Construídos precisamente para serem a última linha de proteção para cidades históricas e seus povos, enormes muros de pedra são sentinelas silenciosas de uma era passada.
Cabul situa-se no extremo leste do Afeganistão, com seu vale baixo aninhado no Hindu Kush. A 1.790 metros acima do nível do mar, a cidade estende-se ao longo do rio Cabul, cujo curso sinuoso define bairros antigos e modernos. Os bairros antigos aglomeram-se perto das margens do rio — Ponte Khashti, Shorbazar, Deh-Afghanan — onde ruas estreitas ainda lembram uma época anterior ao asfalto. Além disso, a expansão urbana sobe colinas e planaltos, agora subdividida em 22 distritos municipais que, juntos, formam o município mais populoso do Afeganistão.
Evidências arqueológicas sugerem a presença humana perto do local atual de Cabul há mais de 3.500 anos. Por volta do século VI a.C., registros aquemênidas mencionavam um assentamento situado em rotas comerciais vitais entre a Pérsia, o subcontinente indiano e as estepes da Ásia Central. Ao longo dos séculos, o valor estratégico de Cabul atraiu impérios sucessivos: governantes helenísticos selêucidas e bactrianos, emissários máurias, patronos kushan da arte budista e, posteriormente, dinastias muçulmanas — dos turcos xás aos timúridas. Cada dinastia deixou vestígios arquitetônicos e remodelou a identidade da cidade.
No século XVI, os imperadores Mughal designaram Cabul como sua sede de verão. Sob Humayun e Akbar, jardins e palácios ganharam forma, aumentando o peso econômico e cultural da cidade. A breve conquista de Nader Shah em 1738 inaugurou um período de turbulência, mas em 1747 Ahmad Shah Durrani, um chefe afegão, consolidou o poder e estabeleceu o reino de Durrani. Seu sucessor, Timur Shah Durrani, transferiu a capital de Kandahar para Cabul em 1776, uma escolha posteriormente ratificada por sucessivos governantes afegãos.
Durante a Segunda Guerra Anglo-Afegã (1878-1880), as forças britânicas ocuparam Cabul. Tratados garantiram laços diplomáticos, mas cederam o controle das relações exteriores afegãs à Grã-Bretanha. Após uma década, os britânicos se retiraram, deixando um emirado enfraquecido, mas soberano. As ruas estreitas de Cabul e seus cemitérios nas encostas — Shuhadayi Salihin — testemunharam tanto escaramuças quanto a cautelosa retomada da governança local.
O início do século XX viu avenidas planejadas, novos prédios governamentais e propostas ferroviárias que nunca se concretizaram. Na década de 1960, Cabul ganhou a distinção informal de "Paris da Ásia Central", com seus cafés e cinemas atraindo viajantes europeus que seguiam a rota terrestre para a Índia. Bagh-e Babur (os Jardins de Babur) e o Palácio Darul Aman tornaram-se símbolos de um cosmopolitismo florescente.
Essa era terminou com o golpe de Estado de 1978, conhecido como Revolução Saur. Em um ano, as tropas soviéticas intervieram, e a década de guerra que se seguiu fragmentou as ruas de Cabul. Em 1992, facções mujahideen disputavam o controle, reduzindo grande parte do centro da cidade a escombros. A ascensão do Talibã em 1996 impôs códigos sociais rígidos, fechando cinemas e reformando prédios. Depois de 2001, as forças lideradas pela OTAN expulsaram o Talibã, estimulando a reconstrução e uma onda de refugiados retornando do exílio. Em agosto de 2021, Cabul voltou a cair sob o domínio do Talibã com a retirada das forças estrangeiras.
O vale de Cabul é delimitado por cumes íngremes conhecidos localmente como kohn — Khair Khana-e Shamali ao norte, Sher Darwaza ao sul — enquanto colinas, ou tapa, pontuam o tecido urbano. Koh-e Asamai, "Colina da Televisão", ergue-se perto dos subúrbios ocidentais; Ali Abad ancora outro aglomerado de expansão residencial. Ao sul, o rio Logar se funde com o rio Cabul. Nos meses mais chuvosos, os rios fluem de forma constante; no verão, as mudanças climáticas frequentemente os reduzem a gotas.
Até décadas recentes, o pântano de Kol-e Hashmat Khan ficava logo além da cidade velha. Seus pântanos sustentavam aves aquáticas migratórias entre a Sibéria e o sul da Ásia. Designado área protegida em 2017, o lago raso ainda atrai espécies raras, como águias-imperiais-orientais. Mais a montante, a barragem artificial de Qargha criou um reservatório recreativo nove quilômetros a noroeste do centro da cidade.
A altitude de Cabul proporciona um clima semiárido frio. Os invernos trazem neve; as médias de janeiro giram em torno de -2,3 °C. A primavera traz a maior precipitação, frequentemente na forma de neve tardia. Os verões, embora secos, são temperados para os padrões regionais, com baixa umidade amenizando o calor diurno. Os outonos mudam rapidamente de tardes quentes para noites frescas. A temperatura média anual permanece próxima a 12 °C, mais baixa do que na maioria das outras cidades afegãs.
Ao longo do século XXI, a população de Cabul cresceu rapidamente — de menos de meio milhão em 2001 para mais de sete milhões em 2025. A migração rural-urbana, os retornados do Paquistão e do Irã e os deslocamentos devido a conflitos alimentaram assentamentos informais nas encostas. As autoridades toleraram moradias de tijolos de barro sem serviços públicos. A partir de 2017, equipes municipais pintaram essas casas com cores vibrantes para melhorar o moral.
Administrativamente, o Distrito de Cabul abrange a cidade propriamente dita dentro da Província de Cabul. Dezoito distritos municipais, numerados de um a dezoito, aumentaram para vinte e dois em 2010, quando quatro áreas rurais foram absorvidas. O Distrito 1 abriga a maior parte da cidade antiga; os distritos 2, 4 e 10 formam o centro moderno. Disputas sobre governança às vezes deixam os distritos periféricos sob a autoridade provincial, e não municipal.
Cabul funciona como o centro financeiro e comercial do Afeganistão. Artesanato tradicional – secagem de frutas, processamento de nozes, tecelagem de tapetes e artigos de couro – persiste, juntamente com novos empreendimentos: shoppings fechados como o Kabul City Center (inaugurado em 2005), o Gulbahar Center e o Majid Mall. Bazares atacadistas concentram-se ao longo da Mandawi Road e do mercado de câmbio Sarai Shahzada. A Chicken Street atrai visitantes estrangeiros em busca de antiguidades e tecidos.
Zonas industriais concentram-se ao norte do rio, no Distrito 9, e em Bagrami-Kariz, nove hectares de terrenos urbanizados que abrigam uma fábrica da Coca-Cola e fábricas de sucos. No entanto, a corrupção persistente — classificada entre as mais altas do mundo em 2010 — continua a desencorajar investimentos estrangeiros em larga escala. A ajuda internacional, incluindo um projeto de reconstrução de US$ 25 milhões do Banco Mundial (2002-2011) e US$ 9,1 bilhões em financiamento subsequente de infraestrutura, sustenta melhorias nas estradas e serviços públicos.
A cidade preserva vestígios de múltiplas eras. A Fortaleza de Arg e a cidadela de Bala Hissar lembram as fortalezas Durrani e Mughal; a Mesquita Id Gah (1893) e a Mesquita Abdul Rahman servem congregações hoje. O Palácio Bagh-e Bala oferece uma vista privilegiada do topo da colina. Museus abrigam artefatos dos tempos budista e greco-bactriano: moedas, estátuas e a escultura Surya no Museu Nacional. Os Jardins Paghman e seu arco Taq-e Zafar ficam a oeste da cidade, enquanto o desfiladeiro Tang-e Gharu, na Rua Jalalabad, oferecia abrigo aos viajantes.
Os espaços de entretenimento pré-industriais praticamente desapareceram: antes, havia vinte e três cinemas em funcionamento, mas agora restam apenas quatro. O Teatro Nacional Nandari, que já foi um dos maiores da Ásia, foi destruído pela guerra civil e permanece sem restauração. Demolições recentes fecharam o Park Cinema em 2020. O Mausoléu da Família Real Afegã, o Zoológico de Cabul e o Museu da Mina OMAR sobrevivem como atrações mais tranquilas.
Nenhuma linha ferroviária chega a Cabul. Rodovias se espalham em todas as direções: AH76 ao norte, em direção a Charikar e Mazar-i-Sharif; AH77 a oeste, em direção a Bamiyan; a rota Ghazni-Kandahar, a sudoeste; o corredor Jalalabad, a leste, em direção ao Paquistão. Dentro da cidade, as rotatórias na Praça Pashtunistan e no Círculo Massoud formam cruzamentos importantes; Sar-e Chawk antigamente marcava o centro da Rua Maiwand.
O congestionamento rodoviário impulsionou o planejamento de um anel viário de 95 km, aprovado em 2017, embora a construção permaneça incompleta. Um projeto de ônibus rápido previsto para 2018 sofreu atrasos; em março de 2021, veículos da IC Bus inauguraram um novo serviço urbano. A rede Milli Bus de Cabul, estabelecida na década de 1960, ainda opera cerca de 800 ônibus a diesel, além de táxis informais — a maioria Toyota Corollas antigos, pintados de branco e amarelo. Tentativas de transporte eletrificado, como o sistema de trólebus Škoda (1979-1992), foram interrompidas durante a guerra; postes de aço ocasionais permanecem como lembranças.
Desde 2019, as autoridades municipais utilizam a D-Agree, uma plataforma de deliberação online, para solicitar feedback dos cidadãos sobre projetos urbanos. Até agosto de 2021, mais de 15.000 moradores contribuíram para as discussões de planejamento, gerando mais de 71.000 comentários. Apesar da mudança de controle político, a plataforma continua sob os auspícios das Nações Unidas como um modelo de participação digital.
Cabul guarda camadas de história — de referências aquemênidas ao modernismo do século XX —, mas enfrenta desafios persistentes: a poluição do ar piora a cada inverno, com a queima de combustíveis de baixa qualidade em fogões improvisados; a escassez de água e a dessecação do leito dos rios sinalizam mudanças ambientais mais amplas. Assentamentos informais sobrecarregam os serviços municipais, enquanto a corrupção restringe os investimentos. Mesmo assim, Cabul continua sendo o centro do Afeganistão, suas ruas testemunham séculos de esforço humano e sua arquitetura, um arquivo de convergência cultural.
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Cabul ergue-se de um vale íngreme no coração do Hindu Kush, uma cidade de histórias complexas e vitalidade inesperada. A aproximadamente 1.800 metros acima do nível do mar, seu clima seco e a luz cristalina da montanha criam o cenário perfeito para uma cidade que é, ao mesmo tempo, antiga e moderna. As amplas avenidas e os imponentes edifícios governamentais de Cabul coexistem com ruelas estreitas de paredes de barro e santuários centenários. Este guia foi escrito para viajantes independentes curiosos sobre a verdadeira natureza de Cabul — não se trata de uma propaganda nem de um alerta, mas sim de um relato cuidadoso sobre o que significa visitar, vivenciar e explorar esta capital complexa no final de 2025.
Índice
A história de Cabul remonta a milênios: ao longo das rotas comerciais da Rota da Seda, passando pelos jardins mogóis, conflitos soviéticos e décadas de guerras civis afegãs. Hoje, serve como capital sob o governo do Emirado Islâmico, com vestígios de seu passado ainda visíveis na arquitetura e na vida urbana. A cidade está situada em meio às planícies de Shomali e ladeada pelos picos reluzentes do Hindu Kush. O rio Cabul serpenteia pelo vale, dividindo a Cidade Velha, a sudeste, dos distritos mais modernos ao norte e oeste.
A atmosfera é multifacetada. Num instante, você pode passear por um jardim em terraços ao estilo Mughal, com pavilhões de mármore esculpido, e no instante seguinte, percorrer o caminho entre prédios governamentais de estilo brutalista francês, em tons de amarelo mostarda, e telhados remendados. O ritmo varia conforme o bairro. O diplomático Wazir Akbar Khan transmite uma sensação de calma e tranquilidade, com plátanos e vistas panorâmicas do alto das colinas, enquanto a Cidade Velha pulsa com motos, cantos de pássaros e vendedores ambulantes. Ao entardecer, a luz do sol tinge de dourado as ruínas de fortalezas ou os cafés de narguilé iluminados por luzes de néon, dependendo de onde você estiver.
O encanto de Cabul é sutil: não se resume à lista turística habitual de selfies com bandeiras e leões, mas sim à sensação da cidade sob os pés. A pedra desgastada da Mesquita Shah-Do Shamshira, o aroma inconfundível do pão sírio assando, o ruído de um táxi Gazal cor de mel — essas são as texturas de Cabul. Para muitos visitantes, essas camadas sensoriais e a resiliência da vida cotidiana em uma cidade há muito estudada e frequentemente obscurecida por estrangeiros podem ser profundamente comoventes.
No entanto, Cabul também é um lugar de tensão e cautela. Os alertas oficiais de viagem permanecem extremamente restritivos, desaconselhando todas as viagens devido a preocupações com a segurança (os EUA e outros governos mantêm seus enviados afastados e aconselham os viajantes a ficarem em casa). No entanto, nas ruas, Cabul no final de 2025 funciona como uma cidade normal: bazares movimentados, trânsito fluindo e pessoas seguindo suas rotinas diárias. A verdade está em algum lugar entre esses dois extremos: um visitante honesto deve reconhecer tanto os alertas oficiais quanto a realidade vivida de como Cabul funciona hoje.
Este guia foi criado para leitores que desejam viajar com cautela, mas também compreender plenamente o seu destino. Ele combina orientações práticas com descrições vívidas da cultura local. Você encontrará roteiros detalhados, perfis de bairros, guias gastronômicos e dicas de segurança baseadas em informações atualizadas. Ao longo de todo o guia, o tom é ponderado e descritivo: o olhar de um jornalista sobre as estruturas da cidade e a sensibilidade de um viajante para com a vida local.
Entrar no Afeganistão exige planejamento antecipado. Vistos: Todos os estrangeiros precisam de visto. Não existe visto na chegada; as solicitações são processadas pelas embaixadas afegãs reconhecidas pelo governo vigente. Na prática, a maioria dos viajantes independentes solicita o visto pelo consulado em Islamabad (Paquistão) ou Peshawar, ou por meio de um despachante/agente que lida com as missões diplomáticas afegãs. As taxas típicas de visto de turista em Islamabad/Peshawar giram em torno de US$ 80 (padrão) ou US$ 130 (expresso) para um visto de entrada única com validade de 30 dias. Dubai costuma ser uma escala, mas o serviço de visto direto lá é limitado. Esteja preparado para fornecer documentos básicos (fotos 3x4, cópias do passaporte, talvez uma carta-convite ou plano de viagem) e faça isso com antecedência — o processamento pode ser imprevisível.
Além do visto de entrada, o Afeganistão exige autorizações de viagem para a maioria das províncias. Cada província que você planeja visitar deve ser listada em uma autorização oficial (اجازهنامه سفر) obtida no Ministério da Informação e Cultura em Cabul. O procedimento é um pouco burocrático: ao chegar em Cabul, os viajantes estrangeiros podem ir à seção “Diretório de Turismo” do Ministério, preencher um formulário nomeando as províncias que pretendem visitar e pagar aproximadamente 1.000 AFN (cerca de US$ 12) por província. Espere receber a autorização no mesmo dia ou no dia seguinte. Ao chegar nos postos de controle provinciais ou escritórios locais, geralmente é necessário apresentar essa autorização (para que as autoridades afegãs registrem seu itinerário). Reserve meio dia em Cabul para providenciar essas autorizações antes de sair da cidade.
As quatro estações do ano em Cabul são nitidamente distintas.
Lista rápida de itens para levar na mala: Leve roupas em camadas (camisas de algodão com um fleece quentinho), um calçado resistente para caminhada, uma jaqueta quente (mesmo na primavera/outono) e capa de chuva ou guarda-chuva confiáveis (para tempestades de inverno e verão). Para mulheres, saias/calças compridas discretas e um lenço leve para a cabeça (para visitas à mesquita ou áreas conservadoras). Um adaptador de energia universal e uma bateria externa são indispensáveis, já que os cortes de energia e os pontos de recarga podem ser imprevisíveis.
Por via aérea: A partir do final de 2025, o Aeroporto Internacional de Cabul (Hamid Karzai) passou a operar alguns voos comerciais. Há voos diretos para alguns centros regionais: a Ariana e a Kam Air operam voos partindo de Dubai, Istambul, Islamabad, Peshawar e Abu Dhabi (as rotas podem variar conforme a demanda). Consulte as companhias aéreas antes de reservar, pois os horários podem sofrer alterações rapidamente. A segurança no aeroporto é rigorosa; reserve tempo extra.
Por terra: Muitos viajantes chegam por terra vindos do Paquistão. A travessia de Torkham (perto de Peshawar) é movimentada; táxis e ônibus compartilhados fazem o trajeto regularmente entre Peshawar e Cabul via Jalalabad (uma viagem de aproximadamente 5 a 6 horas de Peshawar a Cabul por estradas de montanha). Se vier do Paquistão, provavelmente você obterá seu visto afegão em Islamabad ou Peshawar antes de entrar no país e, em seguida, passará pela imigração. Da Ásia Central, a estrada de Mazar-i-Sharif ou Kunduz também leva ao norte. O Passo de Salang para Mazar-i-Sharif reabre na primavera após as neves do inverno; de lá, estradas levam ao Uzbequistão e ao Tadjiquistão.
Uma vez no Afeganistão, viajar por terra é acessível, mas pode ser lento. Táxis compartilhados (vans locais) são comuns para viagens entre cidades: por exemplo, Cabul–Bamiyan (aproximadamente 5 horas, cerca de 400 AFN), Cabul–Mazar (aproximadamente 6–7 horas via Salang, cerca de US$ 5), Cabul–Herat (aproximadamente 14–16 horas, cerca de US$ 10). Eles partem de pontos específicos (geralmente nos arredores da cidade) somente quando estão lotados. Aluguel de carros particulares está disponível, mas é mais caro. Voos domésticos (Ariana, Kam Air) conectam Cabul a Bamiyan, Mazar e Herat em cerca de uma hora cada; as passagens podem variar de US$ 50 a US$ 150 por trecho, se reservadas com antecedência.
Uma vez em Cabul, táxis e carros particulares são a norma; há Sem metrô ou trem subterrâneo.
Como chamar táxis com segurança: Durante o dia ou no início da noite, geralmente é seguro acenar para um táxi. À noite, considere reservar com antecedência através de um hotel ou serviço de táxi por aplicativo, se possível; a violência contra estrangeiros pode ocorrer após o anoitecer, portanto, homens e, principalmente, mulheres devem ser cautelosos.
Moeda: A moeda local é o afegani (₳). Algumas lojas e hotéis aceitam dólares americanos, mas não conte com a possibilidade de pagar todas as despesas em dólares. Leve uma variedade de dinheiro em espécie. Existem caixas eletrônicos em grandes hotéis e no aeroporto, mas podem ser instáveis ou estar fora de serviço. Se o seu cartão for Visa ou MasterCard, você poderá sacar afeganes em alguns caixas eletrônicos; leve dinheiro extra como reserva, por precaução.
Cartões SIM e Internet: Todas as principais operadoras de telefonia móvel afegãs (Roshan, Afghan Wireless, Etisalat, etc.) oferecem chips 4G. Você pode comprar um chip no aeroporto ou em lojas da cidade apresentando seu passaporte. Os planos de dados são acessíveis, mas espere uma velocidade relativamente lenta e interrupções ocasionais (a infraestrutura de internet é precária). O WhatsApp e outros aplicativos de mensagens geralmente funcionam por meio de uma VPN (muitos sites, como Facebook ou YouTube, podem estar bloqueados). O Wi-Fi em hotéis pode ser instável. Se você depende de dados, compre GB suficiente para mapas e uso emergencial.
Código de vestimenta: A modéstia é fundamental. Os homens devem usar calças compridas e evitar camisas sem mangas. As mulheres, especialmente em locais públicos ou áreas rurais, devem cobrir os braços, as pernas e o cabelo com um lenço ou xale solto. Muitas mulheres afegãs também cobrem a cabeça, mesmo nas ruas. Calças ou saias compridas com blusas soltas e um lenço na cabeça são suficientes. Roupas justas ou reveladoras não são recomendadas. Em locais religiosos (mesquitas e santuários), tanto homens quanto mulheres devem tirar os sapatos e (no caso das mulheres) cobrir o cabelo.
Saudações: Um aceno de cabeça ou um aperto de mãos são comuns entre homens e mulheres. Apertos de mão entre gêneros são delicados: não estenda a mão para cumprimentar uma mulher afegã a menos que ela ofereça primeiro. Em vez disso, uma leve reverência ou um gesto com a mão sobre o coração é respeitoso. Use a mão direita para apertos de mão e ao entregar ou receber objetos (a mão esquerda é considerada indelicada para essas situações).
Fotos e autorizações: Fotografar pode ser complicado. Monumentos públicos, paisagens urbanas e rurais geralmente não apresentam problemas. Sempre peça permissão antes de fotografar pessoas, especialmente mulheres; um sorriso educado e um aceno de cabeça costumam ser suficientes. Alguns vendedores de pássaros ou artesãos locais podem permitir fotos se você sorrir primeiro. Nunca fotografe militares, prédios governamentais ou cartazes da época do Talibã, a menos que tenha permissão; fazer isso pode causar sérios problemas. Câmeras de drones são terminantemente proibidas.
Comportamento: Demonstrações públicas de afeto em voz alta são malvistas. Mantenha o tom de voz moderado. Sentar-se de pernas cruzadas ou qualquer gesto que mostre a sola do pé é considerado rude; em vez disso, sente-se com os pés apoiados no chão ou ao lado do corpo. O consumo de álcool em público não é permitido (nem mesmo para estrangeiros); evite portar bebidas alcoólicas. Durante o Ramadã (se viajar nesse mês), seja respeitoso: não coma, beba ou fume em público à luz do dia se não for muçulmano.
Etiqueta da Mesquita: Ao visitar mesquitas (como o belíssimo Santuário de Sakhi ou Shah-Do Shamshira), caminhe em silêncio, não interrompa as orações e vista-se de forma ainda mais conservadora. Retire os sapatos na entrada; as mulheres devem estar com a cabeça totalmente coberta. Admire a arquitetura e os azulejos pela parte de trás, caso estejam ocorrendo cultos.
Interações: Os afegãos são conhecidos por sua hospitalidade. Se for convidado para um chá ou uma refeição, aceite com gratidão — a conversa geralmente gira em torno de perguntas sobre a vida no exterior, família e elogios educados sobre o país. Sempre use a mão direita para comer pão ou passar comida. É comum servir o convidado primeiro em uma reunião.
Nota cultural: As décadas de turbulência em Cabul geraram certa cautela entre os moradores. É normal ser recebido calorosamente por uma pessoa e, em seguida, gentilmente corrigido por outra sobre algum ponto de etiqueta (por exemplo, como se sentar ou sobre o que perguntar). Não leve as correções para o lado pessoal; elas costumam ser feitas de boa fé.
O ambiente de segurança em Cabul é instável. O governo talibã declara o país seguro e está ansioso para receber visitantes, mas o risco real persiste. Na própria Cabul, conflitos armados são raros, mas não desconhecidos: houve relatos esporádicos de atentados a bomba ou tiroteios, mesmo nos últimos dois anos.
Importante: Este guia fornece contexto e dicas, mas as condições podem mudar rapidamente. Mantenha-se sempre atualizado com as notícias locais, respeite todas as leis e confie em seus instintos de segurança.
Comece em Wazir Akbar Khan (frequentemente chamado apenas de "WAK"), um bairro com ruas largas ladeadas por árvores e embaixadas. Uma curta caminhada até o topo da colina atrás do antigo Palácio Presidencial (identificado como Colina Wazir Akbar Khan em muitos mapas) oferece uma vista panorâmica. De lá, você pode ver Cabul se estendendo: a extensa área verde do Parque do Rio Cabul abaixo, o Jardim de Babur ao sul (seu plano para o Dia 2) e o Arghandab e o Hindu Kush além.
No topo, uma bandeira do Talibã tremula ao vento. Para os visitantes, é um símbolo marcante: a nova bandeira e o novo governo de Cabul em plena exibição. Aproxime-se com respeito, mas é seguro fotografar a bandeira à distância — aliás, em muitos postos de controle, os combatentes locais posam alegremente para fotos com sua bandeira.
No topo da colina, ergue-se um modesto santuário dedicado a Shah-e Mullah Muhammad Omar, o fundador do Talibã (Mullah Omar). Observe em silêncio este discreto edifício quadrado com cúpula e o túmulo mais simples do Sheikh Sayed Hamid, que fica atrás dele e agora também funciona como santuário. Ambos estavam outrora ocultos por escombros e foram restaurados pelo regime atual. Se tiver curiosidade, pode entrar na cúpula principal (tire os sapatos) para ver fileiras de homens rezando — geralmente, câmeras não são bem vistas lá dentro, então a vista é da entrada. Este local mostra como a história recente se entrelaça aqui: o túmulo simples de Mullah Omar fica ao lado da nova bandeira que ele ajudou a hastear em 1996.
Após o almoço (experimente um kebab local ou um ensopado farto em um restaurante simples em WAK), siga para o outro lado da cidade e visite o Museu Nacional do Afeganistão (reaberto após anos de restauração). A corrida de táxi de WAK até Shah-Do Shamshira ou a área de Ranibagh deve levar cerca de 15 a 20 minutos (25 a 40 AFN, negocie ou insista para que o taxímetro ligue).
Dentro do museu (o horário de funcionamento é geralmente do final da manhã até o meio da tarde), você encontrará um tesouro surpreendente: mais de 35.000 itens de arqueologia, arte e artefatos que datam da pré-história aos tempos modernos. Os destaques incluem joias de ouro bactrianas, esculturas em pedra dos períodos greco-bactriano e cushano, figuras budistas (outrora visíveis em Bamiyan) e coleções impressionantes de caligrafia e manuscritos. Grande parte do acervo foi saqueada ou destruída na década de 1990, mas a curadoria recente recuperou e restaurou muitos tesouros. Reserve um tempo para ver as páginas do Alcorão da era gaznávida, moedas raras dos primeiros reinos afegãos e insígnias reais. Se o regime atual permitir, uma visita ao antigo Palácio Darul Aman, o "Museu da Guerra", ao lado, pode complementar a experiência: ele exibe armamentos, fotos da época do Talibã e exposições sobre a desminagem realizada pelo PMAC (Ministério Popular para Programas Aviários e Cívicos), que removeu munições não detonadas (o trabalho do PMAC é inspirador para os afegãos).
O ambiente aqui é sóbrio, mas orgulhoso: uma nação reconstruindo sua história. Observe como as exposições frequentemente apresentam legendas em persa e pashto, além do inglês. Após absorver a história, dê um passeio e talvez sente-se na fonte do jardim para refletir.
Ao cair da noite, siga para o bairro da Cidade Velha (na região de Shah-Do Shamshira e Ka Faroshi/Bazar). Em particular, o Mercado de Pássaros de Ka Faroshi é imperdível. Seguindo o Rio Kabul até a Praça Maiwand (uma rotunda local), você encontrará uma viela estreita repleta de pequenas lojas e gaiolas de pássaros.
Mercado de pássaros Ka Faroshi: Aqui, o tempo parece parar. Chegue por volta do final da tarde, quando os comerciantes de pássaros locais colocam milhares de aves em gaiolas: perdizes-chukar, tentilhões, pombas, papagaios e, especialmente, a famosa perdiz-chukar afegã. Observe os homens curvados sobre as gaiolas, ouvindo o canto dos pássaros. Os vendedores conversam e pechincham, vendendo ração, gaiolas e filhotes de codorna. Canários cantam e galos de briga cacarejam. A cena é barulhenta, com cantos e criaturas correndo — um vislumbre de um antigo passatempo afegão. Fotografar os pássaros é permitido (as pessoas geralmente não se importam se você pedir permissão primeiro).
O mercado estreito parece cercado pela margem do rio Cabul de um lado. Se a fome bater, algumas barracas de comida simples oferecem wraps de naan e kebabs — bem básicos, mas tentadores depois de um dia inteiro explorando a região.
Depois, caminhe um pouco para oeste até a área da Rua das Galinhas (Koch-e Murgha), no distrito de Shahr-e Naw. Apesar do nome, esta rua não tem galinhas. Em vez disso, é um pequeno quarteirão com lojas de souvenirs e cafés (a maioria agora fechados) que antes atendiam hippies e diplomatas. Hoje, é um local tranquilo, mas várias lojas boutique estão passando por reformas para a reabertura. Você pode encontrar casacos afegãos, joias e tapeçarias desbotadas se procurar bem. Para o jantar, vá a um dos restaurantes mais sofisticados de Cabul, nos bairros vizinhos de Wazir Akbar Khan ou Shahr-e Naw: o Sufi Mahal é um pavilhão de madeira arejado que serve kebabs e mantu fartos; o Khanagi é uma padaria que oferece naan caseiro com ensopados afegãos cremosos; ou os restaurantes Maiwand ou Shaam para uma experiência mais requintada com sabores tradicionais (kebabs de cordeiro, sabzi, pratos de arroz) em pátios.
Antes de dormir, saboreie um chá preto doce em uma casa de chá próxima. Observe como a vida noturna de Cabul é tranquila: famílias reunidas para comer samosas, homens em lounges de narguilé. Deite-se com a sensação da atmosfera da cidade — mercados antigos movimentados e avenidas diplomáticas arborizadas compartilhando um mesmo horizonte.
Comece cedo para visitar o Bagh-e Babur, o jardim imperial em terraços construído pelo imperador mogol Babur em 1504 (suas memórias, o Baburnama, detalham seu projeto original). O parque de 36 hectares fica a sudoeste do centro da cidade, nas suaves encostas da montanha Sher Darwaza. Uma corrida de táxi até o portão principal (perto do Parque Shahr-e Naw) custará cerca de 150 a 200 AFN do centro de Cabul.
Na entrada, atravesse o caravançará restaurado do século XIX (agora uma área de museu com artefatos) e entre no charbagh, um jardim com canais entrecruzados e caminhos pavimentados. O jardim possui quinze amplos degraus que sobem a encosta. Passeie entre ciprestes, tulipas (na primavera) e fontes ressuscitadas das ruínas. Ao longo do caminho, faça uma pausa no Túmulo de Babur, uma plataforma octogonal com uma lápide central sem cobertura: o último desejo de Babur era ser enterrado de forma que flores silvestres crescessem sobre seu túmulo. Hoje, seu túmulo é marcado por inscrições esculpidas, mas, de resto, está aberto para o céu.
Numa das plataformas encontra-se o Palácio da Rainha (Palácio Tajbeg), um pavilhão com torres construído para a esposa de Babur e restaurado pela Fundação Aga Khan. Subindo até ao topo, tem-se uma vista panorâmica da cidade e dos bairros modernos de Cabul para além do Parque Shahr-e Naw. Em dias de céu limpo, a luz incide sobre os telhados vermelhos e os picos brancos ao longe.
Ao sair do Babur's, siga pelo portão oeste em direção ao distrito de Shahr-e Naw. Lá, você encontrará padarias sombreadas vendendo naan quente e doces (doces afegãos recheados com nozes ou shorak, uma pasta à base de abóbora). Esta é uma boa hora para experimentar os pratos típicos do café da manhã afegão: pão lavash ou tabakh com ovo cozido e queijo amarelo fresco, ou a criança (pão achatado frito na frigideira recheado com alho-poró ou batatas). Tome outro gole de chá verde antes de ir ao santuário da tarde.
Uma curta caminhada ou viagem de táxi a oeste do Jardim de Babur leva você a Karte-Ye-Sakhi, um bairro dominado por um impressionante complexo de santuários com cúpula turquesa. Este é o Santuário Sakhi Shah-e-Mardan (também conhecido como Ziarat-e Sakhi), um dos locais de peregrinação mais importantes de Cabul. Ele homenageia Hazrat Ali, primo e genro do Profeta Maomé, que se acredita ter visitado o local ou deixado uma relíquia ali. A lenda do santuário envolve um manto sagrado (do Profeta) e sonhos místicos de Ali neste local.
A arquitetura do santuário é deslumbrante: seis cúpulas azul-celeste e múltiplos minaretes cobertos por azulejos esmaltados brilhantes, construídos originalmente no início do século XX e ampliados pela mãe do Rei Amanullah em 1919. Suba a escada estreita até o pátio de mármore. Dentro da mesquita masculina (a entrada é gratuita ou tem um custo simbólico), padrões e caligrafia persas neo-safávidas ornamentados cobrem as paredes. Não-muçulmanos podem ficar perto do hall de entrada para admirar os intrincados azulejos — na sala de oração, as mulheres depositam pedidos em uma alcova esculpida, enquanto uma caverna escura na rocha, abaixo do solo, guarda arte votiva e uma relíquia em forma de dedo (a suposta impressão da mão de Ali).
Certifique-se de seguir a etiqueta da mesquita: as mulheres devem cobrir totalmente o cabelo e falar baixo (traga ou alugue um lenço, se necessário, na entrada). Os sapatos devem ser retirados no portão. Dedique alguns minutos à contemplação — mesmo que você não compartilhe da fé, a disciplina e as cores deste espaço são impressionantes.
Ali perto, saboreie um chai em uma das pequenas varandas ou cafés de frente para o santuário. Esses locais oferecem refeições simples ou doces para os visitantes do sexo masculino (mulheres são raras por aqui). Observar os devotos rezando e os peregrinos chegando de carro ou burro é uma lição de espiritualidade afegã.
Ao pôr do sol, siga para o Palácio Darul Aman, um magnífico edifício com cúpula localizado nos arredores da cidade (a cerca de 7 km do centro). Este palácio neoclássico foi construído na década de 1920 pelo Rei Amanullah Khan como um símbolo do Afeganistão moderno. Sofreu grandes danos durante a guerra civil, mas foi cuidadosamente restaurado e reaberto ao público nos últimos anos.
Chegue uma hora antes do pôr do sol, se possível. Os pisos de mármore, os grandes salões e os jardins do palácio ficam majestosos sob a luz suave. Se houver visitas guiadas disponíveis, você poderá entrar para ver retratos centenários e objetos políticos antigos; caso contrário, admire as colunas imponentes e a grande cúpula do lado de fora. Os jardins do palácio têm gramados e canteiros de flores impecavelmente cuidados, um contraste marcante com os escombros de décadas passadas.
Quando o céu fica alaranjado atrás da cúpula, a vista para oeste é fascinante. Da fachada do Darul Aman, observe a cordilheira de Panjshir no horizonte — as montanhas costumam adquirir uma tonalidade rosa pastel ao entardecer. No interior do palácio, ou no gramado, desfrute do ar fresco da noite.
Para o jantar, de volta ao centro da cidade, experimente uma rua de mercado noturno ou uma casa de chá que fique aberta até tarde. Existem poucos "mercados noturnos" formais em Cabul, mas perto de Shahr-e Naw ou mesmo na área da Rua do Frango, alguns vendedores ambulantes grelham kebabs ou preparam mantu (dumplings) frescos até tarde da noite. Muitos restaurantes agora têm horário estendido — Khanagi e Maiwand, inclusive, depois das 21h — então você pode desfrutar de outra refeição afegã completa (talvez com legumes assados, frango karahi grelhado e arroz branco) antes de ir dormir.
O terceiro dia é flexível, dependendo dos seus interesses e planos de viagem subsequentes. Aqui estão dois caminhos:
A cerca de 40 km ao norte de Cabul fica Istalif, uma vila pitoresca conhecida por sua cerâmica e pelo ar fresco da montanha. Se a agitação urbana de Cabul parecer pesada, considere uma viagem de meio dia até lá. Há vans compartilhadas saindo de Charahi Ansari, no centro de Cabul (peça a um táxi para parar no ponto "Istalif taxi"). O trajeto, que dura aproximadamente de 1 a 1,5 hora, serpenteia por uma serra com vistas para pomares de macieiras em terraços.
Em Istalif, a vila se estende por uma série de encostas verdejantes. As oficinas de oleiros são famosas: mulheres carregam argila, homens moldam jarras e tigelas em fornos ao ar livre. Muitas vezes, é possível observar um artesão prensando a argila úmida em uma roda de oleiro para fazer uma grande olla ou um vaso de flores, que depois é queimado em um forno subterrâneo. O ar tem cheiro de terra e pinheiros. Um pequeno rio atravessa a vila; crianças brincam em suas margens.
Suba até o santuário na colina (Ziarat-e Pir Hajji Yousuf, a cerca de 20 minutos de caminhada). De lá, você terá uma vista panorâmica das casas caiadas de branco de Istalif e da bacia de Cabul. Retorne à cidade a tempo para o almoço (experimente). ASAK ou propriedade em um café caseiro de Cabul à beira da estrada).
Se preferir ficar em Cabul, continue explorando a Cidade Velha. Caminhe até a Mesquita Amarela (Shah-Do Shamshira), uma curiosa mesquita amarela de dois andares construída no estilo barroco-istambulense. Seus minaretes gêmeos e a ornamentada decoração em estuque branco a destacam às margens do rio. Vale a pena entrar para apreciar seu alegre salão de orações com azulejos. Nas proximidades, encontra-se o túmulo de Chin Timur Khan, primo do primeiro imperador Mughal, onde os moradores locais depositam coroas de flores em lápides de mármore.
De lá, percorra as ruelas estreitas a leste do rio, onde o cotidiano se desenrola: homens jogando gamão nas varandas, mulheres negociando frutas na feira sob as espigas de papoula penduradas, crianças em uniformes escolares. Guarde sua câmera; esta área é para um passeio contemplativo.
Visite o Parque Memorial das Vítimas da Guerra – um recanto tranquilo com bandeiras afegãs e nomes de soldados caídos, refletindo a história mais recente.
Após o seu último passeio matinal, é hora de se preparar para a viagem ou partida. Se for continuar a viagem, verifique os horários de ônibus ou voos (muitos voos partem por volta do meio-dia ou à noite para cidades do norte). Se tiver tempo extra em Cabul, um roteiro sensato para meio dia pode ser:
Se você tiver que encaixar Cabul em 1 ou 2 dias: sendo realista, concentre-se no primeiro dia (vista + museu + Mercado de Pássaros) e, no segundo dia, visite o Jardim de Babur e o Santuário de Sakhi (pule Istalif e Darul Aman). Isso cobre os pontos turísticos imperdíveis.
Escolher onde passear ou se hospedar em Cabul pode influenciar muito a sua experiência. Aqui estão cinco áreas distintas:
Nenhum bairro é completamente seguro após o anoitecer, e áreas consideradas "boas" podem ter postos de segurança. É prudente perguntar aos funcionários do hotel ou a conhecidos locais sobre a segurança na rua onde você está hospedado. Em geral, evite a região mais a oeste (perto do Estádio Ghazi) à noite e tenha cautela perto de áreas de conflito.
A cultura gastronômica de Cabul é fundamental para o cotidiano. As refeições afegãs são substanciosas, fartas e compartilhadas — a carne costuma ser cozida lentamente por horas e o arroz é o prato principal. Eis o ritmo local das refeições:
Comida de rua: Em áreas seguras, procure vendedores de charsoo (charah charsoo) perto dos principais corredores do bazar, que servem carnes grelhadas de animais criados ao ar livre ou apenas (um tipo de pão frito). Mas tenha cuidado: só coma comida de rua se a barraca estiver movimentada com moradores locais e a comida estiver bem quente. A água de Cabul pode não ser potável: água engarrafada é facilmente encontrada, ou tome chá fervido em vez de água da torneira.
Tradutor de menu: Ao pedir pratos afegãos, aqui estão alguns nomes importantes:
– Em: O onipresente pão achatado (naan) que acompanha todas as refeições.
– Cenoura: espinafre (um ensopado de ervas verdes, geralmente com carne).
– Pulao aceitável: O prato nacional de arroz com cordeiro, cenouras e passas.
– Propriedade: Bolinhos cozidos no vapor, recheados com carne temperada e servidos com iogurte.
– Aush/Chorba: Sopa ou guisado substancioso (geralmente de cordeiro ou frango com legumes).
– Churrasquinho: espetos de carne grelhada.
– Shor Nakhod ou Masoor Daal: Ensopado de grão-de-bico ou lentilha vermelha (temperado).
– Sambosa: Samosa afegã (pastel triangular recheado com batata e carne).
– Halwa: Bolo doce e denso, sobremesa popular (tâmaras, cenoura, etc).
– Suco: Bebidas doces à base de frutas (experimente romã ou cenoura).
Cabul não é um lugar para todos os viajantes. Cada um terá uma experiência diferente:
Vamos separar o mito da realidade em Cabul.
A pé, as ruas muitas vezes não têm faixas de pedestres ou calçadas, então atravesse apenas nos cruzamentos principais ou siga os moradores locais (eles têm um fluxo específico nos cruzamentos). As pessoas geralmente são respeitosas, mas sempre preste atenção onde pisa perto de carros e em calçadas irregulares.
Pergunte aos moradores locais: Taxistas e lojistas costumam ignorar os avisos oficiais, dizendo que são “para embaixadas estrangeiras”. Podem argumentar que circulam livremente pelas ruas do mercado todos os dias. Equilibre essa confiança com cautela. Por exemplo, evite grandes aglomerações ou protestos e siga os conselhos de colegas locais. Mantenha um perfil discreto: câmeras e bolsas chamativas podem chamar a atenção.
Erros comuns dos visitantes:
Cabul é um ponto de partida ideal para explorar o Afeganistão. Se o seu roteiro permitir, considere:
O transporte para essas regiões é mais fácil reservando através de operadoras de turismo confiáveis em Cabul ou utilizando voos diários partindo de Cabul. Viajar de carro pelo Afeganistão é uma aventura, portanto, reservar um carro confortável (com motorista) para uma viagem com pernoite é uma boa ideia se você não tiver experiência.
Permitido: Paisagens, arquitetura, cenas de rua (com autorização), locais tradicionais.
Evitar: Retratos de pessoas sem consentimento (especialmente mulheres), pessoal uniformizado, equipamento militar e cartazes políticos modernos.
Na prática: Muitos afegãos gostam de ser fotografados; as crianças locais costumam sorrir para a câmera. Se estiver em dúvida, sorria e aponte para a câmera ou levante-a para mostrá-la — a reação delas lhe dará uma pista. Museus e muitos santuários têm placas proibindo a fotografia de peças em exposição. Sempre pergunte antes de tirar fotos em ambientes fechados ou em lojas privadas.
Quando é preciso ter cautela redobrada: Prédios governamentais (mesmo os construídos pelos Estados Unidos, como as embaixadas) geralmente têm placas proibindo fotos ou câmeras ao redor. não Tente fotografar qualquer coisa que contenha armas (exibição de minas terrestres, munições, guardas armados).
Nota cômica: Alguns viajantes relataram que os próprios combatentes do Talibã pediram selfies. No entanto, como as leis não são uniformes e a aplicação delas é imprevisível, a melhor prática é ser educado e cauteloso. Em caso de dúvida, mantenha a câmera guardada.
Entenda que as proteções legais são mínimas. A "justiça" do Talibã é arbitrária. Se for detido ou assediado: mantenha a calma e seja respeitoso. Dizer que você é turista e desconhece a situação às vezes pode ajudar. não Tentar filmar o incidente ou provocar com uma discussão pode acarretar mais problemas. Se houver um morador afegão ou um motorista amigo com você, peça que ele intervenha (os afegãos costumam ter bom instinto para identificar oficiais do Talibã).
Assistência Consular: A maioria das embaixadas ocidentais em Cabul está fechada; a assistência é prestada através das embaixadas de Cabul no exílio (Islamabad, Doha) ou de protetores em países vizinhos. O escritório da UNAMA em Cabul pode ajudar estrangeiros em situações extremas. Tenha sempre à mão um cartão com um contato confiável (como o número do gerente de um hotel).
Evitando problemas: Sempre porte documentos de identificação e de viagem. Nunca critique o governo nem exiba símbolos políticos. Evite discussões religiosas ou políticas em público, especialmente com estranhos.
Internet: Cabul possui redes 4G, mas as velocidades variam. Cafeterias raramente Ofereçam Wi-Fi confiável. Alguns hotéis de padrão internacional e ONGs têm acesso à internet via hotspot. Sempre use uma VPN (essencial para comunicação segura). Em caso de queda de energia, leve um carregador de laptop e uma bateria externa.
Cafés e espaços de coworking: Não existe um verdadeiro "espaço de coworking". Alguns viajantes trabalharam em lobbies de hotéis seguros ou cafés tranquilos em WAK (o lobby do Hotel Serena oferece Wi-Fi para hóspedes, embora as bebidas sejam caras). Espere ser interrompido ocasionalmente por perguntas ou olhares curiosos se trabalhar em público.
Duração do visto: Os vistos de turista geralmente têm validade de 30 dias, não são prorrogáveis ou permitem apenas uma breve prorrogação por meio de processo oficial. As regras para vistos no Afeganistão são imprevisíveis; não planeje projetos de longa duração sem antes obter um visto de estudante ou de negócios pelos canais formais (e esteja ciente de que esses vistos podem ser negados).
Cabul não é uma história fácil. É uma cidade de contrastes — antigas madrassas e ministérios modernos; olhares cautelosos e sorrisos largos; devastação e reconstrução lado a lado. Desafia os visitantes de primeira viagem com engarrafamentos e a necessidade de estarem sempre em alerta em relação à segurança, mas os recompensa com momentos de genuína hospitalidade e compreensão afegãs. Em Cabul, aprende-se a conviver com as contradições: admirar um jardim construído por um invasor (Babur) pela manhã e, ao entardecer, refletir em paz apesar das histórias de conflito que ainda se fazem presentes.
A verdadeira Cabul que os viajantes guardam na memória não se resume aos fatos históricos dos museus, mas também ao som dos pássaros em um bazar de vielas estreitas, ao sabor do arroz temperado compartilhado sob a marquise de um café ou à vista serena do alto de uma colina ao pôr do sol. Essa combinação de detalhes sensoriais é o que transforma uma viagem de "lista de itens a serem visitados" em uma experiência autêntica.
Para quem planeja essa viagem, a chave é o respeito e a abertura. Respeito pelos costumes locais, pelas leis e pelas diversas histórias desta terra. Abertura para o que possa parecer estranho e curiosidade sobre o cotidiano que aqui persiste. A cidade não irá surpreendê-lo oferecendo luxo, mas irá ensiná-lo, aos poucos, sobre resiliência, hospitalidade e a beleza na adversidade.
Cabul pode ser cansativa e exasperante — as intermináveis negociações com taxistas, os cortes de energia noturnos, os procedimentos exaustivos para obtenção de licenças. Mas também pode ser fascinante: o aroma misturado de cardamomo e fumaça de carvão, as romãs verde-musgo empilhadas, os cânticos de renascimento em uma exposição de museu.
Em última análise, Cabul exige certa humildade de seus visitantes: não é uma vitrine, mas uma metrópole viva e pulsante, com suas próprias regras. Aqueles que vêm preparados — com paciência, sensibilidade cultural e espírito aventureiro — muitas vezes partem com algo inesperado: uma compreensão da resiliência e memórias que permanecem vívidas muito tempo depois da partida.
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