Venezuela

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A Venezuela se estende ao longo da extremidade norte da América do Sul, com seu formato afilando-se como uma vela desamarrada entre o Mar do Caribe e a ondulação do Atlântico. Ao longo de 916.445 quilômetros quadrados, seu relevo varia das planícies costeiras varridas pelo vento até a elevação dos Andes do norte, e depois para o leste, em direção ao mosaico do Planalto das Guianas e dos vastos llanos. Aqui, a vida se desenvolve em cidades densamente povoadas do norte, em comunidades remotas em deltas de rios e no topo dos páramos enevoados, onde geleiras se agarram às encostas andinas.

As praias de areia branca do Caribe ficam bem próximas do país — ilhas como Margarita, agora repleta de hotéis e escolas de surfe, ou os atóis de coral de Los Roques, onde águas cristalinas refletem pináculos de palmeiras. No interior, uma faixa de picos montanhosos se estende da fronteira com a Colômbia até o estado de Sucre, no leste do país. Viajantes que sobem em direção ao Pico Bolívar enfrentam o ar rarefeito a quase 5.000 metros, enquanto abaixo, vales abrigam a capital, Caracas — uma cidade cercada por rochas e nuvens, cujas ruas respiram tanto o comércio quanto a agitação.

A leste das terras altas, o solo se aplana em llanos: pastagens irrigadas pelas chuvas sazonais, onde o gado pasta sob um céu que cintila com o calor. Mais além, o rio Orinoco serpenteia por florestas, transportando madeira, barcaças de petróleo e tradições ao longo de sua corrente lamacenta. No extremo sudeste, os tepuis se erguem como planaltos fraturados, coroados pelo Salto Ángel — a água despenca um quilômetro vertical antes de suspirar na floresta tropical abaixo.

A bandeira da Espanha, fincada pela primeira vez em solo venezuelano em 1522, encontrou resistência nas comunidades indígenas cujas linhas de defesa se estendiam do litoral à selva. Em 1811, líderes crioulos falavam abertamente em separação; uma década depois, a Grã-Colômbia emergiu, apenas para se fragmentar em 1830, dando origem à própria república venezuelana. No entanto, a autoridade se mostrou ilusória. O século XIX transcorreu sob caudilhos regionais, exércitos em marcha e constituições reescritas para atender a qualquer general que governasse.

Em meados do século, o petróleo começou a vazar, mas a governança permaneceu desigual. Somente depois de 1958 a Venezuela entrou em um período de governos eleitos, impulsionada pela alta dos preços do petróleo. Caracas cresceu junto com a esperança de estabilidade duradoura, mesmo enquanto a população rural observava o dinheiro fluir para o norte. Quando os motins de Caracazo eclodiram em 1989 — desencadeados por cortes de subsídios e medidas de austeridade — os pilares do consenso ruíram. Dois levantes armados em 1992 e um impeachment presidencial em 1993 aprofundaram a desilusão.

Uma nova constituição surgiu em 1999, sob o presidente Hugo Chávez. Programas sociais, financiados pelo petróleo, expandiram o acesso a clínicas e escolas. Estatísticas brutas mostraram declínios na pobreza e na desigualdade até o início dos anos 2000. No entanto, com o pico e a queda dos preços, o controle do Estado se intensificou. Na década de 2010, a escassez de produtos básicos, a inflação galopante e a desvalorização da moeda levaram famílias a fazer filas para comprar pão e a recorrer a redes de remessas no exterior. Protestos políticos em 2013 e novamente em 2014 pressionaram por mudanças, apenas para ver as instituições se deteriorarem. Autoridades internacionais marcam a Venezuela hoje com liberdades restringidas, censura e acusações de corrupção.

O petróleo define a identidade moderna da Venezuela. As reservas sob o Lago Maracaibo e o Cinturão do Orinoco estão entre as maiores do mundo. A estatal petrolífera financiou obras públicas e gastos sociais. Com o tempo, o investimento em exploração e manutenção caiu, à medida que as receitas diminuíam, levando à queda da produção. Campos que antes enviavam milhões de barris para os mercados globais agora enfrentam dificuldades com infraestrutura obsoleta. As tentativas de diversificação em torno da agricultura — café, cacau — permaneceram marginais. Sanções e a perda de ativos estrangeiros custaram dezenas de bilhões de dólares, agravando a escassez de peças e capacidade de refino.

A eletricidade, outrora um orgulho para a hidrelétrica de Guri, agora sofre com os baixos níveis de água e a falta de investimento. Apagões recorrentes afetam a vida urbana, interrompendo hospitais e fábricas. Em uma terra de rios, a energia elétrica se tornou tão escassa quanto o diesel na bomba.

As viagens aéreas dependem do Aeroporto Internacional Simón Bolívar, perto de Caracas, e de La Chinita, nos arredores de Maracaibo. Os principais portos de La Guaira e Puerto Cabello movimentam petróleo bruto, grãos e importações de bens de consumo. Estradas — com cerca de 100.000 quilômetros de extensão — correm para leste, oeste e sul, embora um terço delas permaneça sem pavimentação. Ferrovias prometiam conectar cidades, mas estagnaram devido a dívidas e atrasos. Linhas de metrô em Caracas, Maracaibo e Valência oferecem alívio para o congestionamento rodoviário, mas, além das cidades do norte, as áreas rurais dependem de barcos fluviais que descem o Orinoco ou de trilhas de terra que desaparecem na chuva.

Cerca de 93% dos venezuelanos vivem em zonas urbanas, muitos a menos de 100 quilômetros da costa. Caracas chega a mais de cinco milhões de habitantes, com uma maré humana inundando cerros (encostas) e condomínios fechados. Em outros lugares, Barquisimeto, Valência e Maracay se aglomeram em cinturões industriais; Mérida fica em altitude, com seu teleférico subindo em direção a alturas glaciais e pequenos hotéis de pedra em tons pastel. Ao sul do Orinoco, Ciudad Guayana surge em uma confluência — um eco das cidades soviéticas planejadas, agora reorientadas em torno do aço, do alumínio e da logística portuária.

Desde 1999, estima-se que seis milhões de pessoas deixaram a Venezuela, trilhando caminhos de diáspora pela América Latina e além. Os que permanecem formam famílias extensas, compartilhando fardos e recursos escassos.

O espírito da Venezuela emerge nos festivais ao meio-dia e em momentos de tranquilidade sob os coqueiros. Tribos indígenas — Wayuu, Pemon, Warao — carregam línguas mais antigas que a própria república. Ritmos afro-venezuelanos pulsam em formas baseadas em tambores como o tambor; a arquitetura colonial espanhola ancora praças com fontes de pedra e igrejas de estuque. Ondas de imigrantes europeus da Itália, Portugal e França, no século XIX, adicionaram ensopados de dialetos e culinárias. As ruas de hoje vendem arepas recheadas com queijo, bananas-da-terra fritas e ensopados ricamente temperados, cada prato um testemunho de histórias em camadas.

Procissões religiosas percorrem ruas poeirentas em dias festivos. Em Zulia, os moradores remam até ilhotas sagradas no Lago Maracaibo, entoando preces pelos pescadores perdidos nas tempestades. Na Sierra Nevada, lhamas vagam pelo ar rarefeito, com seus rebanhos vigiados por camponeses que os protegem contra a geada.

O Planalto das Guianas se estende além do alcance da maioria dos viajantes, onde tepuis — montanhas de topo plano — se erguem como blocos de pedra caídos. O Salto Ángel se derrama da borda do Auyan-tepui, com sua pluma de respingos visível apenas de pontos de observação selecionados. Rio abaixo, canais de manguezais e ilhas em forma de fita esculpem o Delta do Orinoco em uma malha viva de água e lodo. Onças, jacarés e botos-cor-de-rosa deslizam pela densa vegetação sob o céu das monções.

As zonas de conservação — entre elas, o Parque Nacional Canaima — cobrem quase um terço da área terrestre, mas cortes orçamentários e mineração ilegal ameaçam a vida selvagem e a qualidade da água. Nos Llanos, fazendas de gado invadem áreas úmidas, enquanto a expansão urbana erode as florestas das terras altas.

Destinos famosos como Margarita e Morrocoy, que já atraíram turistas em busca de sol por todo o Caribe, hoje, os viajantes encontram trilhas mais verdes nos vales deslumbrantes dos Andes, em passeios fluviais que serpenteiam por manguezais ou em hospedagens com pescadores em Los Roques. O teleférico de Mérida continua sendo uma atração, levando os hóspedes a locais de piquenique a mais de 4.000 metros de altitude. Ecolodges ao longo do Orinoco oferecem energia solar e serviços de guia fluvial, proporcionando vislumbres de tribos remotas e águas escuras como petróleo ao entardecer.

Empreendedores locais experimentam cervejas artesanais feitas com cascas de cacau e passeios artísticos por bairros coloniais revitalizados. Embora as dificuldades econômicas persistam, esses pequenos empreendimentos demonstram resiliência.

A Venezuela encontra-se numa encruzilhada. Os seus vastos recursos – chuvas, rios, petróleo – poderiam financiar a recuperação. O seu povo demonstrou adaptabilidade ao longo de décadas de turbulência. No entanto, o impasse político e a decadência institucional limitam o progresso. À medida que as famílias enviam remessas do estrangeiro e os serviços humanitários preenchem as lacunas em medicamentos e alimentos, o futuro da república depende da renovação da infraestrutura e da confiança.

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