Top 10 – Cidades de Festa na Europa
Descubra as vibrantes cenas da vida noturna das cidades mais fascinantes da Europa e viaje para destinos memoráveis! Da beleza vibrante de Londres à energia emocionante…
Dos picos gelados das montanhas às margens movimentadas dos rios, a linha divisória entre dois países muitas vezes conta uma história mais vívida do que qualquer mapa. As fronteiras internacionais podem seguir cristas de montanhas e rios ou cortar arbitrariamente planícies e cidades. Por exemplo, o Rio Iguaçu despenca mais de 80 metros na Bacia do Paraná, formando as Cataratas do Iguaçu, que se estendem pela fronteira entre Argentina e Brasil. Em contraste, a fronteira entre Portugal e Espanha — a antiga La Raya — permanece praticamente inalterada desde o século XIII, tornando-se uma das fronteiras contínuas mais antigas da Europa. Este artigo percorre as fronteiras mais notáveis do planeta, dos picos mais altos aos enclaves mais peculiares, entrelaçando contexto histórico com dicas de viagem. Ao longo do caminho, o leitor encontra picos, cachoeiras, cercas e passagens de fronteira únicas, cada uma iluminada por fatos e anedotas.
As fronteiras podem ser maravilhas naturais ou peculiaridades burocráticas. Algumas seguem rios ou cumes de montanhas, enquanto outras traçam linhas retas em um mapa. A noção de uma fronteira "interessante" é necessariamente ampla: pode significar uma paisagem dramática (como uma cachoeira compartilhada por duas nações), engenhosidade humana (uma casa de ópera dividida entre dois países) ou significado geopolítico (uma zona desmilitarizada tensa). Para se preparar, pode-se revisar alguns dados rápidos: a fronteira mais longa do mundo é compartilhada pelos EUA e Canadá (8.891 km), enquanto a fronteira terrestre mais curta tem apenas 85 metros, no Peñón de Vélez de la Gomera, na Espanha. Algumas fronteiras – como a ponte entre Dinamarca e Suécia ou o Bósforo, que divide a Europa da Ásia – também serão mencionadas, embora o foco principal sejam as travessias mais incomuns e históricas.
Ao examinarmos essas fronteiras em detalhes, podemos compreender como geografia e história se entrelaçam. Cada seção a seguir aborda um tema – seja “maravilhas naturais” ou “comunidades divididas” – para guiar os leitores de um contexto amplo a detalhes fascinantes. O objetivo é entender não apenas onde as fronteiras se encontram, mas por que elas são importantes: culturalmente, ambientalmente e para os viajantes.
Índice
Com seus imponentes 8.848 metros, o Monte Everest marca não apenas o ponto mais alto do planeta, mas também a fronteira internacional mais alta. "O Monte Everest não é apenas o pico mais alto do planeta", observa um pesquisador do Himalaia, "mas com o Nepal ao sul e a China (Tibete) ao norte", o próprio cume se situa na fronteira entre o Nepal e a China. Os alpinistas que escalam a face sul, no Nepal, ou a face norte, no Tibete (China), literalmente se encontram em países diferentes no topo. Assim, a montanha mais alta do mundo é simultaneamente a fronteira mais alta do mundo.
Os dois lados do Everest também refletem diferentes níveis de acesso. A rota clássica do Colo Sul, no Nepal (via Vale do Khumbu), está aberta a alpinistas estrangeiros com permissão desde a década de 1950. Os alpinistas pagam taxas elevadas – na ordem de dezenas de milhares de dólares – para obter a permissão nepalesa e contratar guias e sherpas. Em contrapartida, o lado chinês (tibetano) permaneceu fechado após a anexação do Tibete pela China, até que as permissões para expedições fossem concedidas. Os viajantes que desejam fazer trekking ou escalar a partir do Tibete devem obter permissões especiais chinesas e tibetanas. Por exemplo, visitar o Acampamento Base do Everest pelo lado tibetano exige um visto chinês e duas permissões emitidas pela China (uma Permissão de Viagem ao Tibete e uma Permissão de Viagem para Estrangeiros). Mesmo os passeios de helicóptero a mais de 8.000 metros de altitude devem seguir essas regulamentações. Na prática, a maioria das expedições estrangeiras chega ao Everest pelo Nepal. Do cume, os alpinistas podem, teoricamente, pisar no Nepal com um pé e na China com o outro, uma experiência única para este pico.
O Everest também possui tradições culturais relacionadas às suas fronteiras. Os nepaleses chamam o pico de Sagarmāthā (“Mãe do Céu”) e os tibetanos de Qomolangma (“Deusa Mãe do Mundo”). De fato, ambos os países reivindicam a posse simbólica da montanha. Em 1960, o primeiro-ministro chinês Zhou Enlai afirmou, de forma controversa, que toda a montanha pertencia à China, levando os líderes nepaleses a responderem que o cume “sempre esteve dentro do nosso território”. Por fim, após tensas negociações, Mao Tsé-Tung sugeriu a colocação de um marco divisório no topo do Everest. Em 1961, Nepal e China assinaram um tratado de fronteira, confirmando que a crista da montanha atravessa o cume.
Em resumo, o Everest combina geografia extrema com história humana. Regras de permissão, debates históricos e até mesmo recordes de escalada giram em torno dessa fronteira fundamental. Visitá-lo exige meses de planejamento – obter permissões de montanhismo, preparar-se para a altitude e coordenar com agências nepalesas ou chinesas – mas mesmo os excursionistas que chegam aos acampamentos base próximos testemunham como essa montanha une literalmente duas nações.
As imponentes cortinas das Cataratas do Iguaçu estendem-se pela fronteira entre o Brasil e a Argentina, na América do Sul. Aqui, o Rio Iguaçu torna-se a fronteira internacional: após serpentear pelas terras altas, despenca cerca de 80 metros em uma ferradura de cascatas com 2,7 quilômetros de largura, marcando a divisa entre a Foz do Iguaçu, no Brasil, e o Porto Iguaçu, na Argentina. A UNESCO declarou os parques nacionais de ambos os lados como Patrimônio Mundial em 1984, destacando a grandiosidade das cataratas.
Este sistema de cataratas está entre os maiores do mundo: cerca de 275 quedas d'água individuais se estendem ao longo de uma escarpa de basalto. Os turistas podem apreciá-lo de ambos os lados. O lado argentino oferece extensos calçadões e (para os mais corajosos) passarelas literalmente acima das torrentes estrondosas, incluindo um mirante com vista direta para a Garganta do Diabo, a maior queda d'água individual. O lado brasileiro, por sua vez, proporciona vistas panorâmicas de toda a extensão das cataratas. Os dois lados possuem infraestrutura complementar – passeios de barco levam os visitantes até perto das cataratas (frequentemente com respingos de água) em ambos os lados – mas não é possível atravessar a pé sem passar pela imigração.
Curiosamente, um pouco mais abaixo, encontra-se uma área de tríplice fronteira onde um terceiro país, o Paraguai, faz fronteira com o Brasil e a Argentina perto da confluência do Rio Paraná. Mas em Foz do Iguaçu, são apenas duas nações que se encontram no espetáculo da natureza. Arco-íris se formam na névoa, e uma exuberante selva subtropical envolve ambos os parques. Historicamente, essas cataratas foram "descobertas" pelos europeus no século XVI; hoje, atraem mais de um milhão de visitantes por ano. É possível explorar plataformas de observação, passear de bote inflável até as cataratas ou simplesmente percorrer trilhas, mas, durante todo o tempo, a fronteira nacional atravessa o meio do espetáculo.
No outro extremo dos maiores países da Ásia, o Vietnã e a China também compartilham uma cascata espetacular. A Cachoeira Ban Gioc – Detian fica no Rio Quây Sơn, na fronteira entre Guangxi e Cao Bằng. Um par de quedas d'água paralelas despenca 30 metros por amplos degraus de basalto – num total de 300 metros de largura, o que faz de Ban Gioc a cachoeira mais larga do Vietnã. Metade da cachoeira fica em território vietnamita, a outra metade em território chinês, simbolizando a fronteira entre os dois países.
Assim como as Cataratas do Iguaçu, Ban Gioc fica em um desfiladeiro exuberante e atrai turistas locais. Jangadas de bambu transportam os visitantes para perto das cataratas, muitas vezes em meio a nuvens de vapor e arco-íris. Curiosidade: turistas chineses na margem superior costumam acenar para os vietnamitas no rio inferior (e vice-versa) enquanto os barcos passam. Historicamente, essa região foi palco de conflitos (disputas de fronteira na década de 1970), mas agora desfruta de cooperação. Além de visitar as cataratas, os visitantes podem explorar cavernas, templos e um antigo forte militar nas proximidades. O acesso às cataratas em si é menos regulamentado do que nas décadas passadas; antes era necessário se registrar junto às autoridades de fronteira, mas hoje o único requisito real são as regras padrão de visto e a entrada no Vietnã (de Hanói ou Ha Long, pode-se dirigir até a província de Cao Bằng).
Nas remotas terras altas das Guianas, na América do Sul, o Monte Roraima se ergue como guardião no ponto de encontro entre Venezuela, Brasil e Guiana. Esta antiga montanha de topo plano ("tepui") ocupa uma tríplice fronteira singular: cerca de 5% do Roraima fica no Brasil, 10% na Guiana e 85% na Venezuela. Os penhascos de arenito se elevam abruptamente a mais de 400 metros acima da selva, formando um platô no topo, quase horizontal. Diz-se que o monte inspirou o romance "O Mundo Perdido", de Sir Arthur Conan Doyle.
No topo do próprio Roraima, ergue-se um marco solitário que delimita as fronteiras internacionais. O Atlas Obscura o descreve como “um marco piramidal de pedra caiada… onde as fronteiras da Venezuela, do Brasil e da Guiana se encontram”. Os excursionistas que completam a trilha de vários dias até o topo do Roraima (normalmente pelo lado venezuelano) podem, de fato, pisar em três países simultaneamente. Os penhascos abrigam uma flora e fauna únicas, muitas delas endêmicas, tornando a viagem uma jornada tanto geopolítica quanto ecológica. Na prática, o Roraima é acessível pelo território venezuelano (excursões partem da cidade de Santa Elena de Uairén, geralmente envolvendo uma caminhada de dois dias pela selva). O Brasil e a Guiana não possuem rotas terrestres diretas até o cume, exceto pela Venezuela. Para aqueles que conseguem chegar ao topo, o panorama abrange três nações – um epitáfio apropriado para uma montanha cuja própria geologia torna as fronteiras visíveis.
Embora não seja uma fronteira terrestre "irregular", o Estreito de Gibraltar forma uma fronteira marítima entre a Europa e a África e, portanto, entre a Espanha (e o território ultramarino britânico de Gibraltar) e Marrocos. Com apenas cerca de 14 quilômetros de largura em seu ponto mais estreito, é possivelmente a passagem internacional mais próxima entre dois continentes. Este canal estreito tem sido uma via navegável crucial por milênios. As grandes Colunas de Hércules da antiguidade foram identificadas como o Rochedo de Gibraltar e Jebel Musa, no lado marroquino.
Ainda hoje, balsas cruzam o estreito diariamente, e alguns nadadores intrépidos tentam a travessia (embora as correntes sejam perigosas). O próprio rochedo é um símbolo familiar, coroado pela bandeira do Reino Unido e com a presença de macacos-de-gibraltar. Nos últimos anos, surgiram até propostas para uma ligação fixa: um relatório de 2021 observou que o Reino Unido e Marrocos discutiram a construção de um túnel ou ponte entre Gibraltar e Tânger, com potencial para conexão a redes ferroviárias de alta velocidade. Qualquer projeto desse tipo seria uma maravilha da engenharia moderna. Por enquanto, os visitantes podem ficar em qualquer uma das margens e ver o outro lado do mundo. Dado o seu comprimento de apenas uma dúzia de quilômetros de água, alguns consideram essa distância efetivamente "zero" – no entanto, atravessá-la formalmente ainda exige passaporte.
O pequeno posto avançado espanhol de Peñón de Vélez de la Gomera, no norte da África, ostenta a fronteira terrestre mais curta do planeta. Esta minúscula península rochosa, outrora uma ilha, foi ligada à costa marroquina por um terremoto em 1934, criando um istmo de apenas cerca de 85 metros de comprimento. Essa é agora toda a fronteira entre a Espanha e Marrocos neste ponto. Consequentemente, Peñón de Vélez possui a menor fronteira internacional terrestre do mundo. A bandeira espanhola tremula no topo do pico, onde se encontram um pequeno destacamento de tropas e alguns edifícios oficiais. Devido ao seu estatuto militar, os turistas não podem simplesmente atravessá-la a pé. Mesmo assim, Peñón de Vélez é uma curiosidade geográfica notável: uma fronteira entre Espanha e Marrocos tão curta que uma caminhada tranquila de uma extremidade à outra levaria apenas alguns segundos.
Em contraste, a fronteira entre os Estados Unidos e o Canadá é frequentemente celebrada como a fronteira internacional mais longa do mundo, estendendo-se por cerca de 8.891 quilômetros. Seu trajeto atravessa florestas, planícies e lagos, desde a costa atlântica, passando pelos Grandes Lagos e Grandes Planícies, até o Oceano Pacífico. Sua enorme extensão também a torna simbolicamente "indefesa" – não há forças militares permanentes estacionadas ao longo da maior parte dela, ao contrário de muitas outras fronteiras. De fato, ela é coloquialmente chamada de "a fronteira indefesa mais longa do mundo". Claro que isso não significa que ela seja aberta. Milhares de postos de entrada oficiais contam com agentes de imigração e alfândega em serviço (especialmente desde 2001), e muitos trechos são cercados ou monitorados. Após o 11 de setembro, ambos os países reforçaram a segurança com mais patrulhas e vigilância.
A integração humana e econômica ao longo dessa fronteira é intensa. Ela separa áreas densamente povoadas (Nova Inglaterra, os Grandes Lagos, o Noroeste do Pacífico) e também áreas selvagens. Akwesasne, uma reserva da Nação Mohawk, fica exatamente na divisa entre o estado de Nova York e Quebec. Em Akwesasne e em algumas comunidades vizinhas, casas e até mesmo prédios comerciais são divididos pela fronteira, deixando os moradores com uma porta nos EUA e outra no Canadá. Como observa um relatório, “vários prédios (incluindo uma pista de boliche) estão em dois países ao mesmo tempo”. As leis de cada lado se aplicam à sua porção; por exemplo, um bar em um prédio assim pode ter que esvaziar o interior antes do toque de recolher provincial ou estadual. No entanto, o impacto no dia a dia é minimizado pela liberdade de movimento garantida pelas disposições do NAFTA (e agora do USMCA) e por acordos locais. Um viajante pode cruzar muitos pontos simplesmente apresentando um passaporte ou um cartão NEXUS. Em áreas rurais, até mesmo as linhas de permissão para passear com cachorros em mapas podem ser cruzadas no inverno por motos de neve sem patrulhas de rotina.
Estendendo-se por mais de 5.300 km ao longo da cordilheira dos Andes, a fronteira entre Chile e Argentina é uma das mais longas do planeta. Ela vai do árido Atacama, ao norte, atravessando mais de 50 passos de montanha, descendo pela região dos lagos e pela Patagônia, até chegar à Terra do Fogo. As dificuldades dessa fronteira refletem sua geografia. Em muitos trechos, a fronteira corta montanhas glaciais e vulcões. Entre os monumentos fronteiriços mais famosos está o Cristo Redentor dos Andes – uma estátua de Cristo de 1904, instalada em um alto passo de montanha (Uspallata, a 3.832 m) para celebrar a resolução pacífica das disputas territoriais entre Chile e Argentina. Esse símbolo de unidade contempla os dois países, lembrando aos transeuntes a amizade entre as duas nações montanhosas.
A travessia entre o Chile e a Argentina é feita, em grande parte, por um punhado de túneis e estradas andinas. As principais passagens incluem o Paso Los Libertadores (ao norte de Santiago-Mendoza) e o Passo Cardenal Samoré (perto de Bariloche). Pontos extremos incluem o Parque Nacional Alberto de Agostini, na Terra do Fogo, onde até mesmo a pequena Ilha Diomedes está dividida entre os dois países. Historicamente, a fronteira mudou após as guerras de independência (e, indiretamente, a Guerra do Pacífico). Hoje, viajantes com passaporte e veículos podem atravessar de um lado para o outro em postos de controle oficiais. A paisagem dos dois países muda abruptamente na linha divisória: picos nevados, lagos glaciais e altiplanos caracterizam os Andes, enquanto, ao cruzar o passo, entra-se em um clima diferente e, frequentemente, em um idioma diferente (na prática, o espanhol em ambos os países).
Na pequena cidade holandesa-belga de Baarle, a linha divisória internacional é um emaranhado desconcertante de enclaves e contra-enclaves. Aqui, encontram-se 22 enclaves belgas dentro dos Países Baixos e 7 enclaves holandeses dentro desses enclaves. Um visitante que esteja no centro da cidade pode cruzar a fronteira entre a Bélgica e os Países Baixos várias vezes num único passeio, muitas vezes sem se aperceber. As fronteiras cortam ruas, quintas e até edifícios. Alguns restaurantes e lojas em Baarle têm salões que se estendem por ambos os lados; aliás, um café ficou famoso por ter de transferir os clientes do lado belga para o lado holandês às 22h todas as noites para cumprir a lei holandesa de encerramento mais rigorosa.
Essa fronteira labiríntica remonta às divisões de terras feudais e aos tratados medievais. Hoje, os dois países coordenam os serviços municipais de forma tão integrada que os residentes raramente enfrentam verificações de imigração em seu dia a dia (tanto a Bélgica quanto a Holanda fazem parte do Espaço Schengen). Ainda assim, as diferenças persistem. A bandeira de cada país tremula apenas em seus enclaves e, em alguns casos, as regras holandesas e belgas de estacionamento, correios e impostos podem divergir. Os mapas de Baarle precisam ser coloridos; um entusiasta da fronteira pode fazer um "tour pelos enclaves" para ver como a fronteira serpenteia entre casas e campos. Para os viajantes, Baarle é uma curiosidade turística: é possível literalmente cruzar uma fronteira internacional pisando em uma linha pintada na calçada.
Talvez nenhum edifício seja mais emblemático de uma fronteira amigável do que a Biblioteca Pública e Ópera Haskell, em Derby Line (Vermont, EUA) e Stanstead (Quebec, Canadá). Concluída em 1904 por um rico doador que desejava servir ambas as comunidades, a biblioteca/ópera foi deliberadamente construída exatamente na divisa. A divisão é física: metade da sala de leitura fica no Canadá, enquanto a entrada principal e o escritório estão nos EUA. Um visitante pode folhear livros em um país e, em seguida, dar alguns passos para pegar um volume emprestado no outro – tecnicamente cruzando uma fronteira dentro do edifício. Por cerca de um século, a fronteira permaneceu essencialmente aberta aqui; os leitores saíam pela entrada dos EUA e entravam diretamente no Canadá, dentro da biblioteca.
As medidas de segurança pós-11 de setembro reforçaram as restrições. Os canadenses ainda podem acessar a biblioteca por uma estreita calçada pública em território canadense, e uma placa oficial até indica: “Residentes canadenses podem visitar a biblioteca a pé sem passar pela alfândega dos EUA”. No entanto, a partir de 2023, a política mudou, de modo que apenas os usuários cadastrados na biblioteca podem usar a entrada canadense – o cartão da biblioteca serve como permissão para atravessar a fronteira. Na prática, a maioria dos visitantes agora entra e sai pela imigração americana na porta da frente e depois aproveita o lado canadense da biblioteca.
Este curioso marco histórico ainda funciona como biblioteca e espaço para apresentações. Seu palco é dividido pela linha da fronteira (um concerto orquestral pode começar em um país e terminar em outro!), e o local possui até mesmo dois endereços postais. Turistas que visitam a Derby Line frequentemente fazem questão de atravessar a porta, simbolicamente estando em dois países. O Haskell exemplifica uma “comunidade dividida” que se tornou uma vantagem: os vizinhos cooperaram para proporcionar um espaço cultural compartilhado, permitindo que a fronteira fosse uma novidade em vez de uma barreira. Permanece um estudo de caso encantador de como a vida cotidiana pode fluir através de uma linha internacional.
O acesso ao edifício Haskell é regido pelas leis nacionais. Americanos que chegam a pé de Vermont apresentam sua identidade americana na porta dos EUA; canadenses podem usar a entrada dos fundos pela calçada e simplesmente apresentar um cartão da biblioteca aos funcionários da alfândega dos EUA. (Crianças e muitos estudantes possuem cartões de familiares.) Tecnicamente, é necessário ter um documento de identidade válido do país de entrada. Nos últimos anos, os cartões da biblioteca (gratuitos para residentes) tornaram-se um requisito para a entrada de canadenses. Caso contrário, os visitantes geralmente entram pelo lado americano, passando os passaportes por escaneamento. Assim, cruzar a fronteira internacional no Haskell é formal, mas agilizado para aqueles que utilizam as rotas indicadas.
Nenhuma fronteira inspira mais cautela do que a Zona Desmilitarizada (DMZ) de 240 quilômetros entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul. Criada pelo armistício de 1953 que pôs fim à Guerra da Coreia, a DMZ é uma faixa de segurança de 4 quilômetros de largura que atravessa aproximadamente a península. Embora "desmilitarizada" no nome, é indiscutivelmente a fronteira mais fortificada do mundo. Cada lado instalou campos minados e sensores ao longo de sua fronteira, e dezenas de milhares de soldados patrulham a linha. Confrontos esporádicos, fugas de desertores e até tentativas de assassinato já ocorreram nessa fronteira. O lado norte-coreano (a Linha de Demarcação Militar) é notoriamente protegido por placas, bunkers e postos de guarda; a Coreia do Sul desmatou florestas para manter a visibilidade.
Visitantes do Sul só podem entrar na DMZ em visitas guiadas (geralmente a Panmunjom, na Área de Segurança Conjunta, ou a pontos de observação). Eles veem vestígios da Guerra Fria: vilarejos vazios como Kijŏng-dong, do outro lado da fronteira, com alto-falantes de propaganda, enormes mastros de bandeira (estandartes altos típicos da Guerra dos Mastros) e tanques enferrujados que outrora alinhavam as trincheiras. Um bunker de concreto marcado como "Cerca nº 27" ou similar permanece onde os exércitos trocavam tiros. A segurança é rígida: qualquer pessoa flagrada cruzando fora dos pontos oficiais pode ser baleada, e a fotografia é restrita.
Vale ressaltar que, apesar das negociações de paz aqui e ali, a fronteira coreana permanece sem um tratado definido. Hoje, formalmente, nenhum dos lados reconhece o regime do outro, o que aumenta a tensão na fronteira. Mesmo assim, persiste uma espécie de impasse. Em 2018, um esforço conjunto limitado teve início para remover algumas minas terrestres da Área de Segurança Conjunta, aumentando as esperanças de uma redução gradual do perigo. Por ora, contudo, a Zona Desmilitarizada coreana permanece como um exemplo gritante de como uma fronteira internacional também pode ser um ponto crítico – uma lembrança de conflito mesmo em meio a belas montanhas e florestas.
No coração da Europa, a fronteira entre a Polônia e a Ucrânia forma a extremidade leste da UE. Estendendo-se por cerca de 535 quilômetros através de uma paisagem ondulada, ela também funciona como uma das mais longas fronteiras da época da Guerra Fria ainda em vigor (outrora separava a União Soviética da OTAN). Historicamente, sua fronteira mudou após guerras, mas hoje está definida como a fronteira da Ucrânia com dois estados da UE (Polônia e, a sudeste, a Eslováquia).
Até 2022, a região era relativamente tranquila, com mercados abertos e travessias legais. Uma gigantesca instalação de arte na paisagem simboliza a solidariedade local: a cada primavera, agricultores poloneses semeiam girassóis no formato de um peixe gigante que atravessa a fronteira, de modo que, visto de avião, é possível literalmente ver um "rio" amarelo cruzando para a Ucrânia. Essa obra de arte representa a amizade: carpas migratórias foram soltas para nadar pelos campos de milho. Essa área de fronteira é conhecida por suas culturas compartilhadas (a cidade polonesa de Przemyśl tem uma minoria ucraniana) e por festivais transfronteiriços.
No entanto, desde a invasão russa da Ucrânia em 2022, essa fronteira tornou-se uma válvula de escape para milhões de pessoas. No início de março de 2022, mais de 2,3 milhões de ucranianos fugiram do país, e a maioria – cerca de 1,42 milhão – entrou na Polônia. Postos de controle fronteiriço como Medyka-Shehyni e Korczowa-Krakovets registraram filas recordes de carros e pedestres. A Polônia teve que intensificar seus esforços de assistência para acomodar o fluxo migratório (moradia, atendimento médico, etc.). O contrabando e o fluxo de pessoas também aumentaram consideravelmente, à medida que pessoas e mercadorias se deslocam para o oeste. A fronteira agora possui restrições temporárias de trânsito em alguns trechos, e até mesmo os guardas de fronteira poloneses passaram a usar uniformes mais formais.
Apesar das tensões da guerra na frente oriental da Ucrânia, a linha divisória entre a Polônia e a Ucrânia tem se mantido firme na maior parte do tempo. Ela separa não exércitos, mas principalmente refugiados, voluntários e comboios de ajuda humanitária. Um marco incomum nessa fronteira: um mural de 1982 do artista Jarosław Koziara, com temática de protesto antinuclear, que, quando semeado com centeio verde e flores silvestres amarelas, assemelha-se a uma carpa gigante cruzando a fronteira. Serve como um lembrete de que a natureza e a arte podem transpor barreiras, mesmo quando a história as torna visíveis do espaço.
Nos Himalaias, entre a Índia e a China, existem apenas algumas passagens oficiais, cada uma em altitudes muito elevadas. Em meados da década de 2010, três passos estavam abertos para uso limitado. O Passo Nathu La, em Sikkim (4.310 m), foi reaberto em 2006 após 44 anos fechado, tornando-se um dos três postos de comércio terrestre entre os dois países. Os outros eram o Passo Shipkila, em Himachal Pradesh, e o Passo Lipulekh, em Uttarakhand. Essas antigas rotas faziam parte das Rotas da Seda do Himalaia, utilizadas para o comércio de lã e sal.
Hoje, Nathu La possui um mercado fechado no lado indiano e um portão com grades no lado chinês. Comerciantes e peregrinos (não turistas comuns) o utilizam para trocar mercadorias: a Índia envia lã e arroz para o Tibete, enquanto a China fornece lã em bruto e medicamentos. O acesso é permitido apenas com autorização (os indianos devem se registrar no exército; estrangeiros precisam de uma autorização de linha interna para Nathu La). Durante os breves meses mais quentes, é possível contratar um guia oficial para atravessar e visitar o posto de guarda chinês. Da mesma forma, Lipulekh agora conecta a Índia ao Tibete, e Shipkila a uma rota trans-himalaia alternativa.
Essas fronteiras do Himalaia também refletem tensões históricas. Em 1962, a Índia e a China travaram uma breve guerra que fechou muitas rotas fronteiriças. Desde então, essas passagens têm sido reabertas lentamente como medidas para restabelecer a confiança mútua. Para o viajante aventureiro, as trilhas organizadas para os locais de peregrinação ao Kailash às vezes utilizam Nathu La, mas as travessias independentes e informais continuam complicadas pela burocracia. Em suma, as fronteiras entre a Índia e a China são trilhas e estradas de montanha que outrora ligavam civilizações, agora cuidadosamente administradas por meio de permissões e patrulhas, e emolduradas por montanhas espetaculares, porém imponentes.
Na ilha caribenha de Hispaniola, as montanhas florestadas da República Dominicana dão lugar abruptamente à terra desmatada do Haiti. Esse forte contraste forma uma linha visível até mesmo por satélite. Um pesquisador ambiental observa: "A fronteira entre Haiti e República Dominicana é visível até do espaço – tal é a extensão do desmatamento no lado haitiano". No lado haitiano (oeste da ilha), o carvão vegetal continua sendo o principal combustível para cozinhar para muitos; as árvores foram cortadas para lenha e agricultura. No lado dominicano (leste), o desmatamento foi proibido há décadas e a energia foi substituída por gás e eletricidade. Como resultado, as florestas resistem no lado dominicano, enquanto as colinas do Haiti estão marrons ou enegrecidas.
Aqui, a fronteira é mais do que uma linha política; é uma fronteira ecológica. Ambientalistas se preocupam com a perda de bacias hidrográficas e biodiversidade no Haiti, onde resta apenas cerca de um terço da cobertura florestal original. Os dominicanos lançaram iniciativas de reflorestamento e protegeram parques nacionais que se estendem pela fronteira (como a cadeia de parques montanhosos ao longo da cordilheira). Algumas ONGs realizam plantio de árvores em ambos os lados da fronteira. Mas a pobreza no Haiti continua a impulsionar a extração de madeira para carvão. Os turistas que percorrem a estrada da fronteira notarão a mudança repentina de cor – um alerta de que essa fronteira deve ser gerenciada não apenas por guardas, mas também pela ecologia.
Mais de três décadas após a reunificação alemã, ainda é possível perceber a divisão da Berlim da Guerra Fria na paisagem noturna da cidade. Vista do espaço, a paisagem urbana de Berlim Oriental brilha em tons alaranjados sob as antigas lâmpadas de vapor de sódio, enquanto Berlim Ocidental exibe uma luz branca mais fria sob lâmpadas fluorescentes e de LED. A razão é prática, e não simbólica: quando o Muro ainda existia, Berlim Oriental iluminava suas ruas com lâmpadas de sódio alaranjadas (padrão no Bloco Soviético), enquanto Berlim Ocidental adotou lâmpadas brancas mais modernas e eficientes em termos de energia. Segundo o The Guardian, Berlim Oriental manteve cerca de 30.000 dessas lâmpadas a gás até anos recentes, muito tempo depois da reunificação da cidade.
Assim, a fronteira ainda é visível não para militares, mas para engenheiros elétricos. Uma imagem capturada pelo astronauta da ESA, André Kuipers, a partir da Estação Espacial Internacional, destaca essa divisão: o Portão de Brandemburgo iluminado em um amarelo quente contrasta com o brilho branco de sódio do Ocidente. A Alemanha está gradualmente substituindo todas as lâmpadas antigas por modelos mais eficientes, e especialistas afirmam que a divisão de luz desaparecerá em uma década. Por ora, no entanto, turistas em uma noite clara – ou mesmo visitantes caminhando pela antiga “faixa da morte” – podem notar diferenças sutis na cor da iluminação pública. O padrão de luz persistente de Berlim é uma metáfora: os muros físicos desapareceram, mas os vestígios da divisão permanecem na infraestrutura e na memória.
Na África Austral, um único ponto é reivindicado por quatro países: Zâmbia, Zimbábue, Botsuana e Namíbia. Este chamado ponto quádruplo situa-se perto da cidade de Kazungula, no rio Zambeze. De um lado, encontram-se a Zâmbia (norte) e a Botsuana (sul), enquanto o Zimbábue (sul) e a Namíbia (na Faixa de Caprivi, norte) quase se encontram num único ponto. Durante anos, debateu-se se as quatro fronteiras se tocavam de facto num ponto concreto ou se existia uma pequena lacuna entre a Zâmbia e a Botsuana. Em 2007, os governos concordaram que um pequeno trecho de 150 metros da margem do rio ligava a Zâmbia à Botsuana, estabelecendo assim uma fronteira direta nesse local.
Até recentemente, a travessia deste ponto era feita por uma balsa que operava de hora em hora, sendo notoriamente uma das passagens de fronteira mais movimentadas do continente. Em 2021, foi inaugurada a nova Ponte Kazungula, com quatro faixas, ligando diretamente a Zâmbia e o Botswana. Esta proeza da engenharia cruza o ponto disputado sem tocar o Zimbábue ou a Namíbia, reafirmando a separação dos segmentos fronteiriços. O Zimbábue já possui uma ponte para a Zâmbia em Victoria Falls (30 km a leste), e a Namíbia tem uma rio acima, em Katima Mulilo (atravessando o Zambeze em direção à Zâmbia). Mas Kazungula é única: é a junção de quatro territórios soberanos (embora dois deles sejam separados apenas por um rio). Na prática, um viajante pode dirigir da Zâmbia para o Botswana pela ponte em poucos minutos, e ver as águas da Namíbia de um lado e do Zimbábue do outro. Continua sendo um ponto popular para fotos – você pode ficar no pedágio da Zâmbia e acenar para a cabine da alfândega do Botswana, refletindo que a poucos metros de distância existe uma ligação com mais dois países.
Nos arredores de Bratislava, na Eslováquia, encontra-se um monumento peculiar à abertura das fronteiras. Num parque florestal chamado Szoborpark, ergue-se uma mesa de piquenique triangular cujos três bancos se situam, cada um, num país diferente: um na Eslováquia, um na Áustria e um na Hungria. Este ponto triplo (e pequeno jardim de esculturas) foi criado para simbolizar a união e a cooperação entre estes vizinhos. Os turistas podem passear e sentar-se com os amigos, de modo que, fisicamente, cada pessoa permaneça na sua própria nação enquanto partilha uma refeição.
A mesa de piquenique é apenas um dos vários marcos presentes no local (outros incluem monumentos triangulares de pedra). O parque fica a cerca de 20 minutos de Bratislava e é de fácil acesso por estrada. Tornou-se uma atração descontraída – famílias posam debruçadas sobre a mesa, segurando uma das pontas, exclamando que estão “almoçando em três países ao mesmo tempo”. Trilhas próximas oferecem caminhadas que cruzam as linhas invisíveis. Este local nos lembra que muitas fronteiras – especialmente dentro da UE – são muito mais simbólicas do que restritivas. Neste recanto tranquilo da Europa, a linha no mapa é ignorada por turistas e pessoas que fazem piqueniques, exatamente como pretendiam os artistas do parque.
A fronteira entre a Noruega e a Suécia estende-se por mais de 1.600 quilômetros através das vastas florestas e montanhas da Escandinávia. Ao contrário de muitas fronteiras históricas, esta é conhecida pela amizade, e não pelo conflito. A Noruega e a Suécia separaram-se pacificamente após a dissolução da sua união em 1905, e desde então ambos os lados tratam a fronteira como campo aberto. Não existem postos de controle para os residentes que transitam entre os países; a maioria das travessias são simplesmente sinalizadas por placas em estradas florestais.
É possível até mesmo esquiar ou andar de moto de neve pela fronteira entre a Noruega e a Suécia no inverno, sem precisar passar pela alfândega (as regras locais exigem apenas que se permaneça na trilha!). O famoso Marco dos Três Países fica um pouco mais ao norte, onde a Suécia, a Noruega e a Finlândia se encontram em uma pequena ilha fluvial. Ali, uma antiga pirâmide de pedra (erguida em 1897) marca o ponto tríplice, e os caminhantes costumam construir pequenos marcos de pedra sobre ela como tradição. No verão, os viajantes desta região seguem trilhas com marcos de pedra (às vezes tripés de ferro) que indicam claramente as fronteiras nacionais.
De modo geral, a vida na região fronteiriça entre a Noruega e a Suécia é marcada por uma amizade de alto nível. Ambos os países fazem parte do Espaço Schengen, permitindo a livre circulação. Os moradores das vilas próximas à fronteira cruzam-na rotineiramente para trabalhar, fazer compras e visitar familiares. A cooperação ambiental é elevada: animais selvagens (como alces e ursos) circulam livremente pela fronteira, e a gestão de parques transfronteiriços costuma ser conjunta. Para os aventureiros, as montanhas suecas possuem pontes fronteiriças com a inscrição "Bem-vindo à Noruega/Suécia" e placas informativas com mapas em vários idiomas. Em resumo, aqui a fronteira existe principalmente nos mapas e para fins administrativos (os impostos são diferentes, por exemplo), e não em uma tensão palpável.
A fronteira entre Espanha e Portugal, por vezes chamada de La Raya, é notavelmente uma das mais antigas da Europa. Foi estabelecida por tratados nos séculos XII e XIII e consolidada em 1297, mantendo-se praticamente inalterada desde então. (As fronteiras de Portugal permaneceram "quase inalteradas" desde meados do século XIII, após a Reconquista do Algarve.) Isto faz da fronteira ibérica uma das linhas políticas mais duradouras do mundo. Atualmente, estende-se por cerca de 1.214 km, desde o rio Minho, a norte, até ao rio Guadiana, a sul. Hoje, ambos os países fazem parte do Espaço Schengen, pelo que, para a maioria dos viajantes, a fronteira é uma mera formalidade. Contudo, La Raya conserva a sua importância cultural: as comunidades fronteiriças partilham dialetos e festivais, e a ausência de controlos Schengen prejudica o turismo.
Curiosamente, essa fronteira também abriga uma novidade: uma tirolesa transfronteiriça. Em Sanlúcar de Guadiana (Espanha), perto do rio Guadiana, os aventureiros podem deslizar 720 metros sobre a água até Alcoutim (Portugal) a cerca de 80 km/h. Ao final do percurso, os participantes estão com uma hora de atraso (devido aos fusos horários) e podem retornar de balsa. É amplamente divulgada como a única tirolesa do mundo que cruza uma fronteira internacional. Assim, pode-se dizer, literalmente, "voei da Espanha para Portugal".
Sim. A empresa Limite Zero opera aqui uma tirolesa transfronteiriça, considerada a primeira do mundo. Os participantes partem de Sanlúcar de Guadiana, na Espanha, e aterrissam do outro lado do rio Guadiana, em Alcoutim, Portugal, no topo de uma colina oposta. É, de fato, a única tirolesa que começa em um país e termina em outro. Os participantes simplesmente descem como turistas (passaporte em mãos, já que Portugal fica no exterior) e depois retornam de balsa. A emoção não está apenas na velocidade, mas na novidade de cruzar uma fronteira internacional no ar. Segundo relatos de viagem, a empresa cuida das formalidades de fronteira, para que os participantes possam desfrutar da emoção de forma legal e segura.
Além do exemplo entre Espanha e Portugal, tirolesas transfronteiriças são extremamente raras. Mesmo assim, a ideia despertou a imaginação de muitos. Entusiastas mencionam que é possível atravessar o Rio Grande de tirolesa em parques na fronteira entre o México e os EUA, e há até rumores de uma tirolesa planejada entre a Áustria e a Eslováquia (que nunca foi construída). Nenhuma se compara à fama da tirolesa ibérica, mas ela destaca um tema: travessias de fronteira criativas. Como resultado, "tirolesa" se tornou uma palavra da moda entre os turistas que visitam fronteiras.
Na prática, as tirolesas de fronteira levantam questões de segurança e legais (o que acontece se alguém perder um sapato no meio do percurso?). Em todos os casos conhecidos, os operadores verificam a identidade e os documentos de viagem com antecedência, e o percurso é curto (720 m em Portugal). Classificamos isso como "único" em vez de "comum" porque é uma atração curiosa, não uma opção de transporte viável. No futuro, quem sabe? Entregas por drones ou patins de longa distância poderão cruzar fronteiras, mas para os humanos, as tirolesas são o ápice atual das travessias fantasiosas.
Os cursos d'água frequentemente definem fronteiras – como o Danúbio, o Rio Grande ou o Mekong – e, às vezes, exigem balsas ou barcos para atravessá-los. Em algumas áreas remotas, os rios são a única ligação. Já falamos sobre a balsa de Kazungula, no Zambeze, que conectava as redes rodoviárias de quatro países. Exemplos semelhantes em todo o mundo incluem balsas que ligam a Coreia do Sul às ilhas do Japão, ou o barco sazonal entre Ceuta, no Marrocos, e a Espanha (travessia marítima entre a Europa e a África), ou a balsa para observação da vida selvagem que liga o Brasil à Guiana em Oiapoque-Vila, no Brasil.
Algumas fronteiras fluviais apresentam soluções criativas. Na fronteira entre os rios Oder e Neisse (Polônia e Alemanha), existem corredeiras e balsas onde não há pontes. A fronteira entre a Índia e Bangladesh possui travessias para barcos a remo e trilhas ao longo do rio Naf. Mesmo em áreas desenvolvidas, é possível cruzar fronteiras nacionais por meio de túneis rodoviários sob rios (como o Túnel do Canal da Mancha entre o Reino Unido e a França, embora não sobre a água).
As questões legais podem ser interessantes: muitas vezes, o direito internacional estabelece que a fronteira corre no meio do canal ou ao longo de uma das margens. Por exemplo, na tríplice fronteira Paraguai-Brasil-Argentina, as ilhas fluviais se deslocam com as cheias, alterando quem as reivindica. Nas Américas, é possível atravessar da Argentina para o Brasil de barco pelos rios Iguaçu ou Paraná. Os serviços de ferry fluvial europeus (por exemplo, no Reno, entre a Suíça e a Alemanha) exigem pouco mais do que um carimbo no passaporte. O ponto crucial: quando uma fronteira se encontra sobre a água, os países geralmente concordam com o uso de balsas, pontes ou postos de controle flutuantes em vez de muros intransponíveis. Em determinadas épocas do ano, alguns rios congelam, tornando-se temporariamente transitáveis por veículos (norte do Alasca/Canadá, ou entre a Suécia e a Finlândia no inverno).
Por fim, muitas nações são separadas por cadeias montanhosas com altas passagens como únicas ligações. Além do Everest e do Himalaia (veja Nathu La, Lipulekh, Khunjerab), outras passagens famosas incluem o Passo Khyber (Paquistão-Afeganistão), Khyber (controlado pelo Reino Unido durante um período) e altas passagens alpinas como o Mont Blanc (França-Itália) ou o Brenner (Áustria-Itália). Os Andes também têm muitas: além da estátua do Cristo Redentor, estradas como a dos Caracoles e a do Passo Jama atravessam o Chile e a Argentina no alto dos Andes.
Para os viajantes, atravessar uma fronteira montanhosa significa levar em consideração a altitude e as condições climáticas. Algumas passagens só abrem no verão (como o Karakoram ou o Himalaia) e exigem autorizações. Nos Alpes, a liberdade de circulação na Europa permite caminhar ou esquiar de um país para o outro sem formalidades, em trilhas compartilhadas. As passagens de alta altitude costumam ter paisagens dramáticas: geleiras, tempestades e mudanças climáticas abruptas. Mas também oferecem vistas únicas, como a de um vale de outra terra natal lá embaixo. Assim como as tirolesas, as fronteiras em altas montanhas evocam aventura. A necessidade de mapas, guias e atenção é imprescindível, já que algumas passagens possuem patrulhas ou campos minados (como as remotas montanhas entre a Turquia e a Armênia). Em todos os casos, a travessia a pé, com animais de carga ou veículos off-road nos lembra das antigas rotas comerciais e de peregrinação que outrora conectavam culturas através de abismos inimagináveis.
Visitar novas fronteiras exige os documentos de viagem habituais – passaportes, vistos e, por vezes, autorizações adicionais. No entanto, algumas fronteiras únicas têm regras especiais:
– Edifícios de uso duplo (Biblioteca Haskell, Casas Baarle): A entrada geralmente exige um documento de identidade local ou uma carteirinha de sócio. Por exemplo, canadenses precisam apenas de um cartão da biblioteca para entrar na Haskell vindos do Canadá.
– Passagens de alta altitude (Nathu La, Acampamento Base do Everest): Além do passaporte, são necessários vistos e autorizações locais. O Nepal exige autorizações de montanhismo ou trekking para o Everest, enquanto o Tibete exige uma "Autorização para o Tibete" e uma "Autorização para Estrangeiros". Para Nathu La (Índia-China), é necessário um Passe de Linha Interna indiano ou uma autorização de fronteira, além de documentos de entrada chineses. Normalmente, esses documentos devem ser providenciados com antecedência por meio de agências de viagens ou autoridades autorizadas.
– Parques e aldeias protegidasEnclaves ou zonas especiais (como o Passo de Lipulekh na Índia, as áreas fronteiriças drusas) às vezes exigem permissão militar ou policial. Os turistas devem se registrar, contratar guias ou participar de excursões oficiais.
– Espaço Schengen versus países não-SchengenPara atravessar as fronteiras internas da UE, não é necessário visto formal. No entanto, a travessia de um país do Espaço Schengen para um país vizinho que não faz parte do Espaço Schengen (por exemplo, Noruega/Suécia antes de 2001, ou agora devido ao Brexit e à Europa Oriental) exigirá o devido controle de passaportes.
Para se preparar, os viajantes devem pesquisar os acordos bilaterais. Algumas medidas úteis incluem: obter um passaporte com validade mínima de seis meses, verificar a disponibilidade de visto na chegada e consultar as regras específicas de travessia (principalmente se a entrada for por pontos incomuns). Em caso de dúvida, entre em contato com as embaixadas ou órgãos de turismo locais. Para travessias fluviais ou de balsa, consulte os horários das embarcações. Para travessias simbólicas (como a Tri-Mesa), não há formalidades além do acesso público. Sempre porte um documento de identidade, mesmo que não haja previsão de posto de controle.
As estações do ano podem determinar o sucesso ou o fracasso de uma aventura na fronteira. Aqui estão algumas dicas:
Dica de planejamento: Sempre verifique as condições locais nas fronteiras. Se for viajar para várias fronteiras em uma única viagem, escalone o roteiro – por exemplo, suba montanhas altas no verão e visite cachoeiras em áreas mais baixas no outono, quando há menos turistas. Fique de olho nas notícias locais para alertas meteorológicos ou tensões diplomáticas. A sazonalidade, mais do que qualquer outro fator, determina a acessibilidade de muitas fronteiras remotas ou em locais extremos.
Embora muitas fronteiras sejam locais turísticos inofensivos, algumas apresentam riscos reais. Aqui estão algumas considerações importantes:
Em resumo, o turismo fronteiriço exige precauções sensatas: planeje a documentação, utilize as rotas oficiais e mantenha-se informado sobre as condições locais. Ironicamente, muitas das fronteiras mais interessantes são as mais seguras – são locais estáveis visitados por viajantes. Mas as verdadeiramente instáveis (Saara Ocidental, Ilhas Curilas, etc.) muitas vezes não possuem infraestrutura turística.
As fronteiras evoluem com a política. Os atuais pontos de tensão sugerem possíveis novas linhas divisórias ou reunificações. Por exemplo, há negociações e propostas em andamento entre Marrocos e Espanha para formalizar sua fronteira marítima no Saara Ocidental. Na Ásia, a Índia e a China ainda discutem sua fronteira no Himalaia (embora perto de Nathu La a fronteira esteja definida, em outras áreas há muito tempo há disputas). A África possui pequenos trechos não definidos no Saara. As mudanças climáticas representam um desafio futuro: o derretimento do gelo polar pode abrir passagens (Passagem Noroeste), transformando águas antes remotas em novas fronteiras.
A tecnologia também está mudando as fronteiras. Os controles de passaporte estão sendo cada vez mais substituídos por portões biométricos na Europa, e projetos como o sistema de entrada/saída da UE estão em andamento. Em um nível extremo, surgem propostas para ideias ousadas: como mencionado, projetos de túneis ou pontes como a ligação de Gibraltar, ou infraestrutura turística de grande escala nas fronteiras (visionários chegaram a propor um Corredor Ártico para ligar continentes). Enquanto isso, movimentos como a independência da Catalunha ou da Escócia (se concretizados) redesenhariam as fronteiras internas.
Contudo, é provável que a maioria das fronteiras atuais persista. Poucas fronteiras soberanas estão passando por mudanças significativas hoje em dia. Muitos tratados bilaterais de fronteira foram firmados apenas recentemente (a partir da década de 1980). O fim da Guerra Fria e a dissolução da URSS e da Iugoslávia provocaram muitas redefinições de fronteiras, mas essa era já passou em grande parte. Olhando para o futuro, as tendências de integração (como a isenção de visto) podem tornar as fronteiras mais simbólicas. No entanto, como demonstra a geopolítica, a ideia de linhas divisórias permanece poderosa, portanto, deve-se acompanhar a diplomacia e as atualizações de tratados – embora com a compreensão de que mudanças drásticas são a exceção, não a regra.
A história já viu fronteiras surgirem e desaparecerem. Nas últimas décadas, novos países apareceram: a independência do Sudão do Sul em 2011 criou novas fronteiras com o Sudão e Uganda. Por outro lado, outras fronteiras se dissolveram: dentro da União Europeia, muitas fronteiras internas (como entre Alemanha Oriental e Ocidental ou entre Áustria e Hungria) tornaram-se irrelevantes. O Espaço Schengen, na Europa, eliminou efetivamente os controles de passaporte em dezenas de fronteiras, mesmo que as linhas ainda constem nos mapas.
Olhando para o futuro, alguns teóricos preveem fronteiras ainda mais fluidas com a globalização. Alguns sugerem que as linhas nacionais podem se confundir à medida que zonas de comércio ou cidades-estado crescem. No entanto, existem tendências contrárias: controles mais rígidos sobre a migração, vigilância por satélite e nacionalismo podem reforçar as fronteiras. No turismo fronteiriço, já vemos uma mistura: muros divisórios históricos (a Grande Muralha da China, a Muralha de Adriano) agora atraem visitantes sem conflitos; novas barreiras (como cercas ao longo de trechos da fronteira entre a Índia e o Paquistão) afastam os visitantes.
Em última análise, as fronteiras são tão permanentes quanto a política e a geografia o permitem. Áreas com populações ou grupos étnicos instáveis podem ser alvo de referendos ou arbitragem no futuro (por exemplo, a disputa pelas Ilhas Curilas entre a Rússia e o Japão). Mas a maioria das principais fronteiras terrestres do mundo permanece estável há décadas. Em suma, qualquer desaparecimento ou criação de fronteiras provavelmente ocorrerá por meio da diplomacia ou de plebiscitos, e não por mudanças repentinas. Portanto, os viajantes devem esperar encontrar as mesmas fronteiras num futuro próximo – mesmo que a facilidade com que as cruzamos possa mudar com a tecnologia e as políticas públicas.
Qual é a fronteira terrestre mais curta do mundo?
O recorde pertence ao Peñón de Vélez de la Gomera, na Espanha (ao largo da costa perto de Marrocos). Esta pequena rocha, pertencente à Espanha, está ligada ao continente marroquino por um istmo de apenas cerca de 85 metros de comprimento. Em 1934, um terremoto transformou um canal marítimo em terra firme, criando essa minúscula faixa de terra. Nenhuma fronteira na Terra é mais curta.
Quais países compartilham a fronteira mais longa?
Os Estados Unidos e o Canadá compartilham a fronteira internacional mais longa, com cerca de 8.891 quilômetros. Ela se estende do Atlântico ao Pacífico, atravessando florestas e oceanos. Durante muitos anos, foi considerada "indefesa", já que nenhum dos países mantém tropas estacionadas ao longo dela. Em contraste, a segunda fronteira mais longa é a Rússia-Cazaquistão, com aproximadamente 7.600 km.
Existe mesmo um lugar onde quatro países se encontram?
Na África Austral, a cidade de Kazungula, na Zâmbia, é famosa por isso. O rio Zambeze faz fronteira com quatro países: Zâmbia, Zimbábue, Botsuana e Namíbia. Na prática, a Namíbia e o Zimbábue não se tocam; duas pontes estreitas ligam os quatro países. No entanto, em Kazungula, as fronteiras convergem quase completamente. Uma nova ponte liga diretamente a Zâmbia e Botsuana neste ponto. Num sentido simbólico, quatro nações se encontram aqui, mesmo que um par esteja separado apenas por canais fluviais.
Você consegue estar em três países ao mesmo tempo?
Sim. Existem marcos tríplices onde três fronteiras se encontram. Um exemplo é o Monte Roraima, na América do Sul, onde convergem os picos da Venezuela, do Brasil e da Guiana. Outro exemplo é a junção entre Eslováquia, Áustria e Hungria, com sua famosa mesa de piquenique triangular no Parque Szoborpark. Na Europa, um marco de pedras no Ponto das Três Fronteiras, ao norte, permite que se esteja simultaneamente na Noruega, na Suécia e na Finlândia. Esses locais permitem que os aventureiros reivindiquem um pé em cada um dos três países apenas por estarem sobre o marco.
Qual é a fronteira mais difícil de atravessar?
O termo “difícil” pode ter diferentes significados. Militarmente, a Zona Desmilitarizada Coreana é a mais difícil e perigosa – apenas excursões especiais permitem a travessia. Fisicamente, algumas fronteiras montanhosas ou na selva são extremamente desafiadoras: por exemplo, o traiçoeiro Darién, na fronteira Panamá-Colômbia, não possui estrada e muitas vezes é intransitável a pé. Politicamente, locais como a linha divisória entre Índia e Paquistão na Caxemira são altamente restritos. Em termos práticos para turistas, as fronteiras mais difíceis são aquelas fechadas a civis (como a fronteira com a Coreia do Norte) ou aquelas que exigem extensas formalidades (como a travessia do Nepal para o Tibete).
As fronteiras são linhas nos mapas, mas ganham vida através da cultura, da natureza e do esforço humano. Do cume do Monte Everest a uma pequena rocha espanhola em Marrocos, cada fronteira tem uma história. Algumas são traçadas por geleiras e rios; outras por tratados e seus ecos. Vimos como a geografia (cachoeiras, montanhas, luzes) e a história (guerras, arte, política) se combinam para tornar certas fronteiras singularmente fascinantes.
Os viajantes frequentemente descobrem que até mesmo uma cerca ou um posto de controle pode suscitar questões mais profundas: Por que este muro está aqui? Quem o atravessa e como o cotidiano se desenrola nessa fronteira? Grande parte do interesse atual reside na combinação de liberdade e restrição – a oportunidade de cruzar uma fronteira internacional e, ao mesmo tempo, sentir-se em um mundo à parte de cada lado. As fronteiras descritas acima servem como salas de aula vivas. Elas nos lembram que as sociedades humanas traçam linhas, mas também constroem pontes: de comércio, de compreensão e de amizade.
Em última análise, explorar fronteiras pode ser tanto uma questão de introspecção quanto de introspecção. Isso nos leva a refletir sobre identidade nacional, meio ambiente e nosso lugar na Terra. Com o crescimento do turismo fronteiriço, podemos esperar uma cooperação contínua entre as nações, para que os visitantes curiosos possam desfrutar com segurança dessas fronteiras da civilização. Seja contemplando uma cachoeira que se estende por dois países, percorrendo o corredor de uma biblioteca em dois continentes ou compartilhando uma mesa de piquenique com pessoas de três nações diferentes, descobrimos que as fronteiras, apesar de toda a sua imponência, muitas vezes convidam à conexão. Nesse espírito, que este guia sirva como um companheiro útil para o explorador de poltrona ou o viajante aventureiro, inspirando jornadas não apenas através de fronteiras, mas também pelas histórias que as moldaram.
Descubra as vibrantes cenas da vida noturna das cidades mais fascinantes da Europa e viaje para destinos memoráveis! Da beleza vibrante de Londres à energia emocionante…
A Grécia é um destino popular para aqueles que buscam férias de praia mais liberadas, graças à sua abundância de tesouros costeiros e locais históricos mundialmente famosos, fascinantes…
Lisboa é uma cidade no litoral português que combina com maestria ideias modernas com o charme do velho mundo. Lisboa é um centro mundial da arte de rua, embora…
A França é reconhecida por seu significativo patrimônio cultural, culinária excepcional e paisagens deslumbrantes, tornando-se o país mais visitado do mundo. De ver o passado…
Examinando sua importância histórica, impacto cultural e apelo irresistível, o artigo explora os locais espirituais mais reverenciados ao redor do mundo. De edifícios antigos a incríveis…