proibido em espaços públicos (a antiga produção de vinho ou cerveja acabou), então evite tentar encontrá-lo. Optar por chá, sorvetes e sucos é mais legal e seguro.
  • Rua vs. Restaurante: Nas áreas mais nobres de Cabul, você encontrará restaurantes sofisticados com cardápios impressos e uma grande variedade de pratos (incluindo culinária internacional, como italiana ou chinesa). Esses restaurantes são mais caros, mas geralmente mais seguros em termos de higiene. Os cafés de rua (chai khanas) e restaurantes locais oferecem comida autêntica e simples por uma fração do preço. Normalmente, eles têm mesas comunitárias e torneiras para lavar as mãos (sempre leve álcool em gel). Em caso de dúvida, vá onde os moradores locais estão fazendo fila. Lugares perto de universidades ou escritórios costumam ser confiáveis. Evite saladas cruas feitas com água de fontes duvidosas; alimentos cozidos e quentes são a opção mais segura.
  • Segurança alimentar: A limpeza dos restaurantes em Cabul pode variar. Para minimizar os riscos: beba água engarrafada, coma pratos bem cozidos e leve consigo comprimidos de carvão ativado ou outros auxiliares digestivos básicos, caso tenha estômago sensível. O conceito de "restaurante americano saudável" não se aplica; pense como os locais e considere que a água não é potável. Muitos viajantes levam um medicamento antidiarreico como medida preventiva.

Tradutor de menu: Ao pedir pratos afegãos, aqui estão alguns nomes importantes:
Em: O onipresente pão achatado (naan) que acompanha todas as refeições.
Cenoura: espinafre (um ensopado de ervas verdes, geralmente com carne).
Pulao aceitável: O prato nacional de arroz com cordeiro, cenouras e passas.
Propriedade: Bolinhos cozidos no vapor, recheados com carne temperada e servidos com iogurte.
Aush/Chorba: Sopa ou guisado substancioso (geralmente de cordeiro ou frango com legumes).
Churrasquinho: espetos de carne grelhada.
Shor Nakhod ou Masoor Daal: Ensopado de grão-de-bico ou lentilha vermelha (temperado).
Sambosa: Samosa afegã (pastel triangular recheado com batata e carne).
Halwa: Bolo doce e denso, sobremesa popular (tâmaras, cenoura, etc).
Suco: Bebidas doces à base de frutas (experimente romã ou cenoura).

Cabul para diferentes tipos de viajantes

Cabul não é um lugar para todos os viajantes. Cada um terá uma experiência diferente:

  • Entusiastas de História e Arquitetura: Esses viajantes irão apreciar ainda mais museus e locais históricos. Após o primeiro dia, considere passar mais tempo no Museu Nacional e explorar ruínas pouco conhecidas, como o Palácio de Tajbeg (antigo palácio de Amanullah, agora em ruínas). Suba até os arredores da Cidadela de Bala Hissar (visível de longe; a entrada é complicada, mas alguns corajosos se aventuram lá dentro). Informe-se no museu ou em ONGs internacionais sobre visitas guiadas por arqueólogos (se houver alguma disponível). Além disso, visite o Museu de Minas Terrestres de Omar Samad (PMAC) no roteiro do primeiro dia, se o tempo permitir – é administrado por um veterano de ONGs e é fascinante. Para um estudo mais aprofundado, leve alguns livros sobre a história do Afeganistão para ler em momentos de tranquilidade (uma livraria em Cabul perto da Rua Chicken ou a livraria Hamid Karzai têm títulos em inglês).
  • Fãs de comida e mercados: Após um dia de passeios turísticos, explore os mercados de comida de Cabul. Chegue cedo às barracas de grãos de café na rua WAK ou ao mercado de frutas abaixo da Rua do Frango. Experimente os petiscos de rua: um café fresco e saboroso. a criança (pão achatado com cebolinha) de uma barraca, ou o salgado pobre Queijo servido com pão e chutneys. Inscreva-se em um curso de culinária de um dia, se disponível (algumas ONGs e escolas de culinária oferecem esses cursos em Cabul), para aprender a enrolar mantu ou temperar carne corretamente. Procure pequenos mercados por ingredientes autênticos: sementes de romã secas, açafrão afegão, mel de cedro, etc. chaach (bebida de iogurte).
  • Introvertidos e pessoas que buscam tranquilidade: Você encontrará recantos mais tranquilos. Visitas ao Jardim de Babur ao amanhecer ou ao entardecer podem ser quase solitárias. Um chá da tarde no terraço de um hotel (mesmo o Serena ou o Spa têm um café tranquilo na cobertura) proporciona um momento de leitura pessoal. Em bairros como Karteh-Parwan, encontre um banco de parque tranquilo perto dos jardins do Templo Asamai, com vista para o vale. Garanta um lugar no teleférico para Asamayi em um horário de pouco movimento (vale a pena, mesmo com um pouco de barulho da cidade só para você ao nascer do sol). Evite horários de pico e casas noturnas. Escolha um hotel que tenha seu próprio pátio interno tranquilo (muitas pousadas da WAK têm).
  • Mulheres viajando: É necessário aqui um toque especial de honestidade e respeito. As mulheres em Cabul podem enfrentar restrições culturais e correr o risco de assédio. Segurança geral: Muitas mulheres em Cabul cobrem-se completamente; as mulheres estrangeiras também devem fazê-lo. As áreas públicas podem parecer muito vigiadas, especialmente pelo Ministério da Justiça e da Virtude. Evite andar sozinha à noite. Em vez disso, planeje jantar e fazer compras durante o dia ou com acompanhantes. Transporte: Um taxista pode recusar uma passageira que viaja sozinha; tente táxis em grupo ou serviços de táxi Mercedes brancos usados ​​por ONGs (eles têm motoristas mulheres). Vestir-se: Calças largas e uma túnica comprida com um lenço largo (não apenas uma faixa de cabelo, mas um xale) são uma escolha prudente. Conhecendo os moradores locais: Muitas mulheres afegãs não podem ser entrevistadas ou fotografadas, então concentre-se nas interações com homens (que geralmente estarão dispostos a falar inglês e compartilhar experiências). Procure grupos ou pousadas administradas por mulheres em Cabul para uma hospedagem segura. Não presuma nada. Em resumo, Cabul não é particularmente “perigosa” para uma mulher que segue os costumes locais e permanece vigilante, mas não é como uma cidade ocidental onde a independência feminina é amplamente aceita. Adapte seu estilo: por exemplo, em vez de sentar-se sozinha em um café, compartilhe uma mesa com uma colega ou amiga.
  • Casais (em busca de aventura): Cabul oferece alguns momentos surpreendentemente românticos. Um passeio matinal no Jardim de Babur ou um nascer do sol em Asamayi são experiências íntimas. Um jantar na varanda de um hotel em Wak à luz de lanternas pode ser especial (muitos restaurantes oferecem mesas privativas). Compartilhando um prato de arroz com açafrão e carnes grelhadas, os casais frequentemente descobrem que a conversa flui facilmente enquanto absorvem a história ao seu redor. No entanto, demonstrações públicas de afeto são tabu – um leve toque de mãos pode ser tolerado, mas não se beijam em público. Se precisar de privacidade, peça uma mesa de canto em um restaurante. Casais de mulheres ou viajantes LGBT enfrentam restrições ainda maiores – normas de gênero rígidas significam que as mulheres não devem agir de forma excessivamente íntima em público, e qualquer atividade entre pessoas do mesmo sexo é proibida por lei.

Análise da realidade: Cabul no terreno

Vamos separar o mito da realidade em Cabul.

  • Trânsito e Transporte Público: A reputação de Cabul por seu trânsito caótico é merecida. O "trânsito terrível", como frequentemente observam as avaliações do TripAdvisor, significa congestionamentos no meio do dia na Jada-e-Maiwand ou perto do aeroporto, com caminhões e ônibus formando filas enormes nos semáforos. Um trajeto de 5 km que deveria levar 10 minutos pode levar 30 nos horários de pico. Os táxis buzinam sem parar; os motoristas desviam de veículos parados. Para planejar seu trajeto, considere que o tempo de viagem será o dobro do que o Google Maps sugere. Se tiver pouco tempo, reserve pelo menos uma hora entre os pontos turísticos mais distantes. Escolha horários fora do pico para traslados do aeroporto ou partidas de Salang (os ônibus costumam sair entre 4h e 5h da manhã para evitar o trânsito).

A pé, as ruas muitas vezes não têm faixas de pedestres ou calçadas, então atravesse apenas nos cruzamentos principais ou siga os moradores locais (eles têm um fluxo específico nos cruzamentos). As pessoas geralmente são respeitosas, mas sempre preste atenção onde pisa perto de carros e em calçadas irregulares.

  • Situação de segurança: Após 2021, o Talibã alega "segurança", e os principais ataques terroristas estrangeiros de fato diminuíram. No entanto, atentados suicidas remotos e ataques relâmpago ainda ocorrem ocasionalmente em Cabul (por exemplo, ataques a madrassas ou conflitos internos do Talibã). Historicamente, a maioria das vítimas estrangeiras ocorre por estar no lugar errado na hora errada. Até o final de 2025, agências de ajuda humanitária relataram que o centro da cidade não havia sofrido um ataque com grande número de vítimas em mais de um ano.

Pergunte aos moradores locais: Taxistas e lojistas costumam ignorar os avisos oficiais, dizendo que são “para embaixadas estrangeiras”. Podem argumentar que circulam livremente pelas ruas do mercado todos os dias. Equilibre essa confiança com cautela. Por exemplo, evite grandes aglomerações ou protestos e siga os conselhos de colegas locais. Mantenha um perfil discreto: câmeras e bolsas chamativas podem chamar a atenção.

  • Ruído e poeira: Cabul é altoOs rádios dos carros tocam música pop afegã sem parar, homens gritam uns com os outros por cima dos vendedores ambulantes, e os alto-falantes das mesquitas anunciam a chamada para a oração cinco vezes ao dia (audível a vários quarteirões de distância). O ar é empoeirado — especialmente na primavera, com as poças de lama secando ao sol, ou no calor seco do verão. Leve óculos de sol e considere usar uma máscara de proteção contra poeira se tiver alergias. Dentro dos prédios históricos empoeirados, a redução do ruído é quase tranquila.
  • Resiliência da infraestrutura: Espere cortes de energia, especialmente nas noites de inverno ou durante ondas de calor no verão. Muitos hotéis têm geradores, mas pousadas menores não. O abastecimento de água pode ser limitado a determinados horários. A velocidade da internet é lenta. As condições sanitárias são básicas: não há papel higiênico nos banheiros públicos e você geralmente encontrará vasos sanitários turcos (embora vasos sanitários ocidentais estejam disponíveis na maioria dos hotéis). O álcool em gel é um ótimo aliado para viajantes.

Erros comuns dos visitantes:

  • Excesso de bagagem: Em Cabul, lojas como a Spinzar ou as barraquinhas da rua do frango vendem lenços e roupas discretas caso você chegue com roupas inadequadas. Itens essenciais (lenços de papel, analgésicos, curativos) são vendidos em todos os lugares a preços acessíveis. Leve uma jaqueta leve, mesmo nas noites de verão.
  • Excesso de requisito de itinerário: Muitos turistas que visitam o país pela primeira vez tentam fazer muita coisa: só Cabul já oferece atividades para mais de 2 a 3 dias, se você planejar com calma. Tentar conhecer todo o Afeganistão em uma visita curta vai te decepcionar; escolha uma região (como o Norte ou Bamiyan, por exemplo, em vez de se deslocar diariamente).
  • Subestimar a cultura: Presumir que todos falam inglês ou ignorar as regras de pudor pode ser ofensivo. Um momento de confusão em um posto de controle pode ser resolvido com um falante de dari amigável ou mostrando a permissão. Sorria e use palavras simples como saudações (olá) e obrigado (obrigado).
  • Interpretação errônea do tempo: O sol em Cabul é intenso devido à altitude; recomenda-se o uso de chapéu e protetor solar, especialmente na primavera e no verão. Se visitar a cidade no inverno, esteja ciente de que pode nevar ou fazer frio, e vista-se em camadas de acordo com a altitude.
  • Se o tempo for curto (1 a 2 dias): Foque no essencial. Dia 1: comece na Colina Wak (visão geral), passe o meio-dia no Museu Nacional e a tarde no Jardim de Babur. Dia 2: comece no Santuário Sakhi, depois caminhe até o Mercado de Pássaros e a Rua do Frango, terminando com uma refeição afegã memorável. Se insistirem, pode pular o Darul Aman ou o Istalif. Aceite que muita coisa ficará de fora, mas você sairá de Cabul com as texturas da cidade gravadas na memória.

Eventos sazonais e variações

  • Ramadã (mês do calendário): Cabul fica silenciosa durante o dia. A maioria dos restaurantes fecha no meio da manhã. Viajantes não muçulmanos devem comer apenas em locais fechados durante o horário do jejum. Ao pôr do sol, as barracas de comida de rua repentinamente se enchem de gente, como se um sinal invisível tivesse sido acionado. Quem aprecia o pôr do sol costuma ir a mesquitas ou parques para compartilhar a refeição do iftar com os moradores locais. Para um viajante, isso pode ser um espetáculo cultural.
  • Nowruz (21 de março): Após as orações do Ano Novo Persa (frequentemente no Santuário de Sakhi), muitas famílias fazem piqueniques em jardins. O Jardim de Babur e o Parque Zarnegar se enchem de xales coloridos na grama. Feiras de rua vendem moedas pintadas com símbolos de henna e misturas de ervas para a limpeza de primavera.
  • Festival das Flores: Todos os anos, desde 2018, Cabul realiza um festival de tulipas na avenida Shahr-e Naw. As tulipas (flores tradicionalmente apreciadas) florescem por algumas semanas, colorindo os canteiros centrais de vermelho, amarelo e roxo. Se você tiver a sorte de escolher a época certa, os campos de tulipas podem ser um refúgio colorido.
  • Buzkashi (Outono-Inverno): Se você tiver a oportunidade de assistir a uma partida de buzkashi (uma espécie de polo a cavalo selvagem, onde o rebanho é derrotado) nos arredores da cidade, prepare-se para um espetáculo afegão estrondoso. Às vezes, pequenas partidas informais acontecem no Estádio Ghazi. Cavaleiros lutam com a carcaça de uma cabra, e o jogo pode durar horas. Popular entre os pashtuns, uma partida de domingo pode parecer um feriado nacional.
  • Tempo de colheita: O final do verão traz as colheitas de uvas e romãs. Os mercados de frutas de Cabul transbordam de romãs brilhantes e uvas roxo-escuras. Muitos moradores compram grandes bandejas de uvas para comer durante toda a semana. Experimente o suco de uva fresco ou uma salada de sementes de romã. cozinha É uma iguaria sazonal.

Passeios de um dia e contexto regional

Cabul é um ponto de partida ideal para explorar o Afeganistão. Se o seu roteiro permitir, considere:

  • Província de Bamyan (excursão de um dia ou com pernoite): A cerca de 220 km a oeste (4 a 5 horas de carro), Bamyan é famosa pelas ruínas dos nichos das estátuas de Buda (destruídas em 2001) e pelo Parque Nacional Band-e Amir — uma série de seis lagos profundos de cor turquesa em meio a picos acidentados. Saia cedo de carro particular ou táxi compartilhado (a partir de Charahi Ansari). Na cidade de Bamyan, os sítios arqueológicos de Shahr-e Gholghola e Zuhak são fortalezas de tijolos com um ar misterioso, onde outrora se erguiam os Budas. Nas proximidades, os Kariz (antigos canais de água) ainda funcionam. Para os amantes da natureza, os impressionantes lagos de Band-e Amir (entrada mediante o pagamento de uma pequena taxa) permitem caminhadas curtas e piqueniques à beira de águas azul-turquesa entre montanhas formadas pelo degelo. Um motorista particular ou um voo rápido (pela Kam Air) podem ser suficientes para uma visita de um dia; uma pernoite (em uma pousada chaikhana ou em novos hotéis simples) torna a experiência mais relaxante. Dica: O almoço de curry de batata em Bamyan é inesperadamente memorável — observe o molho frio de iogurte e chá sobre a carne vermelha.
  • Mazar-i-Sharif e Balkh (Vários Dias): Um voo doméstico (1 hora) ou uma viagem de carro de 6 a 7 horas para o norte. Mazar abriga o santuário mais sagrado do Afeganistão: a Mesquita Azul (Santuário de Ali). Mesmo os não muçulmanos ficam impressionados com sua cúpula de azulejos azul-celeste e o vasto pátio verde. Os bazares ao redor também são excelentes para compras (especialmente se você estiver procurando tapetes ou vestidos de seda uzbeques). A antiga cidade de Balkh (a 15 km de Mazar) foi a Báctria de Alexandre, o Grande; visite as ruínas de sua cidadela e o Santuário de Khwaja Abu Nasr Parsa. Culturalmente, o norte do Afeganistão é mais tajique e uzbeque, com sabores diferentes: os kebabs são frequentemente de frango ou cordeiro com osso.
  • Herat (Aéreo ou Terrestre): A joia do extremo oeste. Uma viagem de ônibus noturna (12 a 15 horas) ou um voo levam a uma cidade frequentemente comparada a Isfahan. Destaques: a Mesquita de Sexta-feira de Herat, um vasto complexo de azulejos azuis (restaurado pela UNESCO) do século XV, e a Cidadela de Herat, construída por Timur no século XIV. Herat é famosa por seus tapetes e seda, então as compras aqui são excelentes. O estilo cultural tem influência persa (dialeto herati, arquitetura safávida). Se você tiver tempo em uma viagem mais longa, Herat é imperdível para os entusiastas da história.
  • Kandahar (Sul) e arredores: Se você puder estender sua viagem, Kandahar (o coração do Talibã) fica ao sul, a mais de 12 horas de carro. Mas, dada a complexidade da região, a maioria dos viajantes independentes opta por não visitá-la ou por participar de excursões organizadas. (Não recomendado para viajantes independentes ocasionais.)

O transporte para essas regiões é mais fácil reservando através de operadoras de turismo confiáveis ​​em Cabul ou utilizando voos diários partindo de Cabul. Viajar de carro pelo Afeganistão é uma aventura, portanto, reservar um carro confortável (com motorista) para uma viagem com pernoite é uma boa ideia se você não tiver experiência.

Microguias e mergulhos práticos em profundidade

Como se locomover pelos táxis e meios de transporte em Cabul

  • Sinais com as mãos: Os taxistas às vezes buzinam e reduzem a velocidade ao passar; acenar com a mão na rua pode ajudar a parar um táxi. Sempre entre pelo lado da calçada (nunca pelo lado do trânsito).
  • Dicas para compartilhar: Se um motorista oferecer uma tarifa fixa, ela pode ser negociável — pergunte ao seu hotel ou a um morador local para confirmar o preço médio. Muitas corridas usam taxímetro, mas os motoristas podem zerá-lo a seu favor se perceberem que você é estrangeiro (fique atento).
  • Privado vs. Compartilhado: Um táxi particular (um Toyota preto ou um Mercedes branco) oferece segurança, mas custa alguns dólares por viagem. Uma van compartilhada (geralmente lotada, uma van grande com muitos passageiros) custa pouco, mas pode ser apertada. Para mulheres sozinhas, o transporte particular é mais seguro à noite; durante o dia, uma van compartilhada geralmente não apresenta problemas.
  • Rodoviária: O principal terminal rodoviário de passageiros fica em Deh Afghanan, na zona leste de Cabul. Os ônibus para as províncias (por exemplo, Bamyan, Mazar) partem de manhã cedo. Confirme os horários com seu hotel.

Arquitetura 101: Estilos Afegãos

  • Mogol e Persa: Arcos redondos, cúpulas e canais de água dominam o Jardim de Babur. Observe os padrões geométricos dos azulejos e os layouts de quatro quadrantes (charbagh). A Mesquita Azul em Mazar e a Mesquita de Sexta-feira em Herat exibem azulejos requintados e iwans (altos arcos) da era timúrida.
  • Elementos islâmicos: Nos santuários de Cabul, observe a caligrafia árabe e os muqarnas (ornamentos em forma de estalactite) em mármore. As mesquitas geralmente possuem um ou mais minaretes esbeltos encimados por um pináculo em forma de crescente.
  • Influência soviética: Durante o período comunista da cidade (décadas de 1970 a 1990), surgiu a arquitetura funcionalista em concreto. O Ministério da Informação e Cultura é um bloco soviético rosado. O Palácio Dara Ul-Aman apresenta um toque de neoclassicismo ocidental (construído por engenheiros alemães). Grande parte da expansão urbana de Cabul consiste em blocos de apartamentos construídos às pressas.
  • Moderno e Pós-2001: Desde 2001, alguns projetos adotaram estilos internacionais: novos hospitais, alguns shoppings e a grande "Zona Verde" construída pelos EUA (agora praticamente deserta). Influências de Istambul e Dubai aparecem em alguns hotéis novos. No geral, Cabul é mais sobre história do que sobre horizonte.

Fotografia: O que fazer e o que não fazer

Permitido: Paisagens, arquitetura, cenas de rua (com autorização), locais tradicionais.
Evitar: Retratos de pessoas sem consentimento (especialmente mulheres), pessoal uniformizado, equipamento militar e cartazes políticos modernos.
Na prática: Muitos afegãos gostam de ser fotografados; as crianças locais costumam sorrir para a câmera. Se estiver em dúvida, sorria e aponte para a câmera ou levante-a para mostrá-la — a reação delas lhe dará uma pista. Museus e muitos santuários têm placas proibindo a fotografia de peças em exposição. Sempre pergunte antes de tirar fotos em ambientes fechados ou em lojas privadas.

Quando é preciso ter cautela redobrada: Prédios governamentais (mesmo os construídos pelos Estados Unidos, como as embaixadas) geralmente têm placas proibindo fotos ou câmeras ao redor. não Tente fotografar qualquer coisa que contenha armas (exibição de minas terrestres, munições, guardas armados).

Nota cômica: Alguns viajantes relataram que os próprios combatentes do Talibã pediram selfies. No entanto, como as leis não são uniformes e a aplicação delas é imprevisível, a melhor prática é ser educado e cauteloso. Em caso de dúvida, mantenha a câmera guardada.

Se você se meter em encrenca

Entenda que as proteções legais são mínimas. A "justiça" do Talibã é arbitrária. Se for detido ou assediado: mantenha a calma e seja respeitoso. Dizer que você é turista e desconhece a situação às vezes pode ajudar. não Tentar filmar o incidente ou provocar com uma discussão pode acarretar mais problemas. Se houver um morador afegão ou um motorista amigo com você, peça que ele intervenha (os afegãos costumam ter bom instinto para identificar oficiais do Talibã).

Assistência Consular: A maioria das embaixadas ocidentais em Cabul está fechada; a assistência é prestada através das embaixadas de Cabul no exílio (Islamabad, Doha) ou de protetores em países vizinhos. O escritório da UNAMA em Cabul pode ajudar estrangeiros em situações extremas. Tenha sempre à mão um cartão com um contato confiável (como o número do gerente de um hotel).

Evitando problemas: Sempre porte documentos de identificação e de viagem. Nunca critique o governo nem exiba símbolos políticos. Evite discussões religiosas ou políticas em público, especialmente com estranhos.

Trabalhando remotamente de Cabul

Internet: Cabul possui redes 4G, mas as velocidades variam. Cafeterias raramente Ofereçam Wi-Fi confiável. Alguns hotéis de padrão internacional e ONGs têm acesso à internet via hotspot. Sempre use uma VPN (essencial para comunicação segura). Em caso de queda de energia, leve um carregador de laptop e uma bateria externa.

Cafés e espaços de coworking: Não existe um verdadeiro "espaço de coworking". Alguns viajantes trabalharam em lobbies de hotéis seguros ou cafés tranquilos em WAK (o lobby do Hotel Serena oferece Wi-Fi para hóspedes, embora as bebidas sejam caras). Espere ser interrompido ocasionalmente por perguntas ou olhares curiosos se trabalhar em público.

Duração do visto: Os vistos de turista geralmente têm validade de 30 dias, não são prorrogáveis ​​ou permitem apenas uma breve prorrogação por meio de processo oficial. As regras para vistos no Afeganistão são imprevisíveis; não planeje projetos de longa duração sem antes obter um visto de estudante ou de negócios pelos canais formais (e esteja ciente de que esses vistos podem ser negados).

Compras e Lembranças

  • Tapetes e têxteis: O Afeganistão é conhecido pelos seus tapetes feitos à mão. Lojas (como a Spinzar ou galerias menores em Wak) vendem tapetes por tamanho e estilo tribal (Cabul, Ghazni, Herat, etc.). A qualidade pode variar bastante. Se um tapete for muito barato, pode ser feito à máquina ou antigo; se for muito caro, peça um certificado de autenticidade (que comprove a diferença entre ser antigo e novo). Negocie com educação — os vendedores esperam alguma negociação. Lembre-se do frete: os tapetes são volumosos e difíceis de transportar; algumas lojas oferecem envio internacional mediante pagamento do custo do frete.
  • Lápis-lazúli: O norte do Afeganistão é a principal região produtora de lápis-lazúli, por isso essa gema azul (frequentemente usada em anéis ou pulseiras) é abundante. O lápis-lazúli local é genuíno, embora também existam imitações. Inspecione-o à luz do dia: o lápis-lazúli afegão tem uma cor azul profunda com manchas douradas (pirita). O vendedor pode revesti-lo com algum tipo de revestimento, então, se o preço for alto, pergunte sobre o peso.
  • Outros trabalhos manuais: Objetos de cobre (fiados e gravados), botas de couro, tigelas e chapéus bordados à mão (Pakol) e joias também são populares.
  • Mercados locais: Para lembrancinhas informais, visite o Mercado Zarnegar (feira de frutas e tecidos) ou as "feiras de rua", onde as mulheres vendem verduras ou roupas; nesses locais, você pode encontrar vestidos bordados à mão (kameez) e lenços. Se comprar roupas locais, elas provavelmente serão mais folgadas, então tire suas medidas ou experimente.
  • Como evitar armadilhas para turistas: Sempre compare os preços entre as lojas. Se um vendedor cobra US$ 50 por uma pulseira de prata, verifique o preço em outro lugar. Muitos itens têm preços mais altos para estrangeiros. Sempre peça uma nota fiscal (para vendedores que exigem visto) ou um carimbo no talão de recibos — guarde-os se você pretende exportar algo.

Conclusão: Acolhendo a Complexidade de Cabul

Cabul não é uma história fácil. É uma cidade de contrastes — antigas madrassas e ministérios modernos; olhares cautelosos e sorrisos largos; devastação e reconstrução lado a lado. Desafia os visitantes de primeira viagem com engarrafamentos e a necessidade de estarem sempre em alerta em relação à segurança, mas os recompensa com momentos de genuína hospitalidade e compreensão afegãs. Em Cabul, aprende-se a conviver com as contradições: admirar um jardim construído por um invasor (Babur) pela manhã e, ao entardecer, refletir em paz apesar das histórias de conflito que ainda se fazem presentes.

A verdadeira Cabul que os viajantes guardam na memória não se resume aos fatos históricos dos museus, mas também ao som dos pássaros em um bazar de vielas estreitas, ao sabor do arroz temperado compartilhado sob a marquise de um café ou à vista serena do alto de uma colina ao pôr do sol. Essa combinação de detalhes sensoriais é o que transforma uma viagem de "lista de itens a serem visitados" em uma experiência autêntica.

Para quem planeja essa viagem, a chave é o respeito e a abertura. Respeito pelos costumes locais, pelas leis e pelas diversas histórias desta terra. Abertura para o que possa parecer estranho e curiosidade sobre o cotidiano que aqui persiste. A cidade não irá surpreendê-lo oferecendo luxo, mas irá ensiná-lo, aos poucos, sobre resiliência, hospitalidade e a beleza na adversidade.

Cabul pode ser cansativa e exasperante — as intermináveis ​​negociações com taxistas, os cortes de energia noturnos, os procedimentos exaustivos para obtenção de licenças. Mas também pode ser fascinante: o aroma misturado de cardamomo e fumaça de carvão, as romãs verde-musgo empilhadas, os cânticos de renascimento em uma exposição de museu.

Em última análise, Cabul exige certa humildade de seus visitantes: não é uma vitrine, mas uma metrópole viva e pulsante, com suas próprias regras. Aqueles que vêm preparados — com paciência, sensibilidade cultural e espírito aventureiro — muitas vezes partem com algo inesperado: uma compreensão da resiliência e memórias que permanecem vívidas muito tempo depois da partida.

Leia a seguir...
Afghanistan Travel Guide

Afeganistão

A história e a identidade cultural do Afeganistão foram em grande parte moldadas por sua localização geográfica. O Afeganistão é uma junção histórica de civilizações cercadas pelo Paquistão...
Leia mais →
Histórias mais populares
10 Melhores Carnavais do Mundo

Do espetáculo de samba do Rio à elegância mascarada de Veneza, explore 10 festivais únicos que mostram a criatividade humana, a diversidade cultural e o espírito universal de celebração. Descubra…

10-Melhores-Carnavais-do-Mundo